O Hospital Santa Rita, em Vitória, realizou neste mês de março, o primeiro procedimento de cirurgia robótica para tumores de orofaringe, representando um avanço na oferta de tratamentos menos agressivos e mais eficazes para a população local. Dos casos tratados na instituição, em 2024, os tumores de cabeça e pescoço ocuparam o sexto lugar no ranking dos atendimentos.
A cirurgia robótica tem se consolidado como uma das maiores inovações na medicina moderna, trazendo avanços significativos para diversas especialidades cirúrgicas. Com o uso de tecnologia de última geração, essa técnica proporciona benefícios que vão desde maior precisão nos procedimentos até uma recuperação mais rápida e menos invasiva para os pacientes.
“A cirurgia robótica é mais uma ferramenta disponível para o cirurgião de cabeça e pescoço no tratamento do câncer, com vantagens oncológicas, funcionais e estéticas. Ela fornece uma visão tridimensional do campo operatório, permite um acesso mais preciso e direto ao tumor, reduzindo o risco de danos aos tecidos adjacentes, facilitando controle de sangramento e melhor avaliação das margens de segurança oncológica”, destacou Jeferson Lenzi, cirurgião de cabeça e pescoço e chefe do Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Hospital Santa Rita. “Considero sempre uma grande conquista quando podemos oferecer ao nosso paciente o que há de mais preciso no tratamento da sua doença. Me sinto feliz em participar desse momento inédito no Espírito Santo”, completa.
Benefícios da cirurgia robótica
Um dos principais benefícios da cirurgia robótica é a ampliação da visualização do cirurgião por meio de uma visão tridimensional magnificada, permitindo movimentos mais precisos e delicados. “Os filtros de movimento do robô possibilitam que os gestos do médico sejam transferidos para os instrumentos cirúrgicos com máxima precisão, tornando os procedimentos menos invasivos. Isso é particularmente vantajoso para cirurgias em áreas de difícil acesso, como a garganta e a base da língua”, ressaltou Thiago Celestino Chulam, PhD em Oncologia e cirurgião de cabeça e pescoço do AC Camargo Cancer Center – ele atua, ainda, operando pacientes em parceria com os profissionais do Hospital Santa Rita.
O especialista acrescenta ainda que, nos últimos dez anos, houve um aumento expressivo nos casos de tumores de orofaringe relacionados ao vírus HPV. “Embora esses tumores apresentem um prognóstico mais favorável, os tratamentos convencionais ainda impõem altos níveis de toxicidade e sequelas funcionais significativas aos pacientes. Nesse contexto, a cirurgia robótica surge como uma alternativa revolucionária, permitindo a remoção do tumor com segurança oncológica, ao mesmo tempo em que preserva funções essenciais, garantindo uma melhor qualidade de vida no pós-operatório”, enfatizou Thiago Celestino Chulam.
Além disso, a estratégia terapêutica tem evoluído para reduzir a necessidade de tratamentos mais agressivos, como a radioterapia. Em muitos casos, o protocolo adotado envolve o uso de quimioterapia ou outras medicações para reduzir o tumor antes da cirurgia robótica. Essa abordagem permite que os pacientes tenham melhores desfechos clínicos, minimizando os efeitos colaterais e promovendo uma recuperação mais rápida.
A difusão da cirurgia robótica no Brasil representa um avanço significativo para a medicina oncológica e para os pacientes que buscam tratamentos mais seguros e menos invasivos. Com tecnologia aliada à expertise médica, essa inovação não apenas melhora os resultados oncológicos, mas também devolve aos pacientes a possibilidade de uma vida com mais qualidade e bem-estar.
ROBÔ DA VINCI Xi – A primeira cirurgia robótica de cabeça e pescoço do Espírito Santo foi realizada por meio do robô Da Vinci Xi. Trata-se de um sistema cirúrgico considerado o mais moderno do segmento robótico do mundo. A inovação está nas imagens em 3D HD e visão magnificada, além de o robô possuir quatro braços de longo alcance. A articulação dos instrumentos possui movimentos de rotação e angulação melhores que da própria mão humana e com tecnologias de filtro de tremores e movimentos intuitivos, permitindo ao cirurgião operar com movimentos totalmente precisos e naturais.
Odontopediatra, Professora, Mestre e Doutora da Universidade Federal do Espírito Santo, foi diretora presidente do Centro Médico Shopping Vitória por mais de uma década e hoje atua como consultora de empresas, na execução de projetos estratégicos na área da Saúde.
