Artigo Ibef-ES

Neurodivergência e mercado de trabalho

Quantas pessoas neurodivergentes encontramos em ambientes corporativos? As empresas estão preparadas para recebê-las?

Funcionários de empresa
Funcionários de empresa. Foto: Freepik

*Artigo escrito por Juliana Frasson, empreendedora, consultora empresarial, mentora profissional e membro do Comitê Qualificado de Conteúdo de Empreendedorismo e Gestão de 2024 do Ibef-ES.

Transtorno de Espectro do Autismo (TEA), Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), Dislexia e Síndrome de Tourette. O que esses termos têm em comum? Todos são termos que identificam condições que pessoas neurodivergentes podem possuir.

Quantas pessoas que fazem parte deste grupo encontramos em ambientes corporativos? O que fazer para garantir que as empresas estejam devidamente preparadas para receber essas pessoas?

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Pesquisa sobre ambiente de trabalho

A pesquisa “Neurodiversidade no Mercado de Trabalho”, realizada pela Consultoria Maya, em parceria com a Universidade Corporativa Korú, e apoio da startup Tismoo.me e do Órbi Conecta (2024), mostrou que quase metade dos profissionais entrevistados nunca trabalhou com pessoas neurodiversas.

Outro dado igualmente alarmante aponta que 86,4% dos participantes da pesquisa nunca receberam nenhum tipo de treinamento relacionado ao tema nas empresas.

O levantamento feito ouviu 12 mil pessoas e nos convida a refletir sobre quanto o mercado parece estar despreparado para lidar com todos os tipos de diferença.

Desmistificação de pessoas atípicas no trabalho

Com essa análise, percebemos a necessidade de desmistificar a presença de pessoas atípicas no ambiente de trabalho.

Com o aumento expressivo registrado nos últimos anos de diagnósticos, tanto na primeira infância, quanto na vida adulta, preparar o ambiente e as pessoas neurotípicas torna-se questão de saúde do negócio, bem como uma responsabilidade social.

Muitas podem ser as práticas adotadas pelas empresas para viabilizar essa preparação. Comitês de neurodiversidade, adequação estrutural dos espaços, mentorias para os profissionais neurodiversos e treinamentos para os neurotípicos são algumas das principais iniciativas.

Entender que essas condições não impedem as pessoas de realizarem atividades profissionais já é um começo, porém, o caminho precisa continuar a ser trilhado.

Não apenas por uma questão de responsabilidade social, a pesquisa promovida pela Consultoria Maya reforça que a neurodiversidade no ambiente corporativo poderá fortalecer a cultura da empresa e da equipe, aumentar o comprometimento e a satisfação dos trabalhadores, encorajar criatividade, inovação e especialmente criar um ambiente de aprendizado.

Nesse sentido, quando a pessoa é convidada a entender e aprender outras formas de interagir, produzir, conduzir reuniões e lidar com questões comportamentais distintas, um ambiente mais empático começa a se formar.

E a empatia é um ingrediente fundamental para que locais onde várias pessoas se encontram aglomeradas e trabalhando em prol de um propósito comum sejam bem-sucedidas em seus resultados.

Além disso, profissionais neurodiversos podem ser altamente qualificados em suas áreas de atuação. Encontrar maneiras apropriadas de interagir com estas pessoas pode trazer pontos de vista singulares, que viabilizarão maneiras únicas de resolver problemas ou administrar conflitos.

Essa pluralidade é extremamente saudável para um ambiente de trabalho. Investir em adequações para incluir profissionais atípicos nas empresas pode trazer também uma reputação aprimorada e uma imagem favorável ao público.

Por fim, entender que cada indivíduo tem um perfil único de habilidades cognitivas, emocionais e comportamentais e que elas podem ser influenciadas por fatores genéticos, ambientais e culturais é perceber o privilégio de sermos únicos e o quanto podemos aprender com isso.

Este texto expressa a opinião do autor e não traduz, necessariamente, a opinião do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Espírito Santo.