O auxílio emergencial foi criado no ano passado pelo governo federal para ajudar financeiramente a parcela da população mais afetada pela crise econômica causada pela pandemia do novo coronavírus.
Nesta segunda-feira (05), o presidente Jair Bolsonaro anunciou uma nova prorrogação do benefício. Ele seria encerrado neste mês, mas foi estendido até outubro.
Entretanto, mesmo com a continuidade da pandemia e dos riscos da retomada de algumas atividades, caiu o número de beneficiados pelo auxílio emergencial no Espírito Santo, segundo dados da pesquisa Rede Vitória/Futura Inteligência.
O levantamento apontou que 42% das pessoas entrevistadas recebiam o benefício em 2020. Neste ano, apenas 22% continuam tendo acesso à ajuda financeira do governo federal.
A redução da quantidade de beneficiados é observada tanto na Grande Vitória quanto no interior do Estado. Na Região Metropolitana, 40% disseram que recebiam o auxílio no ano passado, contra 19% em 2021. Já no interior, esse percentual caiu de 43% para 24%.
“O governo federal foi mais restritivo no processo de escolha dos beneficiados neste ano. Muitas pessoas que foram beneficiadas no ano passado deixaram de ser atendidas. Isso se deve também, em parte, a uma maior busca por atividade remunerada”, destacou a coordenadora da pesquisa, Simone Cardoso.
Como se trata de um benefício voltado para a população de baixa renda, o auxílio emergencial foi recebido, em sua maioria, por pessoas das classes menos favorecidas e por indivíduos com nível de escolaridade mais baixo.
De acordo com o levantamento, a ajuda financeira foi concedida, tanto no ano passado quanto neste ano, para 33% das pessoas das classes D e E e para 40% dos indivíduos que têm até o ensino fundamental completo.
Classes A e B também recebem
No entanto, um detalhe chamou a atenção do presidente do Futura, José Luiz Orrico: 2% das pessoas das classes A e B disseram ter recebido o auxílio emergencial em 2020 e continuam o recebendo em 2021.
“Estamos falando de pessoas com renda familiar acima dos R$ 5 mil. Portanto, o benefício chegou a pessoas que não precisavam dele”, destacou.
A ajuda financeira do governo federal também chegou, em sua maioria, para a população mais jovem. Segundo o levantamento, 25% das pessoas com idades entre 16 e 29 anos disseram ter recebido o benefício — mesmo percentual observado na população de 30 a 39 anos.
Capixabas concordam com pagamento de auxílio
A pesquisa Rede Vitória/Futura Inteligência constatou ainda que 82,6% dos entrevistados se mostraram favoráveis ao pagamento do auxílio emergencial. O apoio ao benefício ocorreu independente de qualquer variável — sexo, religião, classe social, nível de escolaridade, faixa etária e região de moradia.
A diferença de quem apoia a ajuda financeira foi de apenas dois pontos percentuais entre indivíduos das classes A/B e D/E. No primeiro grupo, 81% afirmam que são favoráveis ao auxílio, enquanto no segundo, essa taxa é de 83%.
Já a população com curso superior demonstrou ter mais opinião a respeito do pagamento do auxílio. Ao mesmo tempo que foi o grupo que apresentou maior apoio ao benefício (83%), foi o que mais desaprovou sua concessão (15%). Apenas 2% não expressaram opinião sobre o assunto.
“Todos os segmentos se manifestaram no sentido de que o auxílio emergencial deve continuar sendo pago. De fato, ele fez a economia andar nesse período de pandemia. Então é importante que o governo mantenha mesmo esse pagamento. A questão é saber como ele vai conseguir renda para isso”, salientou José Luiz Orrico.
“O auxílio emergencial acabou virando uma renda extra para as pessoas que o recebem. Se o governo federal decidir cortar o benefício, vai aumentar ainda mais a rejeição que tem”, completou.
Para Simone Cardoso, a boa aceitação da população ao auxílio emergencial, independentemente da situação da pessoa, é um dos grandes destaques da pesquisa.
“Independentemente se a pessoa recebeu ou não o benefício, a favorabilidade a ele é elevada. Importante frisar que não trabalhamos com critério de temporalidade, ou seja, não questionamos aos entrevistados por quanto tempo eles acham que o auxílio deve ser pago”, esclareceu.
O levantamento foi realizado entre os dias 14 e 17 de junho. Durante esse período, 400 pessoas com 16 anos ou mais foram entrevistadas, por meio de contato telefônico. Todas elas são moradoras do Espírito Santo.
A margem de erro da pesquisa é de 4,9 pontos percentuais, para mais ou para menos. O intervalo de confiança é de 95%.
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