Economia

Mercado imobiliário capixaba deve acelerar crescimento em 2020

De acordo com o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Espírito Santo (Sinduscon-ES) , Paulo Baraona, o ano será de recuperação

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Após cinco anos de crise, o ano de 2020 será de fortalecimento do setor e retomada de crescimento para o mercado imobiliário no Espírito Santo. É o que apontam os especialistas consultados pelo jornal online Folha Vitória.

O aquecimento do mercado, já observado no segundo semestre de 2019, é motivado pela queda histórica da taxa Selic, que deve permanecer em 4,5% ao ano, e por condições de financiamento ainda melhores para o consumidor. 

De acordo com os Indicadores Imobiliários Nacionais, levantados pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), as vendas contabilizadas no segundo trimestre de 2019 apresentaram um aumento de 16% em relação ao mesmo período no ano anterior. 

Para o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Espírito Santo (Sinduscon-ES) , Paulo Baraona, o ano de 2020 será de recuperação . “Devemos aumentar os lançamentos de empreendimentos e criar milhares de empregos, entre diretos e indiretos. Nos últimos dois anos, percebemos uma melhora no setor, com a diminuição dos estoques e maior investimento da construção civil, construtoras,  incorporadoras e obras públicas ou industriais”.

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Paulo Baraona, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Espírito Santo 

MAIOR CONFIANÇA 

Baraona ainda ressalta que essa melhora no número de novos empreendimentos, e vendas, é motivada pelo fortalecimento da economia brasileira, assim como no aumento da confiança do consumidor. “O imóvel é um produto de valor agregado. E, sem confiança, não há venda. Dessa forma, é preponderante que o comprador confie na economia do país, na empregabilidade e no mercado financeiro. Com isso, poderá investir sem medo de perdas futuras”.

Nesta terça-feira (28), a Fundação Getulio Vargas (FGV) informou que o Índice de Confiança da Construção (ICST) subiu 2,1 pontos em janeiro, chegando a 94,2 pontos. Essa é a quarta alta consecutiva do indicador, que atingiu o maior nível desde maio de 2014, quando marcava 94,6 pontos. Já o Índice de Expectativas (IE-CST) alcançou 104,2 pontos, maior valor desde setembro de 2012 (104,5). Outro ponto favorável é o aumento de 1,3% no PIB da construção civil, marcando o segundo aumento trimestral consecutivo do setor

O presidente do Sinduscon-ES ainda revela os maiores desafios para o setor em 2020. “Espero que o governo continue gerando confiança para o mercado e que continue ‘fazendo o dever de casa’, apostando na reestruturação econômica através das reformas e de outras ações pontuais. O mercado passou por um momento muito difícil e, com isso, as empresas ficaram mais criteriosas. Mas, se o governo não atrapalhar o setor produtivo, nos próximos três anos poderemos estar em um patamar muito interessante e bom para o estado”.

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Leandro Lorenzon, diretor-geral da Lorenge

CRESCIMENTO E NOVOS LANÇAMENTOS

Com 40 anos atuando no mercado imobiliário, a Lorenge aposta em  lançamentos e no aumento do número de vendas nos próximos anos. Segundo o diretor-geral da construtora, Leandro Lorenzon, 2020 será de recuperação. “A crise que atingiu o setor é fruto de uma política econômica que impactou o poder de compra do consumidor e gerou instabilidade no mercado de trabalho. Para este ano, acredito que uma economia mais sólida,  e com taxa de juros baixa, possa resultar na retomada de crescimento”.

Para isso, a empresa aposta no lançamento de empreendimentos em Jardim Camburi, Bento Ferreira, Praia do Canto e Guarapari e na possibilidade de mais duas novidades ainda em 2020. Segundo Lorenzon, o mercado está ficando cada vez mais aquecido, e as perspectivas para o Espírito Santo são as melhores possíveis. 

“Vamos ter muitos lançamentos residenciais no Espírito Santo, principalmente de imóveis de médio e alto padrão. Havia uma demanda reprimida, e o mercado quer continuar atraindo esse público. Além disso, o mercado promete outras novidades que devem motivar o setor, como a reformulação do programa Minha Casa, Minha Vida”, menciona. 

CAMINHOS DA CRISE

Para Gustavo Rezende, diretor comercial da Grand Construtora e Incorporadora, entre 2006 e 2007, com o famoso boom em 2012, o mercado imobiliário viveu um dos melhores momentos da história, e aqui no Espírito Santo não foi diferente. Mas, a partir de 2014, o mercado parou e não se recuperou. Dessa forma, a situação foi se agravando até atingir os patamares mais graves em 2017 e 2018. 

“Com os novos rumos econômicos adotados pelo Governo Federal, em 2019, houve uma mudança real no comportamento do consumidor no segundo semestre, resultando no aquecimento do mercado imobiliário. Com isso, o Espírito Santo tem tudo para largar na frente e se tornar um dos grandes destaques do setor no Brasil”, garante Gustavo Rezende.

MERCADO EM PLENA RECUPERAÇÃO

O diretor comercial ainda ressalta que o mercado tem tudo para recuperar, a partir deste ano, as perdas dos anos de crise. “Só para ter uma ideia, lançamos três empreendimentos nos últimos quatro anos e, somente em 2020, já temos três confirmados, com a possibilidade de um quarto lançamento. Além disso, vamos começar, ainda no primeiro semestre, as obras do Taj Home Resort, um dos maiores empreendimentos do estado”.

A construção, que será no bairro Jockey de Itaparica, em Vila Velha,  contará com duas torres, uma de 25 e outra de 50 andares, inspiradas na luxuosa e disruptiva arquitetura de Dubai. De acordo com Gustavo Rezende, existe uma demanda reprimida, que deve ser vista com atenção pelo mercado, e um grande potencial no Espírito Santo. 

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“Vamos nos posicionar para atingir um consumidor latente e ocupar o espaço deixado por empresas que diminuíram ou saíram do mercado. Para se ter uma ideia, nos últimos anos, houve um crescimento populacional na faixa de 220 mil pessoas na Grande Vitória. E, em 2019, o mercado foi abastecido com apenas 12 mil unidades. Com base nesses números, tenho certeza de que há demanda, que, ao lado de boas condições financeiras, vai ser fundamental para a retomada do crescimento”. 

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Sandro Carlesso, da Ademi-ES

Essa também é a análise do presidente da Associação Empresas do Mercado Imobiliário do Espírito Santo (Ademi-ES), Sandro Carlesso. Ele afirma que o ano de 2020 será de retomada para o setor no Espírito Santo. 

“Desde 2014, o mercado estava estagnado. No ano passado, pudemos verificar uma recuperação gradativa do setor, com o aumento da confiança do comprador e um cenário econômico favorável. A perspectiva de crescimento é de 3% para o Brasil, mas acredito em algo em torno de 10% no Espírito Santo, já que há uma maior disposição dos compradores em fechar negócios, em novos investimentos por parte das empresas do setor e em um aumento na venda de imóveis residenciais e comerciais, como parte de uma demanda reprimida”.