Economia

Financiar ou pagar à vista? Veja qual a melhor opção para você na hora de comprar um imóvel

A forma de adquirir um imóvel depende do momento financeiro de cada comprador. Para acertar na escolha, o economista Eduardo Araujo dá dicas valiosas

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Adquirir a casa própria faz parte do sonho de muitos brasileiros, mas o momento exige um planejamento e conhecimento sobre processo da aquisição. Para a compra do imóvel, alguns consumidores optam pelo pagamento à vista.  Já outros, que não possuem capital para investir, escolhem pelo pagamento financiado. Ambas alternativas devem ser analisadas, considerando a situação de cada comprador.

De acordo com o diretor do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Espírito Santo (Sinduscon-ES), atualmente há cerca de 12 mil unidades em produção nas principais cidades do Estado, como Serra, Vitória, Cariacica, Vila Velha e Viana. Dessas, 52% já estão vendidas, incluindo unidades residenciais e comerciais.

Em uma análise feita pelo diretor, o ano de 2020 começou muito bem no mercado imobiliário, mas a chegada da pandemia do novo coronavírus fez com que as vendas tivessem uma queda bruta nos meses de março, abril e maio. Lorezon explica que a queda de vendas se deu ao fato dos investidores ficarem na incerteza sobre o que poderia acontecer com a economia do país. 

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Diante do cenário atual do país, como investir?
A melhor forma de adquirir um imóvel depende do momento financeiro. Para o economista e consultor do Tesouro Estadual, Eduardo Araújo, a melhor opção para compra de um imóvel sempre será o pagamento à vista. Mas isso nem sempre é possível para alguns compradores. Visando essas pessoas, ele destaca alguns benefícios de se fazer um financiamento.

"Você tem a possibilidade de adquirir um bem sem ter capital e isso pode ser útil para quem também atua empreendendo na área de imóvel. A pessoa pode identificar, por exemplo, um imóvel com o valor muito baixo, mas às vezes ela não tem o capital para adquiri-lo naquele momento, então ela pode usar do financiamento para se tornar proprietária do imóvel e depois fazer uma negociação de venda e de lucro nessa operação. É uma forma de você adquirir esse capital para fazer a aquisição de algum imóvel", explica. 

Financiamento imobiliário

O financiamento é recomendado para compradores que não têm a disciplina de guardar dinheiro ou não tem capital para fazer um investimento à vista. Apesar de ser a opção de muitos, com o financiamento feito pelo banco, o comprador acaba pagando o valor de dois imóveis pelas tarifas de prestação, além de ser um processo demorado, já que envolve instituições e várias etapas.

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Apesar de ter variações de banco para banco, de modo geral, os financiamentos cumprem os mesmos requisitos. O primeiro passo, é pesquisar as taxas cobradas em diferentes bancos para ver qual a melhor proposta. Para um financiamento, é preciso a apresentação de documentações que constam na proposta das Instituições. 

A partir dessas documentações, a instituição irá avaliar se o comprador tem condições financeiras de fazer os pagamentos das parcelas futuras, já que as mesmas têm um prazo mais longo e a instituição avalia o nível de instabilidade da fonte de renda do credor. Nesse processo, é observado se o comprador possui algum tipo de inadimplência no passado. Após todas as avaliações, o contrato é aprovado, mas em qualquer caso de descumprimento do contrato e dos pagamentos, o comprador pode ter a perda do imóvel para a instituição.

Vinicius Quemelli, de 32 anos, é administrador e comprou a tão sonhada casa própria. Por não ter capital para comprar um imóvel à vista, ele optou em fazer o financiamento. Antes de fazer a escolha do investimento, ele fez uma pesquisa em duas instituições financeiras. "Eu comprei o apartamento na planta, mas com a obra da construtora já quase finalizada. Apesar de toda a burocracia, não encontrei dificuldades para conseguir a documentação solicitada e fechar o negócio", afirmou. 

O administrador, Marco Callado, de 35 anos, também comprou o imóvel na planta por ter um melhor valor. "Decidi comprar na planta pela vantagem de poder entrar em um imóvel novo e com um valor muito melhor do que um imóvel pronto. Na região onde comprei, Itaparica, um imóvel com as mesmas características está em torno de 15% a 20% mais caro do que na planta. Também temos a vantagem de poder esperar, já que vou me casar esse ano e a entrega do apartamento deve ser para abril de 2022, " disse.

