Mauricio de Oliveira, articulista do excelente Portal, Qualidade Brasil, publicou este artigo recentemente e nos chamou atenção. É sabido que a implantação do 5S começa com os 3 primeiros, ou seja, na ordem: Utilização ou Descarte, Ordem ou Organização, e completando, o S da Limpeza. O S da Higiene ou Saúde, normalmente é implantado no decorrer do projeto e podemos considerar que é um Senso muito especial no contexto geral do trabalho de implantação e manutenção.

Na visão atenta e competente de Maurício, Higiene e Limpeza andam de mãos dadas, por isso no artigo anterior (publicado no portal Qualidade Brasil), onde se lia seisou –higiene leia-se seisou – limpeza, que é o correto e é o que trata aquele artigo. O conceito de Higiene no Programa 5S, no entanto, é muito mais abrangente. Higiene é:

1. Eliminação do estresse da pessoa.

2. Praticar a higiene é ter qualidade de vida.

3. Higiene é manter as condições físicas e psicológicas favoráveis à saúde, ao equilíbrio. A valorização do ambiente do trabalho começa pelo bem estar individual. Por isso é importante que cada um analise se as condições físicas são favoráveis e se está preparado emocionalmente (ou psicologicamente) para ter um relacionamento saudável com as pessoas com as quais convive.

Daí a importância das atividades de Higiene, que merecem especial atenção por parte das pessoas, que deverão buscar uma melhor qualidade de vida livre de estresse, com tranqüilidade, auto-estima, tolerância, prazer, saber ouvir, inteligência emocional no que diz respeito a tratar os conflitos normalmente, como algo que sempre acontece e é produtivo, eliminar as intrigas, fofocas e insegurança nas relações, colocar-se sempre no lugar do outro (empatia) para que as ações sejam mais corretas e humanas e transparência nas relações. Como vemos aqui, o conceito de higiene no Programa 5S está ligado ao meio ambiente, à qualidade de vida; é muito mais do que apenas limpar a mesa e lavar as mãos.

Para melhorar a qualidade de vida com a prática da Higiene, torna-se necessário aplicá-la na vida pessoal. Pratique a atividade do auto-conhecimento. Descarte sentimentos inúteis como a raiva, a intolerância com as pessoas e objetos, a ganância por coisas materiais.

Organize sua agenda diária de atividades, inclua tempo para ouvir as pessoas, os amigos, a si próprio, organize idéias, planos pessoais e objetivos de vida. Efetue a Higiene para uma análise de sua imagem pessoal, observando a sua aparência, uniforme e roupa, corte dos cabelos, barba feita, unhas roupas e calçados limpos, além de outros detalhes mais femininos como esmaltes descascados e etc. Comece praticando e treinando a equipe na prática  da “auto-higiene”, dissemine a prática pela empresa, e depois de um tempo poderá reavaliá-los, verificando se houve progresso e se estarão se esforçando para isso.

Ao praticar a atividade para melhorar o autoconhecimento, você, certamente, poderá perceber que as mudanças no ambiente dependem de suas atitudes pessoais. Não se esqueça da célebre frase: “Quer que as coisas mudem?, Então comece mudando a si mesmo”. Manter as condições do ambiente propícias ao processo de educação ou reeducação é fator determinante na fase da Higiene. Por isso, é importante observarmos tudo que, de alguma forma, possa comprometer ou dificultar o processo de educação ou reeducação das pessoas na empresa.

Manter as condições do ambiente propícias ao processo de educação ou reeducação é fator determinante na fase da Higiene. Portanto, procure observar tudo que, de alguma forma, possa comprometer ou dificultar o processo de educação das pessoas, como:

  1. situação de iluminação nas áreas;
  2. nível de ruído/vibração;
  3. temperatura do ambiente;
  4. existência de fontes de sujeira;
  5. situação de armazenamento de substâncias perigosas (materiais tóxicos, voláteis e/ou explosivos);
  6. situações que possam causar algum tipo de poluição (do ar, solo ou água);
  7. situações que possam colocar em risco as pessoas e instalações da empresa (por falta de visualização de locais perigosos, equipamentos/instrumentos/objetos sem a manutenção adequada);
  8. situação da manutenção preventiva de equipamentos e instalações.

