Economia

Rumo ao carbono zero, iniciativas no ES ajudam Brasil a atingir meta

Mesmo com a descrença da comunidade internacional em relação a políticas públicas, iniciativas de empresas ajudam o Brasil a atingir meta de carbono zero

Foto: Arquivo/Agência Brasil

As vésperas do Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado dia 5 de junho,  o mundo discute ações para tentar reduzir os danos causados pelo homem. Essa é a principal data das Nações Unidas para sensibilizar e impulsionar ações para problemas ambientais urgentes. Desde a sua criação, em 1974, o evento cresceu e se tornou uma plataforma global de mais de 100 países. 

Neste ano, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) faz um chamado para reavivar nossos ecossistemas danificados. Os seres humanos estão perdendo e destruindo as bases de sua sobrevivência em um ritmo alarmante. Mais de 4,7 milhões de hectares de florestas – uma área maior do que a Dinamarca – são perdidos todos os anos.

Os dados preocupam, ainda mais quando paramos para pensar que assim como o ar que respiramos, o dióxido de carbono também está em todo o lugar, ele faz parte do nosso dia a dia. O "CO²" ou gás carbônico é um elemento natural, mas o excesso dele na atmosfera é um dos maiores desafios da humanidade, nos últimos tempos. O fenômeno provoca desequilíbrios no efeito estufa do planeta Terra, provocando, dentre outros fenômenos atmosféricos, o aquecimento global.

O dióxido de carbono é utilizado para produzir cimento, para gerar eletricidade e até efervescer refrigerantes. Mas um dos maiores responsáveis pela dissipação de dióxido de carbono na atmosfera é a queima de material fóssil, como o carvão. Isso faz com que sejam despejados bilhões de toneladas de dióxido de carbono todos os anos.

"Se uma indústria queima X de energia e emite CO2 na atmosfera, ela precisa plantar uma certa quantidade. ´É o que temos com as indústrias de papel, celulose e produção de madeira. Essas companhias extraem, porém atuam para repor o dióxido de carbono emitido na atmosfera plantando árvores. A ideia de carbono zero é essa: se emite o mesmo número de reposição de CO2", afirma o doutor em ciência florestal, Luiz Fernando Schettino.

Foto: Divulgação/Suzano
Plantar árvores é o modelo mais simples de compensar o carbono emitido na atmosfera. Área de preservação da empresa Suzano

Algumas empresas tem atuado ativamente para recuperar o que é extraído durante a produção em suas indústrias, como é o caso da Suzano, uma das maiores produtoras de celulose do mundo, e que atua em Aracruz, no Norte do Espírito Santo.

Foto: Divulgação/Suzano
"A Suzano, hoje, já é carbono positiva. Ou seja, as remoções de CO2 da companhia são maiores do que as suas emissões. Isso ainda soma-se ao fato de que sua operação ocorre exclusivamente em território brasileiro, o que faz com que não exista a obrigatoriedade de qualquer medida de compensação. Mas seguimos com a intenção de ampliar ainda mais esses investimentos", afirma o gerente executivo de sustentabilidade da Suzano, Cristiano Resende de Oliveira.

Segundo o último relatório do Projeto Carbono Global, formado por uma equipe de dezenas de cientistas internacionais, o Brasil não é um dos países que mais emitem carbono, mas sofre pressão da comunidade internacional para controlar as emissões do gás na atmosfera.

Foto: Reprodução/Global Carbon Atlas

Em resposta à pressão, o Brasil se comprometeu a zerar as emissões de carbono na atmosfera até 2050. Isso não quer dizer que o país irá reduzir a atividade industrial e econômica como um todo, mas irá neutralizar as emissões com práticas sustentáveis, como por exemplo compensando com o plantio de árvores.

"O Brasil tem meta de até 2050 colocar essa economia equilibrada. Mas acho difícil atingirmos essa meta com a mentalidade que nós temos hoje. Tanto de governantes quanto de sociedade. Não podemos ser imediatistas. A maior riqueza que o ser humano tem é a riqueza das riquezas naturais e se soubermos trabalhar isso de forma adequada, perseguindo a meta do carbono zero, a biodiversidade é o grande trunfo para o Brasil se tornar uma potência socioeconômica no mundo sustentável", afirma Schettino.

