Com inflação acima da média, preço do almoço dispara no Espírito Santo
A tendência de surpresas positivas na corrente de comércio exterior capixaba, observada em 2023, está se mantendo até o momento em 2024. As exportações e importações do estado somaram R$ 28 bilhões no primeiro trimestre deste ano, avanço de 35% com relação ao mesmo intervalo do ano anterior– destaque para as commodities minerais e agrícolas e para os automóveis. Essa boa notícia para a economia vem acompanhada de uma preocupação: alguns terminais do Porto de Vitória, principal hub logístico internacional do estado, operam em capacidade máxima, o que tem dificultado o trabalho de operadores logísticos. Uma espécie de ‘problema bom’, uma vez que dado pelo aumento da demanda; mas que precisa ser endereçado. Entenda.
O Espírito Santo passa por um boom no comércio exterior, sobretudo por conta da importação de veículos elétricos e híbridos chineses. As revendedoras estão adiantando as importações de dezenas de milhares de carros para evitar alíquotas mais altas da taxação gradativa, que iniciou neste ano.
As marcas chinesas convivem com outras montadoras que tradicionalmente passam pelo Porto, como GM, Mercedes-Benz, Volvo e Porsche, além da vasta gama de commodities e granéis que passam diariamente pelo terminal.
Na avaliação de empresários e especialistas em comércio exterior, o sistema portuário está próximo de uma situação grave.
“O Terminal de Vila Velha [que recebe contêineres e automóveis] está perto de um colapso e isso está onerando o importador. Isso acontece por conta da combinação de sobrecarga, espaço limitado do Porto e demora de órgãos fiscalizadores, como o Ministério da Agricultura”, afirma Guilherme Quintaes, diretor da Superia Trading.
“O TVV passa por dificuldades de operação e não consegue atender os importadores. Podemos dizer que estamos em um dos momentos de maior movimentação de cargas de sua história, mas não é o maior”, disse um especialista em comércio exterior.
Assim como os terminais de Vitória e Vila Velha estão operando na capacidade máxima, os portos secos, ou armazéns alfandegados, também estão trabalhando no limite. Frente ao risco de a cadeia logística do estado dar um “nó”, o setor busca alternativas para dar vazão.
Os portos secos estão buscando uma alternativa junto à Receita Federal para armazenar cargas importadas em espaços não alfandegados de forma temporária. Via de regra, esses espaços temporários devem pertencer a um armazém já em operação.
“O alfandegamento completo de uma nova área demanda vários trâmites que não atendem à urgência que o estado precisa. Essa medida extraordinária é prevista para casos de indisponibilidade de área alfandegada e visa manter a vazão e fluidez do comércio internacional A Receita Federal está sensível à demanda e colaborando para tornar isso realidade”, afirma Luciana Mattar, advogada de recintos alfandegados do Espírito Santo e Presidente da Comissão Nacional de Direito Aduaneiro.
O Sindicato do Comércio de Exportação e Importação do Espírito Santo (Sindiex) afirma que a cadeia do comércio exterior está avaliando caminhos para reduzir impactos, inclusive o TVV, que preferiu não se pronunciar.
“O aumento do volume de produtos importados pelos portos capixabas, percebido desde os primeiros meses deste ano, tem impactado em uma alta taxa de ocupação das infraestruturas portuárias. Desde os primeiros comunicados, o Sindiex acompanha de perto os andamentos e vem realizando diversas ações para reduzir os impactos operacionais”, assinalou Sidemar Acosta, presidente do Sindiex.
“Nós nos reunimos com entidades do setor de comércio exterior e criamos o Comitê Comex-ES [composto por Sindiex, Vports, Transcares, Centrorochas, TVV, Sindaees, Apra, Sindamares e Centro do Comércio do Café de Vitória]. Com reuniões periódicas, desenvolvemos ações para facilitar a movimentação de cargas no Espírito Santo. O TVV, por exemplo, já anunciou algumas medidas e vislumbra melhorias nos próximos meses, com ações de curto, médio e longo prazo”, completou Sidemar.
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