Há uma certa noção, compartilhada por quem já passou de uma certa idade, que o tempo parece passar cada vez mais rápido. Dizem que depois dos 18 anos, os segundos começam a se esvair a conta gotas.
É geralmente também a partir desta idade, que um dos mais temidos confrontos, contra si mesmo, costuma acontecer: mas afinal, o que eu realmente quero fazer da minha vida?
Há quem decida pela segurança, o conforto que só existe debaixo das asas dos pais. Também existe quem escolha viajar, se encontrar, procurar algum significado que não necessariamente tenha relação com uma carteira de trabalho assinada.
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Também há neste enorme mundo, quem decida criar algo do zero, erguer uma história do chão. A isso, no Brasil, dá-se o nome de empreender, andar com as próprias pernas.
Mas como conciliar a rotina de construção e manutenção de um negócio, quando de repente você se enxerga com o ninho cheio? É possível conciliar a maternidade com um empreendimento?
Carolina Neves, criadora e designer da grife de joias capixaba que leva seu próprio nome deixa claro:
“É difícil para caramba. Os principais desafios é conseguir equilibrar os pratos e administrar o tempo. Acho que é isso”, revela.
Apesar disso, não há desafio forte o bastante capaz de esmorecer alguém obstinado. Já dizia algum sábio em uma porta de um boteco qualquer: o mundo é dos corajosos.
Para Carolina, a decisão de empreender veio muito cedo, ela acredita, inclusive, que este caminho não é uma ideia, e sim que algumas pessoas já nascem com essa vocação.
“Acho que a gente não decide empreender de fato, acho que as coisas acontecem. Você nasce empreendedor, sabe? De forma instintiva você começa a empreender. óbvio que às vezes as pessoas decidem tomar esse rumo na vida, mas eu acho que em sua grande maioria você nasce empreendedor, e no meu caso eu nasci empreendedora”, relatou.
O segredo para este sucesso, talvez, esteja escrito em veias, no sangue vermelho e quente herdado dos avós italianos e libaneses, que deram à empresária o dom natural de procurar uma conexão com as pessoas.
Rede de apoio é fundamental
Carolina é mãe de três meninos: os gêmeos Ben e Martin e o caçula Tito. Apaixonada pelos pequenos, ela revela que o desejo de tocar o próprio negócio, no entanto, veio antes dos garotos.
Apesar de dar conta de muita coisa, ninguém é capaz de segurar a onda de tudo sozinho, ao mesmo tempo.
Para isso, a empresária conta com ajuda da família na hora de cuidar dos filhos e dos negócios.
“Eu acho que a rede de apoio é essencial, ainda mais quando você tem filhos. Eu tenho uma rede de apoio paga, mas uma rede de apoio familiar muito incrível também, dos dois lados e graças a Deus eu consigo dar conta por conta disso. Existe uma carga muito grande, porque eu costumo dizer que um papel só não me faz feliz”, relatou.
Mas além do retorno financeiro, resta a pergunta: por que então empreender? Há um desejo maior pela construção de algo mais significativo? A resposta é bem simples, de acordo com a empresária.
“O que é mais gratificante em ser uma mãe empreendedora é poder construir pros meus filhos. Eu construo, trabalho e produzo por eles e pra eles”, afirmou.
Uma construção sólida erguida há 40 anos
Apesar da maioridade trazer seus dilemas, há quem busque sua independência antes que a carteira de identidade marque os números 1 e 8, como Cecília Zon, CEO da Invite Inc, empresa de incorporação voltada para o mercado imobiliário de médio alto e alto padrão, em Vitória.
A trajetória da empresária teve início aos 17 anos, bem antes das filhas pintarem na ideia, quanto mais na barriga.
Ela, que foi mãe aos 28, conta que a estrutura sólida da família se estende já por quatro décadas.
“Eu comecei a namorar meu marido que é 5 anos mais velho quando eu tinha 15 anos, Quando ele se formou em engenharia e eu ainda estudava arquitetura resolvemos começar a construir nosso primeiro empreendimento em um terreno de minha mãe em Jardim da Penha, e isso foi o começo de uma história que já dura mais de 40 anos no mercado imobiliário. Nada foi planejado mas o desejo de empreender e a paixão pela arquitetura, acabou nos impulsionando”, contou.
Aliás, a participação da família é algo constante na rotina de trabalho da empreendedora. Mais do que isso, as próprias filhas decidiram seguir seus passos na arquitetura.
A participação das jovens começou de forma tímida, ainda crianças, mas logo ganhou cada vez mais espaço no dia a dia empresarial.
“Para mim foi algo que aconteceu naturalmente e minhas filhas sempre participaram de alguma forma do meu trabalho. No início enquanto eram pequenas, a participação era menor mas na medida que cresceram elas também se envolveram nas empresas, pois as duas são arquitetas e hoje fazem parte das nossas empresas, dividindo a mesma paixão e trazendo uma nova visão para os nossos negócios”, disse.
Sonhos são metas possíveis
Mas o que afinal difere uma mãe empreendedora das outras? Há uma cobrança maior? Alguns aniversários ou natais passados no escritório e longe dos filhos? Como lidar com uma agenda atarefada que pode te separar de momentos em família?
A empresária garante que as demandas são as mesmas para toda mãe, empreendedora ou não: os filhos precisam de atenção, amor, cuidados e isso independe da profissão.
Para isso, assim como no caso de Carolina, é preciso ter uma família estruturada, com pessoas que ajudem a carregar os obstáculos e desafios do dia a dia.
“Eu não tenho dúvidas que não é simples conciliar, mas acho possível quando contamos também com um companheiro que divide as funções e nos apoia. Sempre dividi com meu marido as rotinas então isso me ajudou bastante. Além disso quando o trabalho para mim nunca foi um peso, pois sou muito realizada na minha profissão”, afirmou.
Para Cecília, ser mãe empreendedora se define em uma palavra: amor, que segundo ela transborda, difícil de colocar em palavras. Ainda mais agora que é chamada de vovó por duas netinhas.
E ela garante, os filhos são bênçãos e os netos são magia, encantamento. Nada mal para uma família forjada há 40 anos.
Para quem deseja empreender, o conselho da empresária é um só: sonhe alto, é possível conciliar carreira e profissão.
“Eu diria que é possível realizar os seus sonhos e ao mesmo tempo constituir uma linda família, fazendo com amor e dedicação”, finalizou.
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