Já parou para pensar no que faz alguém dizer “é aqui que eu quero morar” sem nem mesmo pisar no imóvel pronto? No mercado imobiliário de alto padrão, a resposta está em algo pequeno, mas com grande impacto: as maquetes de luxo, que se tornaram protagonistas nos estandes de vendas.
E, como tudo que envolve o luxo, essas pequenas obras de arte também têm um preço à altura: algumas chegam a custar até meio milhão de reais.
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Maquetes de luxo: detalhes que fazem as pessoas sonhar
Isso mesmo, meio milhão para criar um mundo em miniatura tão detalhado que o cliente já consegue se imaginar vivendo ali, bebendo um bom vinho na varanda com vista para o mar ou aproveitando as dezenas opções de lazer que o imóvel oferece.
E quem ainda acredita que maquetes são apenas ‘bonequinhos em casinhas’, como aquelas atividades escolares feitas com isopor e tinta guache, está muito enganado.
As maquetes modernas evoluíram para peças impressionantes, cheias de detalhes e acabamentos sofisticados, pensado para refletir com precisão o espírito do projeto, desde a textura das fachadas até o clima do ambiente ao redor.
Experiência imersiva que influencia na decisão de compra
É justamente essa experiência imersiva que, muitas vezes, faz toda a diferença na decisão de compra, facilitando a compreensão e despertando o desejo pelo novo lar.
No Espírito Santo, onde esse mercado imobiliário de luxo está em plena expansão, profissionais como o empresário Cássio Trovalin, que transformou sua paixão de infância por criar objetos, dão vida a grandes empreendimentos de luxo.
Desde criança, eu fazia os meus brinquedos e das minhas irmãs, pois gostava muito de criar. Primeiro, trabalhei com um arquiteto que tinha uma empresa de maquetes. Depois, trabalhei na área com alguns amigos que fizeram o mesmo curso, tentamos fazer algumas sociedades que deram certo depois de algum tempo, mas depois criamos networking e começamos a trabalhar sozinhos, conta ele.
Cássio afirma que a empresa vem acompanhando o crescimento do mercado capixaba, lembrando que, até pouco tempo atrás, não existiam muitos projetos de decoração, paisagismo e iluminação, diferentemente do que é visto hoje.
“Antes, era um projeto de arquitetura. Você fazia uma varanda, carros na rua e estava pronto. Mas isso foi evoluindo e os projetos ficaram mais elaborados, com paisagistas renomados vindo para cá, decoradores e arquitetos. Foi crescendo o mercado e nós fomos crescendo junto”, explica Cássio.
Além de criar o modelo, por trás também existe toda uma logística envolvida: transporte, montagem e até descarte adequado dos materiais, quando solicitado pelos empresários. O empresário conta que precisa lidar também com o desafio dos prazos apertados.
“A velocidade que o cliente quer lançar é tão grande, que às vezes a gente não dá conta de acompanhar a produção das coisas antes de fazer o lançamento. Ele passa por um longo processo antes, então depois que aprova, quer tudo para ontem. Temos equipe hoje de 20 pessoas e ainda sentimos falta de quem tem disponibilidade de tempo”, ressalta Cássio.
Brincadeira de criança que virou profissão
Assim como Cássio, que descobriu a arte de criar ainda na infância, o arquiteto Kainan dos Santos também começou a fazer suas primeiras maquetes muito cedo, aos 9 anos, reproduzindo casas e cidades. Assim, conheceu a arquitetura e já desenhou também seu futuro.
Sempre gostei desenhar e fazer maquetes. Um dia, vi maquetes em uma feira, fiz o primeiro contato com a empresa e estou aqui até hoje. O processo começa quando recebemos o projeto arquitetônico, que é onde vamos desenvolver todas as peças e a parte estrutural. A partir daí, vem a decoração, a parte de paisagismo, especificações de materiais, revestimentos, mobiliário… Nós vamos replicando tudo, até conseguir deixar a maquete do jeito mais fiel possível, explica Kainan.
Além de dedicação e precisão, o segredo para a maquete perfeita está na mistura de alta tecnologia com o trabalho artesanal. Materiais como MDF, acrílico e iluminação funcional são combinados para criar projetos que impressionam pelo realismo e também pela emoção que transmitem.
“Tudo que usamos é especificado em um projeto. Nós começamos pelo setor de planejamento, fazendo todo o desenvolvimento no computador, blocos 3D para imprimir e, a partir daí, vai para o setor de montagem. A parte mais difícil é a elaboração, que é quando vamos tentar planejar da forma mais fiel possível”, explica ele.
Maquete valiosa reproduz primeiro home resort do ES
E por que tanto investimento em algo tão pequeno? Simples: a maquete é a conexão mais próxima que o cliente terá com o produto final.
No mercado imobiliário de alto padrão, a decisão de compra muitas vezes depende da capacidade do cliente de visualizar, sentir e, de certa forma, até mesmo viver aquele espaço.
Afinal, nada se compara à experiência física de ver cada detalhe de perto, como a proporção, a textura e cor real do revestimento, a disposição das áreas comuns ou, até mesmo, os carros nas vagas de garagem.
Um exemplo de maquete com essas características é a do TAJ, primeiro home resort do Espírito Santo em construção em Vila Velha. E se o empreendimento remete a muito luxo e exclusividade, a maquete não poderia ser diferente.
Além de detalhar minuciosamente o projeto arquitetônico, ela oferece uma experiência sensorial única, permitindo que o futuro morador viva a essência do imóvel antes mesmo de assinar o contrato.
Cada detalhe é representado, desde as imponentes torres até a ampla área de lazer de mais de 21 mil metros quadrados, proporcionando uma visão realista e envolvente do estilo de vida que espera por ele.
Segundo a arquiteta Karol Simonassi, responsável pelo projeto do home resort, a maquete é fundamental, pois representa a tradução física em miniatura de tudo aquilo que os “renders digitais”, por mais avançados que sejam, não conseguem capturar.
A maquete surge a partir do momento em que o empreendedor vê a importância dela. O projeto já está concebido e a gente tem essa troca de informações com a empresa, pois ela precisa do projeto completo, saber todas as fachadas e tudo o que vai ter no lazer, por exemplo, explica a arquiteta.
A evolução da maquete, segundo Karol, é um processo colaborativo e contínuo. Por isso, ela sempre faz questão de visitar as empresas pessoalmente, acompanhando de perto o progresso e verificando como cada detalhe está tomando forma.
“Eu vou visitar para ver se está tudo ok, se a temperatura dos materiais está ok, porque tudo influencia. A contratação da maquete é pensando no cliente, para ele entender como é esse produto. Quando fazemos as imagens, não aparece com todos os detalhes, então é importante que ele veja, principalmente, as proporções. Quando temos a maquete física, conseguimos que o cliente tenha uma real noção do empreendimento”, disse.