As posições no mercado de trabalho atual ainda não estão em paridade. Dados do IBGE mostram que as mulheres ainda são minoria quando o assunto é empreendedorismo: 33,36% contra 66,64% homens. Entretanto, no Espírito Santo, elas estão quebrando barreiras do machismo e se realizando profissionalmente.
Dados divulgados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD-C) relativos ao 4º trimestre de 2022 revelam que dentro desse universo de 194.639 empreendedoras, 86,58% atuam por conta própria (cerca de 168.512).
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Um dos exemplos de mulher empreendedora, é a empresária Fabiani Reinholz, de 33 anos, dona da Reinholz Chocolates, localizada no município de Colatina, na região Noroeste do Espírito Santo.
Engenheira civil de formação, após sair de Colatina para estudar, ela precisou retornar para a propriedade dos pais para ajudar a família após a doença de Parkinson do pai. “Tinha o desafio de encontrar uma forma de aumentar a renda da família. A partir da pequena plantação de cacau, com 400 pés, que tive a ideia das amêndoas especiais”, explica Fabiani.
Após um curso em São Paulo, a empresária se apaixonou pelo chocolate. Diante disso, voltou para Colatina e se comprometeu a explorar o novo negócio.
“No ano de 2019, após 2 anos, abrimos a marca, queria que estivesse bem estruturado. Entretanto, a pandemia veio sem muitos resultados, mas fomos tocando o negócio. A saída foi assumir mais uma função: as vendas”, destaca a empresária.
Com a situação, a empresária conseguiu novos clientes e investiu na abertura do sítio da família para o agroturismo.
“Começamos a receber muitos clientes, turistas, as pessoas. Tivemos que ir ampliando o espaço devido a grande demanda de pessoas que gostaram do local. Atualmente, os clientes conseguem ter acesso à toda a experiência do chocolate”, explicou.
Com todo o reconhecimento no mercado, o Espírito Santo, no ano de 2022, a empresária foi vencedora do prêmio Sebrae – Mulheres de Negócios, da região Sudeste.
“O empreendedorismo mudou a minha vida”
A empresária Gabriela Maioli, de 25 anos, que é dona da Violeta Loja e ficou em 1º lugar na categoria Microempreendedora Individual (MEI) do Prêmio Sebrae Mulher de Negócios.
Em entrevista ao Folha Vitória, a empreendedora explicou que a loja começou as suas primeiras vendas no mês de junho em 2020 pelo Instagram. “Comecei a ter as ideias e enviar para a minha costureira. Minha mãe também me ajudava e a loja foi crescendo cada vez mais. Depois de sete meses, abri a loja física”, explica a jovem.
Mesmo com grandes conquistas, Gabriela explica que, ao chegar em locais para palestras, ainda há pessoas que duvidam da capacidade e questionam a posição da jovem no mercado de trabalho.
“Algumas pessoas não acreditam, questionam a minha capacidade. O empreendedorismo mudou a minha vida financeira, ela é essencial para a mulher tomar às próprias atitudes. É importante que a gente queira evoluir, não apenas empreendendo, mas dando o melhor sempre”, ressaltou.
Doçura nos doces com sabor de sucesso
Com uma loja de donuts de sucesso localizada no bairro de Laranjeiras, na Serra, a empresária Jhenyfer Dias Monteit, de 38 anos, proprietária da Jheny Donuts, vem se destacando no ambiente empresarial.
A confeiteira trabalhava em uma multinacional, entretanto, pediu demissão para cuidar dos filhos. Em casa, viu a oportunidade de começar um negócio.
“Precisei parar de trabalhar para cuidar da minha filha mais velha, tive um segundo filho e na pandemia veio o terceiro. Com isso, senti a vontade de ter uma renda extra, orei muito para Deus e ele abriu os meus caminhos”, explica.
Jhenyfer explica que, começou a fazer os donuts por conta própria. Após a ideia, a confeiteira realizou cursos por meio do programa “Cidade Qualificar”, melhorou a receita. “Fui aperfeiçoando cada vez mais, fiquei um ano no delivery e depois montamos a loja, localizada em Laranjeiras”, destacou.
Mesmo com o sucesso nas vendas, Jheny explica que não é uma tarefa fácil ser uma mulher dona de negócios.
“Tive uma recepção muito boa, mas sei bem o quanto é difícil a parte de conciliar a maternidade, com a empresa. Entretanto, sou muito sortuda pois sempre tive apoio do meu esposo e financiamento com a Aderes (Agência de Desenvolvimento das Micro e Pequenas Empresas e do Empreendedorismo)”, descreve Jheny.
Com todo o carinho recebido até o momento, a empresária ressalta que está otimista e sonhadora com o futuro dos negócios. “Estou com quatro funcionárias, assinamos a carteira, pensamos em expansão e acreditamos muito no mercado capixaba”, disse.
“Mulheres estão se sobressaindo nos negócios”
Em entrevista ao Folha Vitória, a economista Melissa Modeneze destaca que as mulheres vêm se sobressaindo principalmente como microempreendedoras individuais.
“As mulheres, que por muito tempo estiveram de canto, estão sendo ativadas e incentivadas a abrir um MEI ou um CNPJ. Estamos em um processo evolutivo, mas ao mesmo tempo, temos que trabalhar o espaço de cada um. Não é a mulher ou o homem que é melhor, independente de gênero, eles se sobressaem com as particularidade e qualidades”, explica a economista.
Entretanto, mesmo com a grande posição, elas ainda encontram grandes desafios ao longo dos trajetos a obtenção do sucesso no negócio. Infelizmente, até os dias atuais, os principais desafios acontecem à respeito da competência.
“O modo como elas muitas vezes são expostas de modo diferente no mercado acaba gerando preconceito, mas as barreiras estão sendo quebradas”, destacou a economista.
Mulheres contam com serviço de apoio
Para comemorar o Dia Internacional da Mulher, que acontece nesta quarta-feira (8), o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Espírito Santo (Sebrae-ES) está com uma programação especial composta de seis palestras voltadas para o público feminino.
Segundo a analista do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Espírito Santo (Sebrae/ES), Andrea Gama, os encontros serão realizados nas cidades de Vitória, Colatina, Linhares, Cariacica, João Neiva e Rio Bananal. Todos esses eventos são gratuitos.
“Neste mês, nós reforçamos a importância da presença das mulheres nos negócios, reconhecendo sua força e oferecendo oportunidades para que mais empresárias conquistem seu espaço”, destaca.
Além disso, ela explica que, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD-C), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estática (IBGE), as empreendedoras buscam por formação qualificada, com 30% delas com ensino superior completo ou incompleto, sendo ainda chefes de família.
“Com quase 47% sendo a principal fonte de renda em suas residências. Além disso, 54% delas estão na faixa etária entre 25 e 44 anos, com 56% negras”, destacou.
Andrea também ressalta que os números reforçam que essas mulheres buscam por mais formação e estudo, e quando empreendem, sempre estão se aperfeiçoando. “Elas querem conhecimento exatamente para melhorar a renda da família”, destaca.
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