Economia

Mais de 1,2 mil aposentados caíram no golpe do empréstimo consignado neste ano no ES

Dados são do Procon Estadual, que registrou um aumento desse tipo de reclamação durante a pandemia

Foto: TV Vitória

Durante a pandemia da covid-19, tem aumentado a ocorrência do chamado golpe do empréstimo consignado não autorizado, que atinge especialmente aposentados e pensionistas. Somente o Procon do Espírito Santo registrou neste ano, 1,2 mil reclamações de pessoas que afirmam ter sido vítimas dessa prática.

Uma das vítimas foi a aposentada Maria Madalena Stein de Castro, que afirma ter caído no golpe três vezes no ano passado. Ela conta que conseguiu suspender um dos empréstimos e que os outros dois estão bloqueados pela justiça. Disse ainda que teve de correr para não ficar no prejuízo.

“Em agosto eu consegui depois de muita luta. A gente liga para lá e se aborrece muito. E depois eu saí no meio da pandemia, fui na minha agência e devolvi o valor”, relatou.

Em abril deste ano, por pouco ela não foi vítima novamente. “Nesse empréstimo, eu entrei na página do Meu INSS e achei esse empréstimo de R$ 3 mil, que eu não havia solicitado. Então eu consegui falar com o banco — é muito difícil, mas eu consegui falar — e pedi que eles cancelassem esse empréstimo antes que ele fosse depositado na minha conta”, disse.

Caso não conseguisse evitar a operação, receberia um empréstimo de R$ 3 mil, que não pediu, para pagar em 84 vezes de R$ 71,97. Com os juros, o banco embolsaria o dobro do empréstimo, ou seja pouco mais de R$ 6 mil.

“Eu não sabia de um recurso, que seria bloquear o benefício para empréstimo. Então agora meu benefício está bloqueado para empréstimo e eles não conseguem mais fazer isso. Eles ligam todos os dias, muitas vezes por dia”, reclamou.

O diretor do Procon-ES, Rogério Athayde, aconselha que os aposentados confiram sempre os contracheques para identificar qualquer irregularidade.

“A gente pede aos aposentados e pensionistas que tenham o hábito de mensalmente puxar o seu extrato, para verificar se tem alguma coisa a mais, que ele não tenha conhecimento. Então eles recebem um dinheiro a mais na conta, eles não sabem nem desse dinheiro que bateu na conta deles, e começa descontando mês a mês, e quando eles veem, o juros é absurdo. Para se ter uma ideia, eles colocam classicamente R$ 3,5 mil na conta do consumidor e o consumidor paga duas, três vezes a mais”

O órgão, junto com o Ministério Público Estadual (MPES), Defensoria Pública e a Ordem dos Advogados do Brasil no Espírito Santo (OAB-ES), tem trabalhado no combate a esse tipo de crime, e recebido várias denúncias.

“Se no seu município tem o Procon, procure o Procon municipal, procure o Procon estadual. Nós estamos na avenida Jerônimo Monteiro, no antigo prédio do Sebrae, agora numa nova sede. E também temos um canal de WhatsApp para tirar as dúvidas desses consumidores, que é o 27 3323-6237”

Foi o que fez uma aposentada que prefere não ser identificada. Ela conta que entrou em contato com o Procon depois de receber três empréstimos não solicitados, que somam mais de R$ 14 mil, todos em abril deste ano.

“Levei um choque muito grande. Foi um desfalque de quase R$ 600 no meu benefício. E agora estou procurando solucionar e estou encontrando muita dificuldade e perdendo muito tempo. Continua descontando há seis meses”, afirmou.

Ela disse ainda que está com audiências marcadas no Procon para o final deste mês e o início de setembro, para resolver a situação.

“Tem audiência de conciliação, para me devolverem, e os danos morais também, por causa dos danos que a gente sofre, principalmente psicológico. Fiquei muito depressiva com isso. Trabalhei desde os 14 anos para ter tranquilidade na vida de idoso e, chega nesse ponto, a gente se depara com essa situação”, lamentou.

As duas aposentadas receberam empréstimos indevidos de quatro instituições financeiras. A produção da TV Vitória/Record TV tentou, mas não conseguiu o contato de três delas. A outra não enviou resposta até a noite desta quinta-feira.

O Banco Central orientou que, em caso de empréstimo não reconhecido, o cidadão deve entrar em contato com a instituição e solicitar o imediato cancelamento.

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* Com informações do repórter Álvaro Zanotti, da TV Vitória/Record TV