Lembra-se do conceito de Limpeza enquanto respeito a objetos e às pessoas. Pois eis aqui algumas dicas que poderão ajudar no desenvolvimento dessa concepção. Para facilitar a prática da Higiene nas empresas é importante que você:

  1. Estimule o uso de roupas, uniformes e equipamentos de proteção limpos, seguros, confortáveis, adequados ao clima e se possível bonitos, todos devem ter prazer em usá-los;
  2. Valorize as pessoas que estiverem com os cabelos e unhas cuidados, aparência saudável e bem-humoradas;
  3. Crie, inove. Incentive as pessoas a se relacionarem melhor, num clima agradável e transparente;
  4. Evite soluções e consertos provisórios. Elimine as “gambiarras”, elimine os “jeitinhos”, faça a coisa certa;
  5. Respeite as orientações dos órgãos competentes (Corpos de Bombeiros, Vigilância Sanitária etc.);
  6. Tenha, no mínimo, um kit de primeiros socorros na empresa;
  7. Promova também o embelezamento do ambiente da empresa, deixe o refeitórios e banheiros sempre bonitos;
  8. Inicie a implantação do plano de melhoria das relações aos poucos. Incentive o grupo a aprofundar os conhecimentos, fortalecendo-se para os desafios da proposta;
  9. Dê início a essa proposta com uma experiência piloto, para colher os resultados e acertar todas as arestas. A partir  daí, prossiga disseminando a proposta por toda empresa, partindo sempre dos desafios simples para os complexos.

Pelas observações acima fica claro que a maioria das providências pede o total envolvimento da alta direção, devendo a equipe de implantação contar com o apoio incondicional dela. Por outro lado nunca é demais lembrar que o processo é quase de catequisação dos funcionários, pois implica em mudanças de hábitos cristalizados nas pessoas e pede também a cooptação dos gerentes, supervisores e encarregados para o programa. Logo, muita divulgação, muita palestra, fale bastante, não poupe o latim.

Na prática, é importante que se inicie a implantação com todas as ações planejadas. Para isso, faz-se necessário pensar e registrar o passo-a-passo das atividades a serem desenvolvidas. Nesse sentido, pode-se imaginar uma espécie de guia para a implantação da higiene, como por exemplo, reunir sua equipe de apoio do programa e planejar o lançamento desta fase, com uma reunião para todos os colaboradores. Você poderá fazer da seguinte forma:

  • enviar convite e afixar cartazes-convite;
  • analisar e planejar sugestões de reparo;
  • providenciar material de reparo;
  • preparar local de reunião;
  • realizar reunião de Higiene;
  • afixar os cartazes de Higiene e de avaliação

Você pode também, planejar, com todos os colaboradores da empresa, a execução da Higiene nas diversas áreas, definindo como essa prática acontecerá, aplicar o exercício de auto-higiene com os colaboradores e preparar um plano de melhoria das relações, abrangendo questões pessoais e aquelas decididas por todos; estimular sempre a equipe de apoio para ajudá-lo no planejamento e na execução da Higiene.

Ela será responsável pelas definições de ações estratégicas; promover palestras sobre assuntos específicos relativos ao bem-estar dos colaboradores. Reforce os aspectos positivos e colha sugestões para o que pode ser melhorado. Para a avaliação, utilize a situação da sua empresa em relação às fases de Limpeza, feita anteriormente. Explore as diferenças havidas entre esta e a avaliação anterior. Caso a avaliação feita para a fase de Limpeza não tenha atingido o alvo, discuta as causas e debata as possíveis soluções.

Na apresentação da Higiene, é interessante ter em mãos um diagnóstico sobre a situação da empresa para apresentar à equipe. Isso facilita a definição das ações a serem desenvolvidas e a divisão de tarefas e responsabilidades .

Fonte: Mauricio de Oliveira – Portal Qualidade Brasil
engenheiro industrial mecânico,especializado em engenharia econômica e administração industrial,e consultor em gestão industrial e gestão da qualidade

Getulio Apolinário Ferreira

Colunista

Escritor pela Qualitymark Editora, Consultor organizacional, Engenheiro na linha da gestão japonesa com dois estágios no Japão nas áreas de projetos criativos dos Thinking Groups da Kawasaki Steel, Qualidade Total, Kaizen/Inovação e programas Zero Defeitos estabelecendo um forte link com o Programa de Qualidade Total da CST, hoje Arcelor Mittal. Getulio participa também, com muita honra, da Academia Brasileira da Qualidade – ABQ onde estão os profissionais de maior destaque nas áreas da Qualidade e Inovação do Brasil.

Escritor pela Qualitymark Editora, Consultor organizacional, Engenheiro na linha da gestão japonesa com dois estágios no Japão nas áreas de projetos criativos dos Thinking Groups da Kawasaki Steel, Qualidade Total, Kaizen/Inovação e programas Zero Defeitos estabelecendo um forte link com o Programa de Qualidade Total da CST, hoje Arcelor Mittal. Getulio participa também, com muita honra, da Academia Brasileira da Qualidade – ABQ onde estão os profissionais de maior destaque nas áreas da Qualidade e Inovação do Brasil.