O financiamento feito por Marco será com parcelas de 25 anos, mas de acordo com ele, como essas parcelas são regressivas, ele pretende quitá-las em 15 anos. "Não é meu primeiro financiamento, pois já fiz um financiamento de uma casa aqui em Linhares há 10 anos. Resolvi novamente financiar um imóvel por não ter todo o recurso disponível para comprá-lo à vista. Porém, mesmo que eu tivesse, eu iria preferir o financiamento e iria deixar o dinheiro aplicado, pois hoje as taxas para financiamento estão mais acessíveis e com isso eu posso ter mais liquidez caso precise do dinheiro. Além do mais, os rendimentos podem acabar anulando os juros pagos," explicou.

Antes de fechar negócio, Marco pesquisou sobre as taxas de juros e alguns custos que teria para pagar em um imóvel na planta. "Quanto a isso não foi difícil se informar, porém uma grande surpresa que tive e gostaria muito de compartilhar com quem deseja fazer esse tipo de compra, é que procure saber ao máximo, não só com o corretor, mas também direto na construtora, todos os detalhes de custos durante a obra e registre tudo o que for conversado, pois no meu caso, descobri alguns custos que acabam encarecendo o imóvel e muitas construtoras usam isso de forma a ganhar além do valor de venda", conta. 

Pagamento à vista

A grande diferença entre comprar um imóvel à vista ou financiado é a burocracia enfrentada em cada um dos processos. Por mais que o financiamento tenha as suas vantagens, para o economista, comprar à vista é sempre a melhor opção, principalmente por conta da economia em relação à taxa de juros. 

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Na compra do imóvel à vista, o comprador tem que levar em conta o potencial de valorização do imóvel naquela região em que ele está comprando.

O empresário, Iramar de Oliveira, de 38 anos, tem experiência com as duas formas de investimento, mas para ele, o pagamento à vista é a melhor alternativa. "Pagamento à vista, eu vejo como a melhor forma para negociar. Acredito que o comprador leve uma certa vantagem na hora de fechar o negócio. Eu já conseguiu economizar R$ 50 mil comprando à vista", conta. 

Em casos onde o comprador é um empreendedor e quer um imóvel para montar uma loja, por exemplo, o economista Eduardo Araújo faz uma observação. "Se a pessoa for dispor de todo o capital para comprar o imóvel, pode ser que ela fique sem caixa para fazer a empresa girar. Para esse tipo de pessoa, comprar um imóvel à vista pode não ser uma boa opção," disse.

Quais os cuidados o consumidor deve ter ao comprar um imóvel?

O economista alerta para as opções de compra. De acordo com ele, quando se quer investir, é preciso conhecer o histórico do imóvel: se tem alguma dívida, se já foi utilizado como garantia para transação comercial, e verificar no prédio como está o histórico com o condomínio.

Ele explica a importância de se pesquisar antes, pois se houver alguma inadimplência, por exemplo, com o condomínio, quando alguém se torna o proprietário, essas causas passam a ser de sua responsabilidade. Araújo orienta também a procura de um corretor, que poderá ajudar a minimizar os riscos de algo dar errado no processo de compra.

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Economista dá dicas

Para quem deseja comprar um imóvel, o recomendado é poupar cerca de 30% do salário que recebe. Exemplo: uma pessoa que tem uma renda de R$ 4 mil reais, deve poupar R$ 1,2 mil. Então, se a renda é de R$ 4 mil, é necessário limitar os gastos a R$ 2,800 e sempre guardar R$ 1,200 como se fosse uma reserva, já fazendo uma programação para a aquisição do imóvel

“Esse tipo de economia financeira, quanto mais cedo a pessoa fizer, melhor. Um jovem que entrou no mercado de trabalho, se ele começar a fazer isso desde cedo, ele ainda conta com a vantagem de estar aplicando o dinheiro e recebendo isso a juros compostos. O próprio dinheiro vai fazer mais dinheiro. Com isso a pessoa com o passar de um tempo pode adquirir um montante significativo de capital para concretizar o projeto da casa própria", afirma Eduardo Araújo. 

No início do ano é o momento da pessoa fazer o orçamento anual e verificar suas receitas e despesas, avaliando se está conseguindo cumprir esse percentual de economia (30%). "Se a pessoa for disciplinada ela conseguirá até um pouco mais. Ela vai procurar pelo lado das receitas todas as formas de aumentar os ganhos, e na parte das despesas, tentar racionalizar todas as despesas, no sentido de cortar gastos supérfluos," afirma o economista, que destaca também a importância de se evitar ao máximo o uso do cartão. 


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