De olho no planeta, investidores apostam em empresas sustentáveis
Índice de empresas ecologicamente responsáveis soma R$ 66 bi em valor de mercado. Para economistas, investidores aliam retorno a impactos ambientais
Se não for pelo planeta, que seja pelo mercado. Mas é inevitável olhar para a sustentabilidade durante a atividade econômica. A cobrança parte de clientes e dos investidores.
Um levantamento publicado pelo Boston Consulting Group (BCG), realizado com 135 investidores de 13 países, revelou que a preocupação com o retorno financeiro se equipara aos riscos sociais e ambientais associados aos investimentos.
Um mercado que deve movimentar R$ 12 trilhões e gerar até 380 milhões de empregos por ano até 2030, de acordo com estimativas da Business e Sustainable Development Commission, que reúne mais de 35 CEOs (diretores-executivos) e líderes da sociedade civil.
Uma das maiores empresas produtoras de celulose do mundo e que atua no Espírito Santo, a Suzano, também tem metas ambiciosas em relação a sustentabilidade até 2030.
A empresa quer oferecer 10 milhões de toneladas de produtos de origem renovável desenvolvidos a partir da biomassa, remover 40 milhões de toneladas de carbono da atmosfera e contribuir diretamente para que 200 mil pessoas instaladas nas regiões onde atua saiam da linha da pobreza.
"Assumimos um grande desafio, que pressupõe o engajamento de diferentes atores, já que nossa meta não contempla apenas áreas de propriedade da Suzano. Assim, temos a ambição de criar um movimento colaborativo, diversificado e contínuo, que contribua efetivamente para a conservação de espécies hoje ameaçadas, mas que também eleve o patamar de gestão ambiental, trabalhando em conjunto para o desenvolvimento das comunidades, e oportunidades de geração de renda", afirma Pablo Machado, Diretor Executivo para China e, atualmente, também responsável pela área de Sustentabilidade da Suzano.
Os investidores estão de olho não só na lucratividade e nas iniciativas governamentais para a proteção do meio ambiente, mas também das ações das empresas, o que pode impactar diretamente nos lucros e dividendos.
"É um caminho sem volta. No Brasil e no mundo, as empresas estão cada vez mais preocupadas com a sustentabilidade e o cliente está cobrando isso. Ou seja, não é apenas uma exigência governamental em muitos países, mas uma imposição do próprio mercado", analisa o doutor em ciência florestal, Luiz Fernando Schettino.
O Brasil tem a meta de zerar a emissão de dióxido de carbono até 2050. Um alvo difícil de ser alcançado tendo em vista, para economistas, a falta de incentivo governamental para que as empresas atuem nesse sentido.
"As empresas que têm essas iniciativas ganham pontos com o mercado, podem trazer investidores e melhoram a reputação com o cliente. Por outro lado, sinto que ainda que faltam incentivos governamentais para o crescimento dessas iniciativas e assim uma economia mais 'verde' se potencializar em todos os âmbitos de negócio", afirma o economista Eduardo Araújo.
"Crème de la crème"
Para dar mais visibilidade as empresas com atitudes voltadas ao meio ambiente, a B3 criou o Índice Carbono Eficiente (ICO2) que elenca 62 empresas brasileiras com comprometimento e transparência das emissões de dióxido de carbono na atmosfera e que recuperam o que degradam.
As empresas também são reconhecidas pela robustez financeira e os investidores podem consultar o índice como um guia para novos investimentos.
A Suzano, empresa de produção de celulose é uma das únicas que atua no Espírito Santo e se destaca pela posição no índice B3 das empresas que integram o Índice de Carbono Eficiente.
"A Suzano, hoje, já é carbono positiva. Ou seja, as remoções de CO2 da companhia são maiores do que as suas emissões. Isso ainda soma-se ao fato de que sua operação ocorre exclusivamente em território brasileiro, o que faz com que não exista a obrigatoriedade de qualquer medida de compensação. Mas seguimos com a intenção de ampliar ainda mais esses investimentos", afirma o gerente executivo de sustentabilidade da Suzano, Cristiano Resende de Oliveira.
As ações da Suzano são negociadas na bolsa de valores com o ticker "SUZB3" e tem valor teórico de mercado de R$ 627,7 milhões, com participação de 2,14% no índice. Veja a composição de todas as empresas.
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O que uma empresa sustentável deve fazer?
A "balança" do carbono
Um selo de credibilidade e responsabilidade. É assim que uma empresa com créditos de carbono é vista pelo mercado e pelos consumidores. Na prática, funciona assim: 1 tonelada de dióxido de carbono (CO2) corresponde a um crédito de carbono. Se uma empresa produz 50 milhões, ela deve comprar 50 milhões créditos de carbono.
>> Carbono zero: é uma espécie de balança ecológica. O carbono zero é um tipo de crédito. Se uma empresa queima 'X' gases do efeito estufa durante seu processo de produção, ela deverá compensar o desequilíbrio neutralizando os outros 'X' presentes na atmosfera. Assim o impacto no meio ambiente fica zerado.
>> Carbono positivo: é o melhor para o meio ambiente. Na prática, o selo ‘Empresa Carbono Positivo’ atesta que a companhia está recuperando além do utilizado pela empresa durante seu processo de produção. Se uma empresa queima 'X' gases do efeito estufa, ela compensa com o mesmo 'X' e vai além, absorvendo mais carbono da atmosfera do que emitindo.
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