Os ventos da macroeconomia sopram a favor das startups. Com a queda dos juros, elevação da nota de risco do Brasil e avanço de temas na pauta fiscal, já é possível observar sinais de ânimo no venture capital. Agosto rendeu os maiores aportes em startups do ano, cerca de R$ 1,5 bilhão, 78% mais que no mesmo mês do ano passado. No Espírito Santo, os reflexos também são percebidos– em setembro aconteceram duas transações relevantes na casa dos oito dígitos. A SuperTicket foi vendida para a gigante do setor de eventos Zig e a Yooga, startup de gestão para restaurantes, levantou US$ 2,3 milhões em uma rodada liderada pela SaaSholic, gestora focada em softwares. A seguir, o ´back on track´ das startups capixabas.
Com receita anual recorrente de R$ 15 milhões, margem bruta de 80% e um resultado operacional (EBITDA) positivo, a Yooga já tem mais de 6.000 restaurantes como clientes, que pagam uma assinatura mensal.
A Yooga levou dois anos para conquistar a marca de 200 clientes ativos e hoje expande sua base em 500 clientes por mês, que estão espalhados por mais de mil municípios brasileiros.
O software oferece desde um ERP para gestão do negócio até integrações com sistemas de pagamentos, com contabilidade, e uma solução de delivery.
Com a captação de US$ 2,3 milhões (cerca de R$ 11,1 milhões na cotação atual), a Yooga conclui sua primeira rodada com um fundo de investimento– até então só tinha recebido aporte de investidores-anjo.
A companhia foi avaliada em US$ 20 milhões, quase R$ 100 milhões na cotação atual. A Apex, que já era investidora da Yooga, redobrou sua aposta na companhia, por meio do fundo Carbyne Mercados Regionais. Também participaram da rodada Alexandre Dubugras, fundador da Alude, e Alex Theuma, fundador do SaaStock.
Segundo Vinicius Melo, cofundador da Yooga, a escolha da SaaSholic e dos demais investidores se deve à afinidade deles com a indústria de tecnologia. “Escolhemos investidores que entendem a indústria de SaaS e podem nos ajudar a encurtar caminhos”.
Um dos fatores apontados pela SaaSholic como decisivos para o sucesso da Yooga foi a startup ter nascido e crescido em Vitória.
“Parte da estratégia da startup foi derivada das limitações que tínhamos. Por não termos domínio prévio em uma praça específica, expandimos para outras regiões em pouco tempo. Em Vitória, encontramos espaço e gente talentosa que ajuda a empresa crescer– 70% do quadro de funcionários é daqui”, corrobora Vinicius.
A partir de agora, a Yooga vai investir para se tornar o player mais relevante no segmento de gestão para pequenos restaurantes na América Latina. “Nossa tese tem a capacidade de internacionalizar, mas no momento vamos priorizar o mercado nacional”, afirma Vinicius.
A Yooga foi assessorada pela Almeida & Pandolfi Damico Advogados.
O investimento na Yooga e a aquisição da SuperTicket são apenas alguns dos sinais de que dias melhores estão vindo para as startups. O corte de mais meio ponto percentual da Selic ontem é só o começo.
No acumulado dos oito primeiros meses de 2023, os investimentos em startups totalizaram R$ 5,9 bilhões, enquanto em 2021, o mais recente verão das startups, foram R$ 36,2 bilhões no mesmo período. O acumulado ainda não é animador, mas a alta do mês de agosto pode sinalizar o início da recuperação do investimento de risco no país.
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