Coleta seletiva é ferramenta de inclusão social no Brasil

A coleta seletiva de materiais recicláveis pode ser, além de uma solução ambiental para reduzir os resíduos produzidos e dispostos em aterros sanitários nas cidades, uma eficaz ferramenta de inclusão social, de acordo com a tese de doutorado de Gina Rizpah Besen da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP.

A pesquisa da psicóloga e consultora socioambiental avalia as parcerias de municípios com organizações de catadores como uma forma de resolver problemas ambientais e sociais das cidades brasileiras.

Atualmente, apenas 18% dos municípios brasileiros realizam a coleta seletiva, sendo que 66% deles a praticam em parceria com organizações de catadores, mesmo que de forma não remunerada. O estudo de Gina desenvolveu 14 indicadores de sustentabilidade para avaliar a gestão sustentável da coleta seletiva das prefeituras em parceria com organizações de catadores e 21 indicadores para avaliar a gestão sustentável das organizações de catadores.

Entre os indicadores de gestão das prefeituras estão fatores como sustentabilidade econômica, taxas de cobertura de coleta seletiva, parcerias e taxa de recuperação de materiais recicláveis. Já a avaliação de gestão das organizações de catadores estão componentes como atendimento e adesão da população, condições de trabalho, inclusão de catadores avulsos, auto financiamento, entre outros.

O método de construção dos indicadores foi participativo. Realizou duas rodadas de questionários por meio da técnica Delphi – com especialistas – intercaladas e complementadas por oficinas regionais e específicas nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Belo Horizonte. Para dinamizar e simplificar os dados obtidos foram elaborados dois “Radares de Sustentabilidade” que indicam visualmente o grau de sustentabilidade da coleta seletiva e das organizações de catadores.

Segundo Gina esses instrumentos possibilitarão planejar e monitorar a prestação de serviço da coleta seletiva.“A coleta seletiva pode melhorar indiretamente a qualidade de vida da população e diretamente a dos catadores”, afirma. Atualmente, os indicadores de sustentabilidade desenvolvidos já estão sendo aplicados em municípios dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

Para conhecer melhor a evolução da coleta seletiva também foi realizada uma pesquisa nos 39 municípios da região metropolitana de São Paulo. De acordo com o estudo houve aumento da quantidade de municípios com coleta seletiva e de organizações de catadores no período entre 2004 e 2010. Enquanto em 2004, 23 municípios tinham coleta seletiva, 19 deles em parceria com catadores organizados em associações / cooperativas, em 2010, passou para 29 municípios com coleta seletiva dos quais 28 com catadores. Outros seis municípios possuem projetos de implantação em parceria com catadores em 2011.

“Mesmo com a crise global de 2008 que provocou a queda dos preços dos materiais recicláveis e levou diversas cooperativas nacionais à falência, o setor continua crescendo principalmente devido aos investimentos do governo federal”, verificou a pesquisadora. Nos últimos sete anos, o governo federal vem investindo em infraestrutura e na capacitação de organizações de catadores, juntamente com a criação do Movimento Nacional dos Catadores, o que contribuiu para o crescimento da coleta seletiva no país.

Outro fator que contribui para o crescimento do setor, segundo a pesquisadora, é a aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). “Por meio desta medida podem ser criados mecanismos para incrementar a coleta seletiva, e a remuneração das organizações de catadores pela prestação de serviço”, diz.

Fonte: Farol Comunitário – 28/05/2011

Colaboração: Robson de Almeida Melo e Silva

Getulio Apolinário Ferreira

Colunista

Escritor pela Qualitymark Editora, Consultor organizacional, Engenheiro na linha da gestão japonesa com dois estágios no Japão nas áreas de projetos criativos dos Thinking Groups da Kawasaki Steel, Qualidade Total, Kaizen/Inovação e programas Zero Defeitos estabelecendo um forte link com o Programa de Qualidade Total da CST, hoje Arcelor Mittal. Getulio participa também, com muita honra, da Academia Brasileira da Qualidade – ABQ onde estão os profissionais de maior destaque nas áreas da Qualidade e Inovação do Brasil.

Escritor pela Qualitymark Editora, Consultor organizacional, Engenheiro na linha da gestão japonesa com dois estágios no Japão nas áreas de projetos criativos dos Thinking Groups da Kawasaki Steel, Qualidade Total, Kaizen/Inovação e programas Zero Defeitos estabelecendo um forte link com o Programa de Qualidade Total da CST, hoje Arcelor Mittal. Getulio participa também, com muita honra, da Academia Brasileira da Qualidade – ABQ onde estão os profissionais de maior destaque nas áreas da Qualidade e Inovação do Brasil.