Economia

Empresária vendeu as próprias roupas para iniciar negócio e criou brechó butique no ES

Cláudia Alves, de 47 anos, é a prova de que adversidades podem ser superadas e inspirar mulheres a irem à luta

Foto: Thiago Soares/Folha Vitória

Histórias de mulheres são um terreno fértil para plantações de ideias e adubo para a “sororidade”, palavra que significa confiança e cooperação feminina. A empreendedora Cláudia Alves, de 47 anos, proprietária da Empório B, Boutique & Brechó, é prova de que adversidades podem ser superadas e virar fonte de inspiração. 

O brechó no bairro de Jardim Camburi, em Vitória, com o slogan “onde a moda encontra a arte e a praticidade”, possui o conceito voltado para a moda sustentável e circular. Mas, o sucesso veio após uma intensa luta e suor.

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Em entrevista ao Folha Vitória, Cláudia descreve que, a empresa surgiu após ela retornar, “de mala e cuia”, dos Estados Unidos para o Brasil com os dois filhos: Betina e Dante. 

Fui com minha filha que tinha apenas 9 meses e meu filho 4 anos. Era gestora comercial, mas pedi as contas para ‘tentar o novo’. Mas não me adaptei com as pessoas, com o clima e retornei para o Brasil“, diz Cláudia. 

Após voltar para o país de origem, a empresária narra que precisava recomeçar a minha vida e dar um sustento para a família. “Olhei para as minhas roupas de frio e lembrei do brechó que vi em uma viagem ao Chile. Com isso, tentei reproduzir”. 

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Cláudia diz que as primeiras vendas foram feitas para algumas amigas em um “ponto de vendas” bem inusitado: no quarto de hóspedes da mãe. “Vendi R$ 4 mil apenas no primeiro fim de semana. As meninas já conheciam meu gosto e eu estava com muitas peças boas dos EUA”. 

Foto: Thiago Soares/Folha Vitória

Negócio em casa seguiu para ponto de vendas 

Com o intenso sucesso das vendas, a empreendedora nunca mais parou de vender as roupas e os negócios se estenderam cada vez mais.

Depois uma amiga me emprestou uma sala que ficava localizada nas proximidades do Pelourinho, em Vitória. Fomos recebendo e comercializando as roupas usadas, que para alguns não possuem serventia, mas são luxo para outros”, narra. 

Entretanto, ela sempre almejou, lutou e foi visionária para agregar o valor da minha marca. “Sempre convidava consultoras de imagens para conhecer o espaço. Algumas pessoas não gostavam de subir para conhecer, mas nunca desisti”. 

Depois de muita luta e suor, a empreendedora cresceu a marca e mudou de ares, ao conseguir um ponto fixo, localizado no bairro de Jardim Camburi, e ser proprietária de um comércio de moda sustentável. 

Nesses nos, passamos por muitas mudanças, mas com o objetivo principal de crescer sempre. Além disso, não deixo de lado os meus instintos de fazer o bem e ajudar outras empreendedoras“, narrou.

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Mesmo com o sucesso, desafios são presentes 

Mesmo com o grande sucesso, a empreendedora descreve que vários desafios são presentes nos mundos dos negócios. Principalmente nos chefiados por mulheres. 

Dentre algumas situações, estão a dificuldade de conciliação relacionada à família, filhos e o comércio. 

Dentro de você existe uma mulher empreendedora, mas também tem uma divorciada, com dois filhos pequenos. Hoje em dia, para mim, além disso, é difícil, temos várias franquias de desapego. Mas primeiro você apanha para depois afagar“, destaca a empresária. 

“Resenhas e troca de conhecimento com outras mulheres”

Na Empório B, Boutique & Brechó, Cláudia faz jus ao termo “sororidade”, conceito que se refere à empatia, solidariedade e acolhimento entre mulheres. Todas as terças-feiras, o espaço promove encontros. 

Temos a nossa resenha de café e lá abro as portas para empreendedoras se conhecerem, conversarem e trocarem ideias sobre os negócios. Muitas vezes precisam apenas de um calor humano“, ressalta. 

Foto: Thiago Soares/Folha Vitória

Durante os eventos, a empresária explica que já foi fonte de inspiração para outras mulheres também começarem a empreender. 

Uma cliente, que veio da região Sul do país, viu a oportunidade de vender pastinha. Outra moça, que foi em um dos encontros, trabalhava em ateliê, mas teve a iniciativa e realiza reparos em algumas roupas aqui da loja“, descreve Cláudia. 

Avanços não deixando de lado as origens e coletividade

Em meio aos avanços e crescimento nas vendas, a empresária nunca deixou de lado as origens: impulsionar a moda circular, sempre pensando na sustentabilidade do planeta Terra. 

Aqui no brechó, que já possui como ideal fazer a moda circular, nunca comprei uma sacola. As próprias clientes trazem. Não é só a roupa que protege o mundo, mas o coletivo de ideias“, expõe. 

Entre as ações, a loja de Cláudia é um dos pontos de coleta do projeto da ONG “Vira Lata, Vira Luxo”, que abriga cães resgatados das ruas da Grande Vitória. “Incentivamos nossos clientes a guardar as tampinhas e levar até a nossa loja, com isso, evitamos mais lixos na rua e fazemos o bem”. 

Vencedora do Prêmio Sebrae Mulher de Negócios 

Foto: Thiago Soares/Folha Vitória

Em 2022, a empresária ganhou o primeiro lugar na categoria Pequeno Negócio, do Prêmio Sebrae Mulher de Negócios. A iniciativa promove o empreendedorismo por meio do reconhecimento às mulheres de negócios que inspiram outras com histórias.

Para ela, o prêmio foi uma grande surpresa, pois não imaginava nem ao menos que seria indicada. Durante uma visita à Feira do Empreendedor, realizada em julho de 2022, ela participou de atividades e gravou um vídeo. 

“Participei do evento, com palestras, painéis e ali no local gravei um vídeo de participação para o prêmio Sebrae e contei a minha história. Depois veio a grande e gratificante surpresa de que fui premiada”.

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Como principal conselho para as mulheres que possuem a vontade de começar um negócio, Cláudia descreve para que as “futuras empreendedoras comecem com o que possuem”. 

Comece com o que você possui. A mulher tem o perfeccionismo, comece com o que você tem, seja uma xícara de trigo e dois ovos, não espere os ventos favoráveis. A força está dentro de você!“, finaliza. 

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Repórter do Folha Vitória, Maria Clara de Mello Leitão
Maria Clara Leitão Produtora Web
Produtora Web
Formada em jornalismo pelo Centro Universitário Faesa e, desde 2022, atua no jornal online Folha Vitória