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Muito se discute hoje sobre diversidade nas empresas. Conselhos de administração, cargos diretivos, comissões, grupos decisórios mais representativos: mais mulheres, mais negros, mais LGBTI+. Para Neyla Tardin, PhD em Contabilidade, professora associada da Fucape Business School, poucas organizações se atentam para a importância da diversidade etária, isto é, diferentes gerações trabalhando juntas e misturadas. “A diferença etária gera conflito (discordância) de ideias em prol do aprendizado e da rentabilidade, bom para todos os envolvidos”, escreve a doutora à coluna Mundo Business. Leia mais sobre a importância do choque de gerações para as empresas a seguir.
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Recentemente, a empresária Luiza Trajano (Magalu) defendeu publicamente cotas em programas de trainee para negros. Também está na fala recorrente de muitos CEOs a sigla ESG (Environmental, Social and Corporate Governance), três letras que devem se referir a corporações com práticas de impacto social positivo e ética, sobretudo, ética.
A diversidade é um discurso bonito e difícil de aplicar. Pouco se fala em diversidade etária: sim, diferentes gerações trabalhando juntas, jovens de pouco mais de duas décadas de vida ao lado de senhores de 50 anos ou mais de idade, em uma mesma equipe de trabalho.
Conflito entre gerações? Eles existem. Aliás, o conflito no meio corporativo existe independentemente das gerações. O que poucas organizações têm feito é fazer dessa diferença etária uma diversidade permanente e necessária, que gera conflito (discordância) de ideias em prol do aprendizado e da rentabilidade, bom para todos os envolvidos. Discordar é bom, e se você é gerente e tem pessoas ao seu lado que concordam com você o tempo todo, algo está errado.
Curioso é também o discurso da glamourização do empreendedorismo entre os jovens. Todos os recém-universitários querem ser Mark Zuckerberg, alguns inclusive deixam a faculdade logo no início para empreender, abrir um CNPJ.
Em 2007, o fundador do Facebook disse: “Young people are just smarter”. De fato, jovens têm, em média, mais tempo e menor custo de oportunidade para aprender. Será que os jovens são mais propensos a fundar startups de sucesso, em comparação a pessoas de maior idade?
A pesquisa “Age and High-Growth Entrepreneurship”,publicada em 2020 na revista “American Economic Review”, disse que não.
O estudo mapeou startups americanas de rápido crescimento e encontrou evidências de que um empreendedor de meio século de idade tem 1,8 vezes mais chance de fazer sua startup decolar do que um fundador 20 anos mais jovem. O levantamento ainda aponta que a idade média dos fundadores bem-sucedidos, à época da fundação das startups, é de 45 anos.
O resultado dessa pesquisa não invalida a tese de que você, jovem empreendedor, deve começar cedo. Muito pelo contrário. Só reforça a importância da educação formal ou informal. Os jovens, hoje empreendedores, que criticaram um dia a academia, em geral, encontraram seus sócios na faculdade. A faculdade é extremamente útil para networking, além de contribuir para o desenvolvimento social do indivíduo.
Assim como nas faculdades, nas empresas, é bom ter gente nova e antiga, com velhos vícios e páginas em branco, tudo junto e misturado. As empresas com alto turnover, rotatividade alta e taxa de troca constante de funcionários mais velhos por gente mais jovem, perdem a curva de aprendizado. E perdem o conflito de ideias sempre tão necessário à evolução de uma corporação.
*com Neyla Tardin, PhD em Contabilidade, professora associada da Fucape Business School
As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória