Estudo do Cedagro apresenta custos de produção na agricultura capixaba – Documento avalia também relação do custo de produção com o mercado dos produtos analisados

O Centro de Desenvolvimento do Agronegócio (Cedagro), entidade que visa a defesa, promoção e fortalecimento do setor rural capixaba, divulgou os resultados do estudo “Coeficientes Técnicos e Custos de Produção na Agricultura do Estado do Espírito Santo”. A ampla pesquisa realizada, contendo 72 planilhas de 40 atividades agrícolas em diferentes níveis tecnológicos e situações, mostra a comparação do custo das principais culturas em 2013 em relação a 2011.

De acordo com o estudo, os custos de produção das atividades agrícolas continuam crescendo acima da inflação. Nos dois últimos anos (2011 e 2012), enquanto a inflação acumulada do período foi de 13%, o aumento médio dos custos no campo foi de 20%. “Em todas as atividades estudadas, os serviços é o fator que mais compromete, representando, em média, de 60% e 70% do total do custo de produção. Isso em função da grande demanda de mão-de-obra, especialmente em algumas culturas, como o café arábica”, destaca Gilmar Dadalto, coordenador técnico do Cedagro. O custo referente a serviços teve um acréscimo de 27% nos últimos dois anos, acima inclusive do aumento do salário mínimo acumulado do período que foi de 24,4%.

Para os insumos e materiais (mudas, fertilizantes, sementes, produtos fitossanitários, etc), o aumento médio foi de 10%, abaixo da inflação do período. Os fertilizantes, por exemplo, contribuíram pouco para este aumento, pois tiveram acréscimos de apenas 3% dentro do período estudado.

Para Gilmar Dadalto, o estudo é uma importante ferramenta para tomada de decisão do produtor rural em sua atividade. “No site do Cedagro (www.cedagro.org.br), é possível acessar uma planilha completa de cada atividade analisada e verificar dados fundamentais de custos de produção que irão auxiliar nas decisões de gestão no campo. É um estudo amplo e essencial para o produtor capixaba”, afirma.

Custos versus mercado  – O estudo do Cedagro analisou os custos de produção e o preço dos produtos no mercado nos últimos dois anos. Em relação ao café, principal produto agrícola estadual, o aumento de preço foi inferior a elevação dos custos de produção. Somente acima de 50 sacas/ha é possível obter lucro com a atividade do café arábica cujo custo médio é de R$ 316,00/saca.

No caso do café conilon, os custos médios variam de R$ 188,00/saca na produtividade de 30 sacas por hectare (média estadual) e R$ 169,00/saca na produtividade de 100 sacas/ha (irrigado). “Nesse caso, o valor da saca de café Conilon, em níveis médios de produtividade, é superior ao custo de produção. É importante ressaltar que o preço mínimo estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional, tanto para o arábica (R$ 307,00/saca) quanto para o Conilon (R$ 156,57/ saca), é inferior aos custos de produção.

A seringueira apresentou uma elevação significativa no preço da borracha natural entre os anos de 2009 e 2011, mas entre 2011 e 2013 os preços se estabilizaram. “Apesar desta estabilização no preço do produto, o custo de produção representa 50% do valor pago pelo produto, o que mostra uma atividade de boa rentabilidade”, afirma Gilmar Dadalto, do Cedagro.

A pimenta do reino se destacou entre as atividades com maior rentabilidade. O preço pago pelo produto é quase três vezes maior que seu custo de produção. Já a cultura do cacau tem apresentado baixa rentabilidade, em função dos baixos preços praticados no mercado que praticamente não cobrem seus custos de produção.

Na agroindústria, destacam-se as culturas do maracujá, manga e abacaxi, sendo que o maracujá teve um aumento percentual no preço do produto superior ao aumento percentual no custo de produção considerando o período avaliado, o que contribuiu com o aumento da rentabilidade da atividade. Para a manga, atualmente o custo de produção representa 50% do valor pago pelo produto. No abacaxi, o valor pago pelo fruto está ligeiramente superior ao custo de produção, porém, a atividade apresenta boa rentabilidade em função da sua alta produtividade.

Os estudos foram baseados em área por hectare (ha) e os preços atualizados dos produtos listados referem-se a valores médios dos principais pontos comerciais do Estado, e foram coletados em janeiro de 2013. O estudo pode ser encontrado no site www.cedagro.org.br com as planilhas completas de cada produto.

Getulio Apolinário Ferreira Colunista
Colunista
Escritor pela Qualitymark Editora, Consultor organizacional, Engenheiro na linha da gestão japonesa.