
O mercado imobiliário argentino passa por uma transformação significativa nos últimos meses. As reformas econômicas do governo Javier Milei trouxeram mudanças estruturais que já impactam diretamente os aluguéis, os financiamentos e a confiança de investidores e consumidores.
A revogação do controle estatal sobre os contratos de locação, o controle da inflação e o retorno do crédito imobiliário estão redefinindo o setor, provocando um crescimento expressivo nas transações e maior previsibilidade para o futuro.
O fim da Lei do Aluguel e seus efeitos no mercado
Uma das primeiras medidas do novo governo foi revogar a Lei do Aluguel, que impunha controle sobre os valores cobrados e regras rígidas para os contratos. Durante sua vigência, muitos proprietários retiraram seus imóveis da locação por conta da incerteza sobre os reajustes, gerando escassez e aumento dos preços.
Com o fim da regulamentação, o mercado reagiu rapidamente. A oferta de imóveis para aluguel em Buenos Aires aumentou 47%, e os contratos passaram a ser mais flexíveis, permitindo ajustes naturais de acordo com a demanda e a inflação. A previsibilidade voltou ao setor, incentivando novos investimentos e melhorando a dinâmica entre proprietários e inquilinos.
A volta do crédito imobiliário e o acesso à moradia
O retorno do crédito imobiliário na Argentina tem sido outro ponto fundamental para a reativação do setor. Depois de anos de retração, o financiamento voltou a ser uma opção viável para quem busca adquirir um imóvel. Os bancos argentinos projetam a emissão de US$ 3 bilhões em crédito imobiliário em 2025, um crescimento de 260% em relação ao ano anterior. Esse volume de empréstimos não era visto há muito tempo no país e indica uma recuperação sólida.
Na cidade de Buenos Aires, as vendas de imóveis financiados triplicaram em 2024, totalizando cerca de 5.000 transações. A retomada da confiança no sistema bancário e no setor imobiliário impulsiona essa nova fase do mercado.
Outro fator determinante para esse avanço foi o controle da inflação. A Argentina vinha registrando índices superiores a 200% ao ano, um ambiente que inviabilizava qualquer tipo de financiamento de longo prazo. Com a política monetária mais rígida e medidas de austeridade, houve uma desaceleração da inflação e uma queda nas taxas de juros de referência para 29%, tornando o crédito mais acessível.
O novo modelo de financiamento: créditos atrelados à inflação
Além do retorno dos empréstimos tradicionais, uma novidade no mercado argentino foi a adoção dos créditos imobiliários indexados à inflação, conhecidos como Unidades de Valor Adquisitivo (UVAs). Essa modalidade ajusta o saldo devedor conforme os índices de preços ao consumidor, protegendo os bancos da volatilidade econômica.
Embora seja uma alternativa interessante para quem busca financiamento, os compradores precisam estar atentos às variações inflacionárias futuras, pois, apesar do controle atual, a Argentina ainda lida com um cenário econômico que exige acompanhamento constante.
Os desafios ainda presentes no mercado argentino
Mesmo com os avanços recentes, o setor imobiliário argentino ainda enfrenta alguns desafios. A informalidade no mercado de trabalho limita o acesso ao crédito para uma parcela significativa da população, e a inflação, apesar da redução, segue como um ponto de atenção.
A taxa de inflação mensal caiu para 2,2% em janeiro, a mais baixa desde meados de 2020. Essa taxa, na base anual, se aproximou de 300% no início do ano passado, mas diminuiu desde então, registrando 84,5% em janeiro, segundo dados da agência oficial de estatísticas INDEC. A inflação mensal, que atingiu um pico de cerca de 25%, tem se mantido entre 2% e 3% desde outubro.
Além disso, a sustentabilidade desse crescimento depende da manutenção das reformas econômicas e da confiança no sistema financeiro. Qualquer retrocesso nas medidas adotadas pode comprometer a recuperação do setor e afastar investidores.
Um novo ciclo para o mercado imobiliário argentino
A flexibilização dos aluguéis, o fortalecimento do crédito e a estabilização da economia criaram um ambiente mais propício para o crescimento do mercado imobiliário argentino. O fim do controle estatal sobre os contratos de locação e a volta dos financiamentos impulsionaram a demanda e aumentaram a previsibilidade para quem investe no setor.
Se o país mantiver essa trajetória e consolidar a nova dinâmica econômica, poderá se tornar um caso de sucesso na recuperação do mercado imobiliário pós-crise. A confiança voltou, os negócios estão acontecendo e a Argentina dá sinais de que entrou em uma nova fase de crescimento. Resta saber até onde essa transformação poderá levar o setor.
Informação constrói! Até a próxima!