É com criatividade que o presidente do Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes), Luiz Paulo Vellozo Lucas, pretende enfrentar a crise econômica pela qual passa o país. Ele assumiu o comando do banco na última semana, depois de quase dois meses do convite que recebeu do governador Paulo Hartung.
Segundo Luiz Paulo, para contornar o problema, é necessário trabalhar o desenvolvimento formando uma rede em que governo e iniciativa privada estejam trabalhando de forma unida. “Desenvolvimento se busca em rede tanto dentro do governo como junto da iniciativa privada”, assinalou o presidente do Bandes.
Folha Vitória – Como é assumir um banco de desenvolvimento em meio a uma crise econômica?
Luiz Paulo – Tem uma primeira questão que é reconhecer e falar a verdade sobre a crise econômica e política que atinge o país. Problemas no câmbio e no PIB decorrem de erros na política econômica do governo. Trabalhar pelo desenvolvimento nessa conjuntura é remar contra a maré. Mas nesse momento de crise pode ser a oportunidade de empreender mudanças, reduzir custos, simplificar ações, facilitar a vida do empreendedor.
FV – Quais seriam essas oportunidades?
LP – Precisamos observar a agenda ambiental, os ativos ambientais. Mas, com o câmbio do dólar como está, também é possível ver oportunidade nas exportações, observar os mercados que não estão em crise. Trabalhar a economia criativa.
FV – Já existem projetos que terão atenção do Bandes?
LP – Ainda é muito cedo para estabelecer os projetos que receberão incentivo. Primeiro precisamos fazer um diagnóstico, depois traçar estratégia para definir qual é o posicionamento do Bandes. A partir daí, traçar ações e estabelecer políticas operacionais.
FV – Quais são os desafios a serem enfrentados pelo banco?
LP – Tivemos a mudança na lei do petróleo, o pacote do setor elétrico, ajuste fiscal. Isso só para citar só os que têm sido bem divulgados.
FV – Acredita que exista algo a ser esclarecido quanto o assunto é desenvolvimento?
LP – É preciso derrubar alguns mitos. O primeiro é o de que o desenvolvimento depende de um cardápio de benesses, precisa de desfrutar de subsídios. Essa é uma agenda falida que não alavanca desenvolvimento. Essa política de facilidades não vai nos levar a lugar algum. Outro mito da crise é a ideia de que vamos a Brasília buscar dinheiro. Devemos deixar de lado essa coisa subalterna que nós temos. Devemos, sim, assumir uma postura proativa. É aquela história de “sou amigo do rei”, mas o rei agora está quebrado.
FV – Como ficará o NossoCrédito com essa crise econômica?
LP – O NossoCrédito é uma linha de crédito que é operada conjuntamente com o Banestes. Será feito um trabalho de forma articulada para obtermos soluções viáveis. Desenvolvimento se busca em rede. E é trabalhado também com o Sebrae e a Findes. É o banco atuando junto ao governo do Estado e também aliado ao setor privado.