ARTIGO IBEF

O caso WeWork e as lições valiosas para startups e empresários

Mais do que apenas uma história de excessos e erros, é um lembrete valioso das responsabilidades e dos desafios enfrentados por aqueles que se atrevem a inovar

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Foto: Freepik
*Artigo escrito por Alessandro Coutinho, pró-Reitor de Pesquisa, Pós-graduação e Extensão na UVV e Líder do Comitê Qualificado de Conteúdo em Inovação e Tecnologia do IBEF-ES.

No cenário atual de startups e empreendedorismo, as histórias de sucesso são frequentemente acompanhadas por aquelas de fracasso. Poucas são tão marcantes quanto a da WeWork e seu co-fundador e CEO, o imigrante israelense Adam Neumann. 

A série "WeCrashed", lançada em 2022, aborda profundamente a personalidade e a gestão de Neumann, retratando-o não apenas como um visionário, mas também como um rock star.

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Neumann é frequentemente retratado mais como uma estrela do rock do que como o líder de uma das startups mais valiosas do mundo. 

A WeWork, que transformou o conceito de espaços de trabalho compartilhados e rapidamente se tornou um unicórnio – termo utilizado para designar startups avaliadas em mais de US$ 1 bilhão. 

No entanto, o rápido crescimento e a avaliação astronômica também foram acompanhados por uma série de decisões questionáveis por parte de seu líder.

Algumas lições cruciais para startups e empresários com base no caso WeWork:

1. Governança corporativa: uma das primeiras lições da saga WeWork é a necessidade de uma governança corporativa robusta. 

A estrutura que dava a Adam Neumann, co-fundador da WeWork, um controle desproporcional sobre a empresa foi recebido com hesitação por investidores e analistas. 

Uma governança adequada garante que as decisões sejam tomadas de forma responsável, com verificações e equilíbrios em vigor.

2. Crescimento vs. sustentabilidade: o mantra da maioria das startups é crescer rapidamente. 

No entanto, a WeWork mostrou que um crescimento acelerado sem sustentabilidade financeira é uma receita para o desastre. O crescimento deve ser equilibrado com um modelo de negócios sólido e viável.

3. A necessidade da transparência: o mundo dos negócios, particularmente quando se busca o investimento do público, exige transparência. 

A WeWork, em seus preparativos para o Initial Public Offering (IPO), um processo no mercado financeiro em que uma empresa passa a ser de capital aberto com ações negociadas na Bolsa de Valores, foi criticada por não ser totalmente transparente sobre suas finanças, o que acabou prejudicando sua reputação e sua avaliação.

4. A dupla face da cultura corporativa: enquanto a cultura da WeWork era inicialmente vista como inovadora, logo se tornou evidente que, por trás das cervejas grátis e dos espaços de trabalho chiques, havia excessos e decisões questionáveis. 

Uma cultura corporativa saudável deve promover o bem-estar e a produtividade, mas também deve ser fundamentada na responsabilidade.

5. Liderança responsável: a liderança de Neumann tornou-se um ponto de discussão em todo o mundo dos negócios. 

Seu estilo carismático e audacioso foi, para muitos, um fator contribuinte para o rápido crescimento da WeWork. 

No entanto, também destacou a necessidade de líderes que estejam dispostos a ouvir feedback, tomar decisões equilibradas e agir com responsabilidade.

6. Decifrando o hype: no mundo das startups, o hype é comum. No entanto, a saga da WeWork lembra que, por trás do entusiasmo e das grandes avaliações, deve haver uma empresa real e viável.

7. A arte da reinvenção pode ser tardia: a WeWork, após o tumulto de 2019, quando Neumann decidiu vender ações em uma oferta pública teve que se reinventar. 

A capacidade de uma empresa se adaptar, aprender com seus erros e seguir em frente é, talvez, uma das maiores lições desta história, porém se tardia, pode não dar resultados.

Em novembro de 2023, com as dívidas em quase US$ 19 bilhões, a WeWork entrou com pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos e confirma a tese de que uma visão fascinante da ascensão e queda de uma das startups mais faladas da última década. 

Mais do que apenas uma história de excessos e erros, é um lembrete valioso das responsabilidades e dos desafios enfrentados por aqueles que se atrevem a inovar e sonhar grande. 

E, talvez mais importante, destaca a linha tênue entre ser um visionário e se perder no próprio hype.

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