Sustentabilidade nos negócios: Em essência uma nova maneira de se relacionar com as pessoas e o meio ambiente

Todos os empreendedores e consumidores conscientes que estudam produtos ou serviços sustentáveis se deparam com uma série de desafios, o mais recorrente deles é a  escassez de informações. Em todo bate papo sobre o assunto ouço a reclamação  de que é um mercado extremamente fechado, ninguém disponibiliza informações e de que  é super complicado e confuso. De certa forma é verdade, eu mesmo sendo um consumidor consciente a muito tempo e um participante ativo do “mundo sustentável” sempre me surgem dúvidas e é comum eu não saber a quem recorrer, por isto resolvi escrever uma série de artigos sobre a minha interpretação do mercado e levantar a bola para debatermos e trocarmos idéias.

Um novo mercado, sem padrões, emocional e exigente

Em primeiro lugar precisamos entender que o mercado da sustentabilidade é completamente novo, ele ainda não possui padrões, métricas e não possui líderes,  até mesmo o termo “sustentável” é  passível de diversas interpretações, imagine quando ele se aprofunda e se estende para certificações, comércio justo, orgânico e diversos outros conceitos complexos , é simplesmente complicado.

Mas não se engane, apesar de ser novo e não possuir padrões estabilizados ele é um um mercado extremamente exigente, o que ocorre é que há diversas correntes e interpretações para definir o que é um produto ou serviço sustentável e irá levar um tempo até que estas informações se cruzem e se crie um padrão do que é realmente sustentável.

Atualmente os consumidores do mercado sustentável  são os consumidores conscientes iniciantes e os “comprometidos” que são ativistas de proteção ambiental e animal, vegetarianos, biólogos, gestores e educadores ambientais e outros profissionais que estão extremamente informados e emocionalmente ligados a causa ambiental e social e são formadores de opinião para os consumidores conscientes iniciantes. Para se ter uma idéia da quantidade de pessoas que já encaram o consumo de maneira diferenciada, a pesquisa “O que pensam e como agem consumidores conscientes” de 2005 do Instituto Akatu afirma que 43% das pessoas em regiões metropolitanas já possuem hábitos de um consumidor comprometido e consciente.

Contrariando o que muitas pessoas pensam  o consumidor verde não segue a lógica de comportamento dos consumidores de nicho convencionais, a velha lógica da campanha de marketing agregando valor ao produto não vai funcionar. Só propaganda não consegue convencer. Nós consumidores conscientes temos convicção de nossa escolha e vamos consumir com critério. É uma questão pessoal e quase religiosa, se busca a verdade e não se admite o greenwash (atitude de burlar, maquiar ou enganar o consumidor sobre a sustentabilidade do produto).

Um exemplo recente que esta fórmula não funciona foi o evento musical  SWU. A organização do evento levantou a bandeira da sustentabilidade com vigor e investiu pesado em uma campanha de marketing para agregar o “conceito da sustentabilidade” o resultado?  Basta uma rápida busca no Google:  nenhum blog com conteúdo verde  elogiou o evento, pelo contrário ele foi massacrado e definido como um fiasco em sustentabilidade, o sentimento e o buzz que foi gerado foi exatamente o contrário do esperado. É simples: não adianta só parecer, é preciso ser.

Eu pessoalmente acredito que uma empresa sustentável é aquela que está profundamente empenhada em minimizar o seu impacto ambiental e maximizar o seu impacto social. É uma empresa que enraiza em sua cultura corporativa esta missão e se compromete a colocar a mesma importância na natureza e nas pessoas a importância que coloca no lucro.

A transparência é o termômetro pra medir este compromisso, é a ferramenta que dispomos para e analisar uma empresa. Para ser transparente ela precisa disponibilizar todas as informações possíveis de seus serviços e produtos. Demonstrar a sua cadeia-produtiva e fornecedores e divulgar estudos sobre o impacto dos produtos no meio ambiente e nas pessoas.  Além de disponibilizar informações escutar é a palavra chave, a empresa precisa dar espaço para o consumidor opinar e estar disposta a tomar ações com estas opiniões, inclusive chegando a situações de desistir ou reformular completamente um produto.

A empresa verde precisa estar com a cabeça aberta e aprender a se relacionar com um novo consumidor, mais informado e consciente e entender que a natureza e as pessoas são tão importantes quanto seu lucro.

No próximo artigo vou fala sobre os atores do mercado sustentável e o por que é tão difícil encontrar informações para abrir e desenvolver uma empresa sustentável, o algodão orgânico será o protagonista.

Quer saber mais e debater? Junte-se a nós na comunidade Moda Verde www.modaverde.com.br

Artigo de Guilherme Augusti Negri ( @coletivoverde ) Empreendedor com veia social e ambiental e músico por hobby. Fundador do blog Coletivo Verde.

Enviado pelo nosso colaborador e fã da sustentabilidade, Edson Miranda.

Na foto (Cesar Colnago), a bela, inesquecível e fantástica VITÓRIA. A capital do ES que abriga os amigos da sustentabilidade: Robson Melo, Marins, Lages, Almir Bressan, Valter Matielo, Ary Chamon e tantos outros lutadores pela causa da Qualidade de Vida.

Getulio Apolinário Ferreira

Colunista

Escritor pela Qualitymark Editora, Consultor organizacional, Engenheiro na linha da gestão japonesa com dois estágios no Japão nas áreas de projetos criativos dos Thinking Groups da Kawasaki Steel, Qualidade Total, Kaizen/Inovação e programas Zero Defeitos estabelecendo um forte link com o Programa de Qualidade Total da CST, hoje Arcelor Mittal. Getulio participa também, com muita honra, da Academia Brasileira da Qualidade – ABQ onde estão os profissionais de maior destaque nas áreas da Qualidade e Inovação do Brasil.

Escritor pela Qualitymark Editora, Consultor organizacional, Engenheiro na linha da gestão japonesa com dois estágios no Japão nas áreas de projetos criativos dos Thinking Groups da Kawasaki Steel, Qualidade Total, Kaizen/Inovação e programas Zero Defeitos estabelecendo um forte link com o Programa de Qualidade Total da CST, hoje Arcelor Mittal. Getulio participa também, com muita honra, da Academia Brasileira da Qualidade – ABQ onde estão os profissionais de maior destaque nas áreas da Qualidade e Inovação do Brasil.