Redução e o futuro

Foto: reprodução/pixabay

A pandemia do coronavírus fez com que a emissão de dióxido de carbono fosse reduzido em 2020. O motivo foi o confinamento em vários países e a desaceleração da atividade econômica e industrial.

De acordo com o estudo do Projeto Carbono Global, em 2020, o mundo lançou 34 bilhões de toneladas de CO² na atmosfera, contra 36,4 bilhões em 2019, uma redução de 7%.

No entanto, com a flexibilização das regras e retomada da atividade econômica, a estimativa dos cientistas é que a emissão de gases volte a subir, mas a evolução dos índices depende de políticas públicas voltadas ao meio ambiente e do comportamento da população. Por outro lado, a iniciativa privada busca aliar desenvolvimento econômico e preservação do meio ambiente.

"Temos vários objetivos a longo prazo, como remover 40 milhões de toneladas de carbono na atmosfera, ofertar 10 milhões de toneladas de produtos de origem renovável até 2030", o gerente executivo de sustentabilidade da Suzano, Cristiano Resende de Oliveira.

A  população também pode ajudar e muito nessa luta para ajudar o meio ambiente. "À medida que as pessoas se habituam a fazer teletrabalho um par de dias por semana ou se apercebem de que não precisam de fazer tantas viagens de negócios, poderemos ver diminuir as emissões futuras relacionadas com o comportamento", afirmou o diretor do Stanford Woods Institute for the Environment, Chris Field, citado pela agência de notícias Associated Press (AP).

Como podemos ajudar o planeta?

Também contribuímos para o aquecimento global quando emitimos gases que aceleram o aquecimento do planeta, como o dióxido de carbono. Indiretamente, emitimos muitos gases poluentes de acordo com a rotina. Veja abaixo dicas de como reduzir nosso impacto ao planeta:

Reprodução/ Pexels

Se puder, prefira ir ao trabalho, ao lazer ou aos compromissos de bicicleta ou à pé. Se ainda assim não for possível, dê preferência a caronas solidárias

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Ao invés das tradicionais sacolinhas plásticas, prefira "eco bags" que pode ser usada diversas vezes. Vale para supermercado, farmácia ou outras compras

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Para economizar no bolso e ajudar o planeta, deixe sempre as lâmpadas de casa desligadas

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Na hora de comprar, prefira produtos locais e responsáveis com o meio ambiente. As informações ficam descritas nas embalagens

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Eletrodomésticos com maior eficiência energética consomem menos. Seu bolso e o planeta agradecem

"No nosso dia a dia, podemos ter atitudes simples que podem zerar a nossa emissão de carbono na atmosfera. O mais barato é plantar árvores. Vai pra um casamento de carro? Plante uma árvore ou distribua mudas. O importante é cada um fazer a sua parte", finaliza Schettino.

No âmbito empresarial também há a essa preocupação. "Vemos a necessidade de um novo movimento de regeneração e oxigenação do planeta. E encontramos nas árvores a melhor resposta a esses anseios do mundo atual, preocupado com as mudanças climáticas, a escassez dos recursos naturais, a perda de biodiversidade e o aumento da desigualdade social", diz o presidente da Suzano, Walter Schalka.

Entenda o que é carbono zero e positivo

Foto: Reprodução/Internet

>> Carbono zero: é uma espécie de balança ecológica. O carbono zero é um tipo de crédito. Se uma empresa queima 'X' gases do efeito estufa durante seu processo de produção, ela deverá compensar o desequilíbrio neutralizando os outros 'X' presentes na atmosfera. Assim o impacto no meio ambiente fica zerado.

>> Carbono positivo: é o melhor para o meio ambiente. Na prática, o selo ‘Empresa Carbono Positivo’ atesta que a companhia está recuperando além do utilizado pela empresa durante seu processo de produção. Se uma empresa queima 'X' gases do efeito estufa, ela compensa com o mesmo 'X' e vai além, absorvendo mais carbono da atmosfera do que emitindo.

“É um caminho sem volta. No Brasil e no mundo, as empresas estão cada vez mais preocupadas com a sustentabilidade e o cliente está cobrando isso. Ou seja, não é apenas uma exigência governamental em muitos países, mas uma imposição do próprio mercado”, analisa o doutor em ciência florestal, Luiz Fernando Schettino.

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