Economia

Especialistas debatem em live do Folha Vitória sobre como investir durante crise econômica

A transmissão foi mediada pelo investidor Ricardo Frizera, e contou com a participação do pós-doutor em Contabilidade, Fernando Galdi, e o sócio da Vértice Investimentos, Wagner Varejão

Foto: Reprodução

Diante de um cenário econômico formado por incertezas, quedas nas projeções e variação de taxas e juros, a coluna Mundo Business, do Jornal Online Folha Vitória, promoveu uma conversa com especialistas para falar sobre o mercado financeiro e as bolsas neste momento de crise. 

Mediada pelo investidor Ricardo Frizera, da coluna Mundo Business, a live, transmitida nesta segunda-feira (15), contou com a participação do pós-doutor em Contabilidade e professor da Fucape, Fernando Galdi, e o sócio da Vértice Investimentos, Wagner Varejão, que debateram o assunto e esclareceram dúvidas sobre o assunto.

Frizera começou o bate-papo comentado sobre a macroeconomia que ocorre nas economias globais. A conversa ainda abordou temas em torno de investimentos, diante do cenário econômico, queda do Produto Interno Bruto (PIB), o desemprego e como as pessoas podem investir e preparar um portfólio de investimentos.

O investidor citou que o Brasil está em constante expectativa da retomada do crescimento, mas que, ano após ano, acaba deixando para o ano seguinte. No entanto, em 2020, mesmo com expectativa de crescimento do PIB, veio o coronavírus e jogou essa projeção para a casa negativa dos 5%.

Para o professor Fernando Galdi, diante do cenário que ocorreu no primeiro semestre, além da chegada inesperada da pandemia, diversos fatores particulares do Brasil  interferiram no impacto econômico. "A moeda brasileira foi a que mais se desvalorizou. Então tivemos um efeito duplo, de uma combinação perversa da redução das atividades econômicas, muito acima do que qualquer um poderia esperar, e, ao mesmo tempo, um acirramento na discussão política. Isso trouxe muita incerteza para o mercado", disse.

Sobre a desvalorização do Real perante ao Dólar americano, Varejão disse que a moeda brasileira extrapolou os fundamentos no primeiro momento, diferente do Dólar, que foi mais forte em todo o mundo. "Com certeza, o fator politico pesa e traz uma instabilidade adicional. Nossa forma de lidar com a crise sanitária foi muito controversa. Faltou alinhamento e talvez tenhamos tido uma piora adicional até econômica por conta da falta de coordenação, mas tiveram outros fatores. Não dá pra jogar tudo na conta da política. O real, dentre os emergentes, acaba sempre extrapolando os movimentos, pois é a moeda mais líquida que tem no bloco. Geralmente quando vão especular moedas emergentes, o gringo acaba vindo no real, pois é a moeda com mais liquidez, que tem muitos negócios", explicou.

Galdi destacou ainda a questão da moeda americana, que, segundo ele, é a variável mais difícil de se prever, devido a influencia dos mais diversos fatores. A quantidade de transação que o Brasil faz com outros países, se tem saída de investidores estrangeiros, se tem impacto no petróleo, tudo influencia o dólar. De uma maneira mais ampla, é interessante observar que vivemos um período de deflação, onde os preços estão se retraindo. Vivemos um momento de taxa de juros baixa. A taxa Selic está num patamar de 3% ao ano, um patamar histórico. É o momento de juros real mais baixo da história. Os juros estão muito baixos, em relação ao que era antes", disse.

Isso, segundo Galdi, tornou o financiamento mais barato. "Por outro lado, na ponta do investidor, isso faz com que produtos tradicionais de renda fixa tem uma rentabilidade muito reduzida e faz com que as pessoas comecem a se movimentar e buscar outros investimentos, saindo dos tradicionais e migrando para outros produtos, como títulos de empresa privada, por exemplo", citou.

Na conversa, os especialistas ainda debateram assuntos como a contratação de consultoria financeira, a importância de montar um portfólio de investimentos entre outros assuntos. Em uma das participações dos internautas, a dúvida se o Tesouro Selic seria uma 'nova poupança' foi respondida.

"Definitivamente, sim. Acho que a poupança já está ultrapassada. Temos um Tesouro Selic e um ativo que é tão líquido quanto, ou talvez ainda mais. A poupança precisa esperar fazer aniversário para rentabilizar. A Selic rentabiliza todo dia e com um dia útil já se tem resgate em sua conta. O risco é soberano, é no Tesouro Nacional. Hoje não faz sentido ter dinheiro na poupança", disse Wagner Varejão.

Confira o debate completo: