A terceira edição do Weefor ARQ, pioneiro na escolha de projetos residenciais privados no Brasil, está com inscrições abertas até 18 de dezembro de 2024. Promovido pela incorporadora Weefor, o concurso visa selecionar o projeto de um edifício residencial de 12 m² em Curitiba, marcando o maior empreendimento da empresa até o momento.
O concurso é aberto a arquitetos de todo o país e tem o objetivo de democratizar o acesso ao mercado imobiliário e incentivar a criação de espaços que atendam às necessidades reais das pessoas e da cidade. A banca julgadora é composta por profissionais renomados da arquitetura brasileira, incluindo Adriano Mascarenhas, Alexandre Salles, Daniel Mangabeira, Marta Moreira, Paula Otto e Paula Morais.
O total de prêmios é de R$ 611 mil, com a seguinte distribuição: o 1º lugar recebe R$ 566 mil (R$ 50 mil de prêmio e R$ 516 mil de contrato para desenvolvimento do projeto), o 2º lugar R$ 30 mil e o 3º lugar R$ 15 mil.
As inscrições podem ser realizadas no site https://weefor.arq.br/, onde também estão disponíveis o edital e as bases para participação. A taxa de inscrição é de R$ 250, valor que será revertido para o Instituto WF em apoio a projetos de impacto social.
DIVERSIDADE ÉTNICA
O último Censo Demográfico realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2022, mostrou que 55,4% da população brasileira se identifica como negra. Porém, quando este recorte é realizado em setores profissionais, o número cai drasticamente. Segundo dados do último Diagnóstico de Equidade de Gênero e Raça publicado pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU BR) em 2020, apenas 4,33% e 13,81% dos arquitetos registrados no órgão se identificam como pretos e pardos, respectivamente.
Para um dos jurados do concurso, o arquiteto e pesquisador Alexandre Salles, a diversidade é um aspecto essencial para a transformação da arquitetura. Ele afirma que a participação de arquitetos pretos e pardos, por exemplo, está aumentando, mas ainda há um longo caminho para que esse crescimento seja verdadeiramente equitativo e representativo.
“O setor historicamente teve barreiras que limitaram o acesso e a visibilidade de profissionais negros, desde a formação acadêmica até a projeção no mercado. Entretanto, o cenário está se transformando graças a iniciativas como o Weefor Arq, que promovem representatividade e criam espaços para discussões sobre raça, identidade e inclusão,” comenta Salles.
Segundo o profissional, para a área evoluir, é necessário fomentar políticas que incentivem a diversidade, como bolsas de estudo para jovens de periferias, mentorias e ações afirmativas em concursos e editais. “Ter mais profissionais pretos e pardos em cargos de liderança é fundamental para mudar narrativas e criar projetos que representam a pluralidade cultural do Brasil. Instituições, empresas e escritórios de arquitetura precisam ser proativos na busca por essa inclusão,” ressalta.
Alexandre Salles, arquiteto e jurado do 3º Weefor ARQ. Foto: Sara Lima (divulgação).
Na Weefor, incorporadora que criou o concurso, Bruno Henrickie é especialista de produto e conquistou a graduação graças a uma bolsa de estudos. Ele avalia que o concurso é uma grande oportunidade para profissionais de todos os credos, etnias, orientação sexual e outras minorias.
“Assim como no começo da minha carreira foi difícil romper essa ‘bolha’ por conta do meu contexto social e étnico, acredito que muitos profissionais pretos e pardos enfrentam obstáculos semelhantes para entrar em grandes escritórios de arquitetura”.
O gerente financeiro reforça que ainda há pontos a serem discutidos no mundo corporativo. “É importante que as empresas entendam que a linha de partida não é a mesma para todos e que a diversidade também passa por aí. Experiências de vida e de trabalho variadas podem enriquecer muito o ambiente corporativo, trazendo diferentes soluções para os desafios do dia a dia, sejam eles operacionais ou comportamentais”, enfatiza Henrickie.
Os desafios na trajetória profissional também foram vividos por Salles, que admite ter enfrentado isto continuamente. “Venho de uma família afrodescendente, com raízes na Chapada Diamantina e no sul de Minas Gerais, e isto me permitiu crescer em um ambiente que valorizava saberes ancestrais. Esse contexto me proporcionou uma base de respeito e potência, mas também me fez perceber a falta de representação acadêmica e profissional, na minha jornada”
Referências no que fazem, Bruno e Alexandre reforçam a contínua busca por conhecimento e a abertura de espaço para pretos e pardos. Para Bruno, a dica é buscar conhecimento, desenvolvimento e pessoas que inspirem e ajudam os outros a serem uma versão melhor de si mesmo. “Dizem que somos a média das pessoas com quem convivemos, e isso é verdade. Se você não estiver cercado de pessoas que possam agregar algo na sua vida, o caminho fica bem mais difícil”.
E para Salles, o recado é para os profissionais da arquitetura: “reconheçam e valorizem as contribuições que vêm da diversidade. O design e a arquitetura são disciplinas que constroem mais que espaços; elas constroem a nossa sociedade, nossa cultura, e refletem quem somos. Precisamos ver isso nas nossas escolhas de materiais, nas histórias que contamos e na forma como incluímos as vozes diversas que compõem nosso país”.