Economia

"Nossa maior crise é a falta de lideranças com capacidade de articulação", diz jornalista em evento com empresários no ES

O escritor e jornalista William Waack participou de um encontro com empresários e lideranças do Estado, e analisou a situação política e econômica do país

Foto: Alexandre Mendonça

O jornalista e escritor William Waack analisou o cenário econômico e político brasileiro durante palestra no XI Meeting de Líderes Industriais, promovido pela Findes neste fim de semana. A situação política do Brasil, a governabilidade do presidente da República Jair Bolsonaro e os reflexos da Operação Lava Jato foram temas abordados por Waack durante a explanação para uma plateia atenta, com cerca de 200 pessoas.

Segundo Waack, que também é formado em ciência política, a maior dificuldade no atual cenário político brasileiro é encontrar respostas rápidas para os problemas que o Brasil vem enfrentando. “O brasileiro está sufocado, principalmente porque há algum tempo, o sistema político deixou de atender a demanda da sociedade. A corrupção é um dos grandes problemas do país, mas, para mim, não é a pior. Nossa maior crise é a falta de lideranças com capacidade de articulação. Não haverá solução possível sem que haja muitos perdedores. O legislativo está ficando mais forte e cercando o poder executivo. E o ponto chave hoje é a Reforma da Previdência. Temos que ter a consciência que é necessário e ponto final”, ressaltou.

Waack afirmou ainda que seis meses após assumir a presidência, Bolsonaro vive ainda um desafio de se entender com outros poderes, como o Legislativo. “O verdadeiro representante do povo é o deputado eleito. Qual a governabilidade do governo Bolsonaro? É um sistema de baixa capacidade decisória. Em outras palavras, coloquem-se vocês no lugar do Bolsonaro e pense que nada do que vocês queiram fazer vai andar se você não tiver 308 votos entre os 513 deputados. Qual o tamanho da caneta do presidente?”. 

Foto: Alexandre Mendonça
Léo de Castro, presidente da Findes, e o jornalista William Waack. 

De acordo com o jornalista, o atual presidente convive ainda, seis meses após assumir a presidência do país, com a falência do sistema político. “Bolsonaro tem algumas dificuldades, como a articulação. Ele ajudou a destruir o sistema. Para Bolsonaro, articulação política é palavrão, é pedra no sapato. Hoje, o país tem um presidente com capital político forte e que tem que lidar com um Congresso com baixa decisão e também com os partidos políticos. Um ano atrás, nenhum de nós tínhamos ideia muito clara do grau de destruição das instituições políticas. O principal beneficiado foi o próprio Jair Bolsonaro. Ele foi quem atendeu a uma demanda clara do eleitorado: “vamos chutar o pau da barraca, vamos destruir o sistema”. 

XI Meeting de Líderes Industriais

Com o tema “Desafios da Indústria Capixaba”, o XI Meeting de Líderes Industriais reuniu mais de 200 empresários e lideranças em Pedra Azul, Domingos Martins, neste fim de semana. O encontro foi uma oportunidade para os empresários capixabas debaterem questões fundamentais para a retomada do crescimento econômico.

Segundo o presidente da Findes, Léo de Castro, há uma urgência para resolver os entraves de infraestrutura no Espírito Santo e avançar no desenvolvimento. “É um momento para discutirmos a agenda de desenvolvimento do Espírito Santo. O tema principal é a infraestrutura, o que nós acreditamos ser o ponto mais urgente para colocar o Estado em um caminho mais próspero. Precisamos conectar as empresas capixabas de forma competitiva com o Brasil e com o mundo. A Findes tem contribuído para tornar a sociedade mais próspera e está propondo caminhos significativos para isso, a exemplo da Indústria 2035 e as rotas estratégicas”, afirmou.

Foto: Alexandre Mendonça

O ministro da Cidadania em exercício, Lelo Coimbra, esteve no evento e ressaltou a importância do encontro ser realizado em um momento de discussão em âmbito nacional de reformas importantes. “É um momento muito relevante quanto as expectativas que a conjuntura econômica e das reformas de Previdência e Tributária podem trazer para o país. Há um sentimento de expectativa muito forte que isso ocorra e que a economia possa respirar. É preciso enfrentar esses desafios sem populismos e com responsabilidade. Estamos em uma situação limite e explosiva do buraco previdenciário”, avaliou.