Mercado Imobiliário

Alto padrão projeta crescimento apesar do cenário difícil na economia

Foto: Alek Stock.
Foto: Alek Stock.

Com o olhar atento às mudanças do mercado, especialistas do setor imobiliário capixaba estão projetando o futuro para 2025 no segmento de alto padrão. A coluna foi atrás de três profissionais atuantes no mercado para analisar para onde caminha o setor do “luxo imobiliário”.

Esse diagnóstico é fundamental para que as empresas sejam assertivas. Nesse aspecto, pesquisar os interesses do consumidor é fundamental. “Queremos que nossos empreendimentos reflitam as tendências de mercado para que despertem o desejo de compra dos consumidores”, resume a CEO da Invite Inc., Cecília Zon.

Refletir, no caso, significa compreender o nível de exigência do segmento. As irmãs Bruna e Paula Rody, da Inspira Conceito e Design, analisam que os clientes estão mais seletivos. “Buscam aquilo que realmente faz a diferença, produtos com alto valor agregado, dentro de um conceito genuíno e que os emocione”, afirmam.

Imagem ilustrativa de uma mansão no Vive Le Vin, em Pedra Azul. Foto divulgação Invite Inc.

Imóveis para temporada

Emoção e vendas andam de mãos atadas desde sempre, por mais racional que uma escolha pareça. Num cenário de instabilidade econômica, esse apelo se torna ainda mais necessário.

A primeira tendência destacada pelas especialistas é de investir em imóveis de temporada. Desde a pandemia, esse é um impacto direto sentido pelo mercado no segmento: a procura por lazer, aconchego, intimidade. No alto padrão, isso se estende às temporadas de férias. “O mercado de luxo para imóveis de férias tem um grande potencial de crescimento até 2030”, dizem.

Elas apostam em um projeto de chacreamento em Domingos Martins: a Fazenda do Grão, em Pedra Azul, cuja ideia é oferecer uma chácara de luxo, “trazer lazer e sofisticação em um ambiente rural, mas com a proximidade das grandes cidades”, resumem. O local traz a memória afetiva da família pioneira, que veio do Rio de Janeiro para se instalar na fazenda.

Imagem ilustrativa de uma sala em um dos apartamentos do Manami, em Guarapari. Foto divulgação Invite Inc.

Já Cecília Zon diz que o “boom do lazer” fez com que a empresa pensasse em dois empreendimentos, um na praia e outro na montanha. “O Manami, em Guarapari, e o Vive Le Vin, em Pedra Azul, são claramente investimentos em destinos locais, dentro desse conceito, exclusivos para quem busca experiências únicas e culturalmente ricas”, diz.

As altas temporadas de verão e inverno, as férias e feriadões e a proximidade com a Região Metropolitana são apostas para o sucesso dos três produtos.

Acima do obstáculo

Mas, e como fica o cenário econômico? Haverá rebatimento no setor de alto padrão? Ricardo Gava, executivo da Gava Crédito Imobiliário e diretor do Sindicato das Empresas de Administração, Comercialização e Atividades Imobiliárias (Secovi/ES), acredita em expansão das vendas, mesmo com a taxa Selic em 13,25%, dólar alto e aumento da inflação.

Ricardo Gava, da Gava e do Secovi/ES. Divulgação.

Ele diz que o perfil desse tipo de consumidor é de quem entende e atua no mercado de capitais, e enxerga as vantagens do investimento. “Compradores de alto padrão aproveitam momentos que exigem mais negociação para identificar boas oportunidades”, observa.

Três pontos do perfil

Ele destaca três pontos principais sobre o comportamento do consumidor de alto padrão. Primeiro, “muitos preferem financiar o máximo possível do valor do imóvel, justamente para não se descapitalizarem”, em referência à diferença entre as taxas de juros do financiamento e os rendimentos de aplicações financeiras.

Outro fator é a valorização imobiliária e a segurança do negócio. “Imóveis naturalmente se valorizam ao longo do tempo e são ativos seguros, mesmo em períodos de instabilidade econômica”, lembra.

Quarto de casal no Vive Le Vin. Foto divulgação.

O terceiro fator é a portabilidade de financiamento, ou seja, a possibilidade de renegociar as condições do contrato, sendo possível até transferi-lo para bancos com taxas mais atrativas no futuro. “Essa flexibilidade permite realizar a portabilidade mais de uma vez, maximizando os ganhos sempre que os juros caírem”, ensina.

Poder de compra e decisão afetiva

Assim, mesmo em tempos de Selic a dois dígitos, alta do dólar e inflação acima da meta, o segmento de alto padrão prevê expansão dos negócios em 2025, a partir do potencial do público consumidor, que possui investimentos diversificados e clareza sobre o mercado imobiliário. Além disso, a emoção influencia na escolha, com o conceito de morar/viver em ambientes exclusivos, ter experiências seletivas e se sentir único, seja nas férias ou ao longo do ano, pontos fundamentais para a solidez do segmento.

Alex Pandini
Jornalista com mais de 3 décadas de experiência profissional, é repórter e apresentador da TV Vitória e assina o conteúdo do Constrói ES.