A Vale começará a utilizar um novo inibidor de poeira à base de plástico PET nas operações da Unidade de Tubarão, em Vitória. O inibidor funciona como uma película que evita que as partículas de poeira se espalhem.
Para realizar a produção, garrafas PET são trituradas e passam pelo processo de micronização, se transformando em pó. Em seguida, produtos químicos são despejados no material.
Atualmente, o inibidor utilizado pela Vale tem princípio ativo parecido, mas é feito de celulose.
“Aplicamos esse supressor, ele é aplicado em cima das películas de minério, para evitar que o vento faça a poeira andar. Essa já é uma prática que estamos aplicando hoje. Vamos substituir este que é à base de celulose, para a base de pet”, relatou Rodrigo Ruggiero, diretor de Pelotização da Vale.
O inibidor foi uma colaboração da Vale e da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), e foi desenvolvido por 10 anos, com os projetos iniciados em 2013 pelo professor Eloi Alves da Silva Filho, do Departamento de Química da Ufes, e pela geóloga aposentada Renata Frank.
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De acordo com o professor, a intenção do produto é substituir o inibidor utilizado atualmente pela Vale, feito de celulose, por medidas ambientais, uma vez que o PET tratado se torna biodegradável rapidamente.
“O PET leva de 200 a 600 anos para ser biodegradável na natureza, a nossa resina é 13 dias”.
Segundo a geóloga Renata Frank, a medida tem potencial transformador e ecológico enorme.
“Estamos com temperaturas diferentes, com ambientes térmicos diferentes, com chuva, sol e tudo para dar certo. O mais importante disso tudo é a amplitude que isso tudo pode ter. Há um consumo muito grande de pet, que nenhum outro tipo de reciclagem consegue. Por ser uma reciclagem química, você consegue tirar todos os problemas do pet, transformar ele”, afirmou.
PETs serão compradas de catadores
Para produzir o material, o plástico PET será comprado de catadores e associações especializadas em recolhimento de recicláveis na Grande Vitória. A princípio, a estimativa é adquirir 14 toneladas de plástico.
Segundo Lúcio Heleno Barbosa dos Santos, presidente da Rede de Economia Solidária dos Catadores Unidos do Espírito Santo (REUNES), a medida pode aumentar em até 40% a renda dos catadores.
A medida pretende tirar pelo menos 2 milhões de garrafas PET do meio ambiente até o ano de 2026. Ao todo, serão investidos R$ 30 milhões no projeto nos próximos 10 anos.
O novo inibidor não deve aumentar ou diminuir a emissão de pó preto, de acordo com a Vale. A intenção do material é fazer com que o pó se espalhe menos pela região metropolitana.
Para quem lida com o problema, a dor de cabeça pode ser diária, como relata o consultor de segurança do trabalho Aloísio Roberto da Silva, morador de Jardim Camburi.
“Isso é uma constante para um morador de Jardim Camburi, ter poeira dentro da sua casa. Um pó preto que não sabemos identificar de onde vem”.
Para o militar reformado, Ricardo Antônio Bergman, também morador de Jardim Camburi, ter contato constante com o pó pode colaborar com o desenvolvimento de problemas de saúde.
A produção deve começar ainda em 2023 e, a partir de 2024, o líquido químico utilizado na fabricação deverá ser feito em Cariacica.
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*Com informações do repórter Lucas Pisa, da TV Vitória/Record TV