Foto: arquivo Incaper.
Foto: arquivo Incaper.

O Espírito Santo é o maior produtor de café conilon e o terceiro maior produtor de café arábica no Brasil, com 412 mil hectares plantados. A cafeicultura responde por 37% do PIB agrícola, que por sua vez representa 30% do total do PIB capixaba.

Para 2025, a expectativa é que o Estado produza entre 17 e 19 milhões de sacas. Com os preços do café arábica e conilon superando a marca de R$ 2 mil por saca, a atividade pode gerar um incremento de R$ 70 bilhões na economia capixaba.

Vargem Alta

A recente valorização do grão não passa despercebida pelo mercado imobiliário, de olho no lucro da atividade no interior do estado. Para atrair investimentos da cadeia produtiva da cafeicultura, algumas empresas estão ofertando linhas exclusivas para produtores rurais. Um exemplo é a construtora Javé, que tem um empreendimento no município de Vargem Alta, terceiro maior produtor de café do estado, segundo a Conab. A variedade de destaque na região é o café arábica.

Trata-se da comercialização de lotes no empreendimento Castle Hill Resort Residence, localizado no distrito de Castelinho. O diretor comercial da Javé, Diego Freire, diz que os produtores rurais contam com o benefício de flexibilizar o pagamento do financiamento, alinhado ao pico de recebíveis do setor.

Panorâmica de Vargem Alta, na região sul serrana. Foto: Prefeitura Municipal (divulgação).

Sem entrar em detalhes sobre o financiamento, o diretor diz que o objetivo é facilitar o acesso ao empreendimento sem comprometer o fluxo de caixa. “Entendemos a sazonalidade da cafeicultura e estruturamos condições que permitem aos produtores adquirirem seus lotes com um planejamento financeiro mais adequado à realidade do segmento, possibilitando o investimento em bens imóveis no interior do Espírito Santo”, explica.

Loteamentos no interior

Outra empresa do ramo imobiliário que aposta no bom momento da cafeicultura para alavancar os negócios no interior do estado é a CBL Lotes, que oferece um modelo de financiamento com parcelamento em 24 vezes sem juros. O gerente regional da empresa, Felipe Coelho, explica como a compra é feita. “O produtor rural poderá adquirir o lote, com sinal mais 3 vezes fixas de 25%, sem juros e sem correção. A ideia é que a compra seja efetuada com a produção e a colheita do agricultor”, diz.

Loteamento da CBL em Aracruz. Foto divulgação.

Um dos loteamentos fica em Linhares, segundo maior produtor da variedade conilon no estado, com 6% do total. Além dos produtores locais, há boa procura pelos agricultores vizinhos de Jaguaré, Sooretama e Marilândia, onde a produção do conilon também é importante. Os demais loteamentos ficam em Aracruz, Cachoeiro e Viana. Felipe destaca que em Linhares o empreendimento já teve valorização de 42% desde o lançamento, em 2024.

Grão de ouro

O café, que impulsiona a economia no interior do Espírito Santo e responde por 33% da mão de obra empregada na agricultura, parece ter retornado à era de ouro vivida nos anos 1980, quando a cada safra as famílias adquiriam motos e fuscas para os filhos, e caminhonetes e novos equipamentos agrícolas para ampliar o plantio, num círculo virtuoso que durou anos.

Foto: arquivo Incaper.

Agora, os produtores rurais têm no mercado imobiliário uma alternativa interessante e duradoura para investir os lucros merecidamente obtidos na cafeicultura, que, após investimentos em qualidade e produtividade, e apesar das instabilidades, vive um novo apogeu.

Alex Pandini
Jornalista com mais de 3 décadas de experiência profissional, é repórter e apresentador da TV Vitória e assina o conteúdo do Constrói ES.