1.942 - Aprendendo a Habilidade de se Conectar - Buscando os Melhores Resultados de Produtividade

Cristiana Aguiar – Artigo  publicado originalmente no  Jornal do Brasil – www.jb.com.br

Vamos ao tema: Há alguns anos, chamou-me a atenção um desenho infantil que, ao final, em vez de dizer “e foram felizes para sempre”, a frase era “e ficaram conectados para sempre”. O desenho animado foi lançado em 2011, mas a palavra conexão já estava fazendo parte da vida de todos os cidadãos do mundo. A internet conectou as pessoas nos anos 1990, a evolução tecnológica acelerou e aprimorou as conexões, e a palavra entrou nos romances produzidos pela Disney.

O filme Avatar também aborda a questão da conexão fortemente em seu contexto, não apenas na história central quando o indivíduo se conecta com seu avatar, mas também na terra de Pandora, ao se conectarem com animais voadores e aquáticos. A conexão faz o animal obedecer ao avatar, e os dois, em um mesmo propósito, alcançam seus objetivos.

Saindo do mundo encantado e aterrissando em nossa realidade, ouço muitas pessoas falarem sobre comunicação. Conceitos como comunicação não-violenta e comunicação assertiva têm grande relevância, especialmente no mundo corporativo. Como escreveu o autor do livro “Comunicação nas Empresas”, Ralph G. Nichols, em um texto publicado pela Harvard Business School: “o critério número um para os profissionais avançarem e ganharem uma promoção é a habilidade de se comunicar efetivamente.”

O que não pode ser esquecido é o fato de que comunicar não é o mesmo que se conectar. Conectar-se é a habilidade de trazer uma pessoa para perto de si, prender sua atenção de tal forma que seja possível exercer influência sobre ela. A comunicação é uma aliada, mas não é suficiente.

Para criar conexão, é preciso ter interesse legítimo pela outra pessoa, dar uma pausa em minha ideia para ouvir a ideia do outro, valorizar o momento e demonstrar de forma clara. Agir assim faz toda a diferença, gera confiança, produz engajamento e cria uma sinergia onde a eficiência é maior do que a soma das contribuições.

A grande questão é como fazer conexões genuínas. É fundamental gerar uma identificação autêntica que resulte em relacionamentos saudáveis. Por sua vez, os relacionamentos saudáveis proporcionam a atmosfera necessária para aumentar a produtividade e a efetividade nas empresas.

O maior empecilho para a construção de boas conexões é a falta de discernimento. Em uma ligação telefônica ou via WhatsApp, é fácil identificar uma conexão ruim, falhando, mas e em uma conversa one-on-one? Como saber o momento exato em que a conexão falhou, ou até caiu?

A intencionalidade explícita, assim como no networking efetivo, atrapalha demais nossas conexões. É preciso entender que em uma conversa não devemos buscar o papel de protagonista, e sim almejar ser a ponte entre um conhecimento e uma busca. Empenhar-se em entender a necessidade do outro e se colocar em um papel de ajudador contribui muito para a construção da conexão. O problema é que, por vezes, somos egoístas demais e, no afã de sermos atendidos, esquecemos de buscar compreender antes de ser compreendidos. Essa máxima da comunicação “não-violenta” nos ajuda a conectar.

Buscar agregar valor ao outro é um caminho imprescindível. Líderes que se conectam bem conseguem, via de regra, extrair o máximo das potencialidades de seus liderados, em função da proximidade que estabelecem, oportunizando diálogos mais inclusivos e produtivos.

O perigo de toda tentativa de proximidade da liderança com seus times é quando o líder acredita que tem muito a falar e pouco a ouvir. Nenhuma relação se estabelece quando falamos de nós para nós mesmos.
É preciso buscar palavras que despertem interesse, é essencial produzir no outro expectativas positivas.

Vejo alguns empresários no setor de serviços falarem que trabalham no ramo A, B ou C, quando na verdade todos deveriam entender que trabalham no ramo de pessoas, oferecendo o serviço A, B ou C. Se as pessoas compreenderem que importam, perceberem como podem ser ajudadas e puderem confiar, o negócio está feito. É tudo sobre pessoas!

Certa vez, em um auditório, o palestrante perguntou ao grupo qual o idioma mais importante para eles falarem. Entre inúmeros braços levantados, disputando a resposta entre o inglês e o espanhol, uma pessoa respondeu: a língua do meu cliente! A resposta foi perfeita. Entender que conexão é sobre os outros é uma chave para ter sucesso!

Conectar vai além de se comunicar, assim como se comunicar vai além das palavras. Mais de 90% da impressão que muitas vezes transmitimos não tem a ver com o que dizemos.

Toda comunicação tem três componentes essenciais: o intelectual, o emocional e o volitivo, ou seja, trata-se do que eu penso, do que eu sinto e do que eu faço. Daí a famosa frase do pensador Ralph Waldo Emerson “o que você é fala tão alto que não consigo ouvir o que você está dizendo”.

Levando em consideração situações onde sentimentos e ações são comunicadas, o que dizemos corresponde a 7% do que é acreditado, a forma como falamos corresponde a 38%, e o que os outros veem 55%.

Logo, encerro este artigo não com uma fórmula sobre como saber se conectar, mas sugerindo que, para criar conexões verdadeiras, é preciso levar um pouco de nós para o que estiver sendo transmitido. As empresas e os líderes que entenderem que, para serem representados por seus colaboradores, é preciso fazê-los parte do negócio ou trabalho, sairão na frente.

É muito mais do que apresentar o propósito, a visão e a missão da organização. É um chamado para integrar o projeto de forma constante, profunda e voluntária. Como disse o conferencista John Maxwell em um de seus livros, “nada pode acontecer por seu intermédio até que aconteça com você primeiro”. Esse é o convite! A vida é sobre a arte de discernir o que é essencial!

Autora: Cristiana Aguiar. Economista- Especialista em Gestão de Negócios e Gestão de Pessoas. Conselheira no Conselho Empresarial de Governança, Compliance e Diversidade da ACRJ. CEO da empresa Jeito Certo Consultoria

Fotos e grifos : Pesquisa Gestão e Resultados, Ilustrações; Getulio A. Ferreira

Getulio Apolinário Ferreira

Colunista

Escritor pela Qualitymark Editora, Consultor organizacional, Engenheiro na linha da gestão japonesa com dois estágios no Japão nas áreas de projetos criativos dos Thinking Groups da Kawasaki Steel, Qualidade Total, Kaizen/Inovação e programas Zero Defeitos estabelecendo um forte link com o Programa de Qualidade Total da CST, hoje Arcelor Mittal. Getulio participa também, com muita honra, da Academia Brasileira da Qualidade – ABQ onde estão os profissionais de maior destaque nas áreas da Qualidade e Inovação do Brasil.

Escritor pela Qualitymark Editora, Consultor organizacional, Engenheiro na linha da gestão japonesa com dois estágios no Japão nas áreas de projetos criativos dos Thinking Groups da Kawasaki Steel, Qualidade Total, Kaizen/Inovação e programas Zero Defeitos estabelecendo um forte link com o Programa de Qualidade Total da CST, hoje Arcelor Mittal. Getulio participa também, com muita honra, da Academia Brasileira da Qualidade – ABQ onde estão os profissionais de maior destaque nas áreas da Qualidade e Inovação do Brasil.