Mercado Imobiliário

Eduardo Fontes: "O ciclo do mercado imobiliário é longo"

O empresário Eduardo Fontes, presidente da ADEMI-ES, fala sobre o ciclo do mercado imobiliário, desafios do setor e expectativas para 2025. Leia a entrevista!

Eduardo Fontes, presidente da Ademi/ES. Foto divulgação.

O mercado imobiliário é um setor de ciclo longo, onde as decisões de hoje impactam os próximos anos. Para entender as perspectivas e desafios de 2025, conversamos com Eduardo Fontes, Diretor Comercial da Empar Incorporadora e atual Presidente da ADEMI-ES (Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário), que encerra sua gestão à frente da entidade em julho. Na entrevista, ele fala sobre os desafios do setor, as expectativas para este ano e os impactos de questões como a Selic, burocracia e reforma tributária.

O que esperar para 2025 no mercado imobiliário?

Com o ano efetivamente começando após o Carnaval, a pergunta que muitos fazem é: como está o ânimo do setor? Para Fontes, o mercado segue otimista, mas ciente de que o momento exige cautela. “Nosso ciclo é longo. Se pensar que idealizar, aprovar e construir um empreendimento leva pelo menos quatro anos, precisamos acreditar no mercado e pensar no longo prazo. No entanto, o momento atual traz desafios com ruídos políticos e uma economia que ainda não passa tanta confiança. Por isso, é fundamental que os lançamentos sejam embasados em pesquisas de mercado e direcionados a demandas reais.”

A Selic alta preocupa o setor?

A taxa básica de juros é um dos principais fatores que impactam o mercado imobiliário, principalmente no acesso ao crédito. “A Selic em patamar elevado já nos incomoda há algum tempo. Hoje, ela está num dos níveis mais altos das últimas décadas, superando o período do governo Dilma e perdendo apenas para a transição da primeira eleição de Lula. Se ela permanecer acima de 15% até o final de 2025, como prevê o Boletim Focus, poderemos enfrentar dificuldades maiores. O setor imobiliário depende de previsibilidade econômica para manter sua dinâmica de lançamentos e investimentos.”

Mercado capixaba

Vitória e região metropolitana vivem um momento de grande evolução no mercado imobiliário, com empreendimentos cada vez mais inovadores. “O cliente está mais exigente, e o mercado tem respondido com produtos que atendem a todos os perfis e faixas de renda. Os corretores também evoluíram bastante, participando ativamente da formulação de lançamentos e se capacitando para vender com mais qualidade. O que vemos é um mercado saudável, com empreendimentos muito bem vendidos.”

A maior queixa dos empresários

Quando perguntado sobre o principal obstáculo para o setor, Fontes não hesita: “Sem dúvida, é a burocracia. Esperar meses ou até anos para aprovar um projeto é algo que não faz sentido. O mercado enfrenta interpretações confusas das leis e entraves em diversas etapas. Outra grande dificuldade é a mão de obra. Temos um problema sério, e a solução passa por uma revisão das políticas de incentivos do governo.”

Reforma tributária e os impactos no setor

O manicômio tributário brasileiro é um entrave histórico para o desenvolvimento econômico, e a reforma tributária levanta questionamentos sobre seus efeitos no mercado imobiliário. “Empresas do setor estão atentas e já começam a planejar suas sucessões e estratégias tributárias. No entanto, ainda há muitas incertezas. Como tudo é muito novo, ninguém sabe ao certo quais serão os impactos em cada segmento. O que sabemos é que a falta de clareza sobre as novas regras cria um ambiente de insegurança para quem quer investir.”

Fontes finaliza destacando a importância de acelerar as mudanças que facilitam o ambiente de negócios.

“Apesar do meu otimismo moderado, desejamos que as transformações positivas ocorram com mais rapidez. Ainda temos uma burocracia que impede o crescimento e afasta investimentos. Tributação, taxas cartorárias, excesso de licenças para projetos, investimentos em infraestrutura e turismo: tudo isso poderia ser mais simples e ágil. Um mercado mais desburocratizado não favorece apenas as empresas, mas também os consumidores e a economia como um todo.”

A entrevista com Eduardo Fontes mostra um panorama realista do mercado imobiliário capixaba e brasileiro para 2025. O setor segue otimista, mas com os olhos atentos às condições econômicas, políticas e regulatórias que podem impactar seu desempenho nos próximos anos.

Informação constrói! Até a próxima.

Luiz Stanger Colunista
Colunista
Sócio da Lopes Dynamo, é referência na gestão patrimonial de imóveis, possui mais de 15 anos de experiência e um profundo conhecimento do mercado capixaba.