Aversão ao risco, falta de apoio à pesquisa e baixo volume de patentes são alguns dos fatores que refreiam a liderança do Brasil, segundo especialista

Segundo o professor Augusto Grieco, da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM-SP), ser inovador é gerar valor com a aplicação de uma nova ideia, e isso vale como medida para pessoas, organizações e países. Como gerente do Centro de Inovação e Criatividade da ESPM, Grieco desenvolve projetos de inovação em produtos e modelos de negócios, dedicando-se, inclusive, à inovação aberta.

Nesta entrevista, o professor alerta para o fato de que uma das maneiras de medir quão inovador é um país é o número de patentes depositadas, quesito em que o Brasil “não figura entre os top 20”. No nível das empresas e indivíduos, a aversão ao risco é um dos grandes entraves à inovação. No entanto, escapar de assumi-lo é impossível para quem deseja, no mínimo, acompanhar a velocidade das mudanças. Em outras palavras, o risco de não gerir o risco é entrar em declínio.

Qual a diferença entre ser criativo e ser inovador?

Ser criativo é ter uma nova ideia. Ser inovador é aplicar essa nova ideia e gerar valor.

Se o senhor fosse contratar um diretor de inovação, que perfil buscaria?
Eu buscaria um perfil verdadeiramente inovador. Hoje, confunde-se muito aquele profissional “novidadeiro” –que embarca em todos os modismos, faz muito barulho, mas não traz resultados palpáveis para as empresas– com o indivíduo que, de fato, traz resultados por meio de novos projetos e novos modelos de negócios.

O brasileiro e as organizações brasileiras são tão criativos como inovadores?

Existem diversas maneiras de medir criatividade e inovação. Uma das métricas muito utilizadas para se mensurar a inovação é pelo número de patentes que um país detém, isto é, as que deposita ou obtém. Nesse quesito, o Brasil não figura entre os top 20.

De que maneira se vence a aversão ao risco da inovação?

A inovação implica risco, e o risco tem muito a ver com o perfil de cada profissional e cada empresa. Se pensarmos que os executivos são medidos por resultados, geralmente os de curto prazo, perceberemos que a inovação acaba ficando em segundo plano.

Por vezes, o próprio dirigente principal da empresa resiste a assumir riscos com inovação. Se pudesse aconselhar essa pessoa, o que diria?
Eu diria uma frase do pragmático Jack Welch: “Se a velocidade da mudança dentro das empresas for menor do que a velocidade fora delas, o fim está próximo!”

Se fosse responsável por iniciar um processo de fomento à cultura de inovação em uma empresa, quais seriam seus primeiros passos?
O fomento à cultura de inovação não é um processo rápido, mas uma das primeiras providências que tomaria seria realizar a análise de risco em projetos de inovação, pois não se pode avaliar um projeto arrojado e inovador com os mesmos parâmetros pelos quais se analisam projetos corriqueiros. Feito o ajuste, as pessoas teriam mais predisposição, ou mais coragem, para assumir riscos.

Em que medida a educação formal pode contribuir para facilitar a gestão da inovação?

A educação acadêmica ajuda os gestores a formalizarem processos estruturados de inovação, além de ampliar seu repertório.

Por que a parceria entre empresas e universidades pode ser interessante para impulsionar a inovação?

Já é amplamente difundida, pelo modelo de inovação aberta, a ideia de que, por mais talentos que uma empresa possua, ela não tem todos os talentos do mercado. Assim, o estimulo às parecerias entre universidades e empresas auxilia os gestores a captarem, de maneira mais eficaz, esse conhecimento distribuído, reduzindo substancialmente o tempo e os investimentos necessários aos projetos de inovação.

O senhor considera que o Brasil deva investir, atualmente, mais em pesquisa aplicada do que em pesquisa pura?

No Brasil, tanto a pesquisa pura como a pesquisa voltada para o mercado devem ser estimuladas.

Fonte: Portal HSM – 14/08/2012

Getulio Apolinário Ferreira

Colunista

Escritor pela Qualitymark Editora, Consultor organizacional, Engenheiro na linha da gestão japonesa com dois estágios no Japão nas áreas de projetos criativos dos Thinking Groups da Kawasaki Steel, Qualidade Total, Kaizen/Inovação e programas Zero Defeitos estabelecendo um forte link com o Programa de Qualidade Total da CST, hoje Arcelor Mittal. Getulio participa também, com muita honra, da Academia Brasileira da Qualidade – ABQ onde estão os profissionais de maior destaque nas áreas da Qualidade e Inovação do Brasil.

Escritor pela Qualitymark Editora, Consultor organizacional, Engenheiro na linha da gestão japonesa com dois estágios no Japão nas áreas de projetos criativos dos Thinking Groups da Kawasaki Steel, Qualidade Total, Kaizen/Inovação e programas Zero Defeitos estabelecendo um forte link com o Programa de Qualidade Total da CST, hoje Arcelor Mittal. Getulio participa também, com muita honra, da Academia Brasileira da Qualidade – ABQ onde estão os profissionais de maior destaque nas áreas da Qualidade e Inovação do Brasil.