Economia

Ministro de Bolsonaro diz que flanelinha no Leblon ganha R$ 4 mil por mês

Exemplo foi dado pelo ministro para argumentar que as desigualdades regionais no Brasil são expressivas

Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

Em debate sobre o combate à informalidade do mercado de trabalho, o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, afirmou nesta terça-feira, 30, que um flanelinha no Leblon pode ganhar até R$ 4 mil por mês. 

O exemplo foi dado pelo ministro para argumentar que as desigualdades regionais no Brasil são expressivas. Ele comparou a renda do flanelinha com o que pode receber alguém que trabalha tangendo animais no interior do Rio Grande do Norte – segundo o ministro, R$ 200.

“Um flanelinha no Leblon ganha R$ 3 mil, R$ 4 mil por mês. O flanelinha. Mas alguém em Jucurutu, no interior do meu Estado, Rio Grande do Norte, tangendo animais, ganha R$ 200. É uma realidade completamente diferente, as pessoas têm que entender isso para poder compreender o que é nosso País”, disse Marinho. “A desigualdade se consolidou como um fosso que separa uma parte expressiva do Brasil.”

A declaração foi dada durante participação no 93º Encontro Nacional da Indústria da Construção (ENIC). Questionado sobre o crescimento da informalidade no Brasil, Marinho afirmou que o problema “sempre existiu” no País. 

“Brasil sempre teve problema estrutural na geração de seus empregos, sempre tivemos pelo menos metade da nossa mão de obra na informalidade, isso não é nenhuma novidade”, afirmou o ministro.

O País alcançou uma taxa de informalidade de 40,6% no mercado de trabalho no trimestre até setembro, com 37,709 milhões de trabalhadores atuando informalmente. 

Os números foram divulgados nesta terça-feira (30) na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), apurada pelo Instituto Brasileiro de Economia e Estatística (IBGE). Em um trimestre, 1,947 milhão de pessoas a mais atuaram como trabalhadores informais.

Marinho disse ainda que, em 2020, as restrições de locomoção impostas em função da pandemia fez com que pessoas que trabalhavam na informalidade corressem para o mercado formal. “O que aconteceu? Essa grande massa de pessoas que trabalhava na informalidade, pela falta da circulação de pessoas, correu para a formalidade. Por uma questão de sobrevivência”, afirmou o ministro.

Projetos

No mesmo painel, o ministro do Trabalho e Previdência, Onyx Lorenzoni, afirmou que o governo trabalha para reduzir o nível de informalidade no Brasil. Segundo Onyx, será apresentado na virada do ano um projeto para incentivar a migração no mercado de trabalho para a formalidade, o Serviço Social Voluntário.

“Vai estar disponível para as prefeituras brasileiras logo na virada do ano, que é um sistema de contratação simplificada. Um jovem ou pessoa de mais de 50 anos vai para uma prefeitura, trabalha um turno, recebe o equivalente, e ela tem a obrigatoriedade da qualificação”, disse o ministro, lembrando que tal medida já esteve prevista durante as discussões da MP 1045, da minirreforma trabalhista, que foi rejeitada pelo Senado.

Onyx disse ainda que o governo trabalha na estruturação de um programa de microcrédito direcionado a empreendedores e ao grupo dos “invisíveis”.