Varejo capixaba cresce quase 8 vezes mais que a média nacional
É normal que em todo início de ano os números da economia que são projetados espelhem graus de expectativas. E graus de expectativas refletem consensos que são gerados a partir de olhares sobre o futuro sob diferentes circunstâncias e perspectivas.
Orlando Caliman | Como não são tão racionais como poderíamos supor podem não se confirmarem, para o bem ou para o mal. O certo é que nos últimos três anos as expectativas que se configuraram pessimistas no início de cada ano, para o bem, foram frustradas. Foi assim, quando, em consenso, o “mercado” indicava um crescimento de 1,5% para 2024. Deverá fechar em algo no entorno de 3,5%.
Para 2025, o tal “mercado” trabalha na perspectiva de 2%. Na racionalidade do número pesam mais fatores internos que externos, com destaque para o que é lido como descontrole fiscal que impõe um “sarrafo” elevado para a taxa básica de juros, a SELIC. Se de um lado, para as contas públicas a rolagem de uma dívida que já representa 80% do PIB beira a insustentabilidade, de outro, para o setor produtivo motiva uma pisada mais forte no freio dos investimentos.
Se o cenário nacional não é muito alentador, para o Espírito Santo, sem desprezarmos os transbordamentos do contexto maior, as perspectivas parecem se mostrarem mais favoráveis. Mais por razões próprias, e em especial pelo volume de investimentos públicos e privados, praticamente assegurados, mas também por peculiaridades e circunstâncias externas.
E aqui é importante fazermos uma distinção entre atividades tipicamente vinculadas aos ciclos econômicos internos e aquelas não cíclicas, mais atreladas a mercados externos. E nesse aspecto vale ressaltar que a economia capixaba tende a se movimentar mais pelas atividades não cíclicas, leia-se commodities, do que as cíclicas – mercado interno.
No caso das commodities haverá um elemento comum a favorecer: o câmbio pressionado. Num computo geral o cenário se mostra também favorável. No caso de petróleo e gás, as expectativas são favoráveis em relação à produção e preço, que deverá se movimentar acima de US$ 70,00. Na celulose não são vislumbrados percalços. Já em relação ao aglomerado de minério de ferro – pelotas – as perspectivas não parecem tão alvissareiros, com preço com tendência de queda.
Para o agro, 2025 tende a se transformar em extensão de 2024, sobretudo nos cafés, arábica e conilon. A predominância do conilon, que responde por cerca de 75%, reduz o efeito da “bianualidade” de safras do arábica. Na mesma linha caminha a agroindústria do café e demais produtos exportados como pimenta do reino, mamão e gengibre.
É plausível, portanto, admitirmos que a economia capixaba supere em desempenho, em 2025, a economia nacional.
*Orlando Caliman é economista, ex-secretário de Estado do Espírito Santo e diretor econômico da Futura Inteligência
As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória