Economia

Espírito Santo é o maior produtor de Café Conilon do Brasil

O Estado é responsável por 75% de toda a produção nacional. As lavouras de café estão em quase todos municípios, faltando somente na capital Vitória

Redação Folha Vitória

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Foto: Reprodução TV Vitória

Começar o dia tomando um café quentinho faz parte da rotina de diversos capixabas. O café, sendo a segunda bebida mais consumida no país, tem uma importância significativa na economia do Espírito Santo.

Em Marilândia, no Noroeste do Estado, funciona a principal base de Pesquisa e Transferência de Tecnologia em Café Conilon Brasil. Neste centro, é onde começa todo processo do café. 

Iniciando com a escolha da muda, que precisa ser de boa procedência e qualidade até o plantio que necessita ser feito durante o período de chuvas.

Segundo os especialistas, este período do ano é considerado propício para colheita. A florada que ocorreu na primavera, entre os meses de setembro e novembro, favorece para a origem do fruto. O início da colheita do café varia de acordo com a região, mas em média, é feita sete meses após a floração.

Colheita do Conilon no ES

Foto: Reprodução TV Vitória

Por lei estadual, 14 de maio é o dia de começar a colheita do Conilon do Espírito Santo. A medida evita que o café seja retirado antes da hora, garantindo mais qualidade aos grãos. 

Qualidade que o capixaba conhece bem, já que o Espírito Santo é o maior produtor de Café Conilon do Brasil, sendo responsável por 75% de toda a produção nacional.

"A cafeicultura do Espírito Santo é importante porque ela atinge os pequenos produtores, os médios e os grandes. Isso, a renda fica na família, a renda fica no município, a renda fica no Estado", disse Paulo Volpi, pesquisador do Incaper.

A atividade cafeeira é responsável por 35% do Produto Interno Bruto (PIB) agrícola capixaba. As lavouras de café estão praticamente em todos os municípios capixabas, somente não tem plantio na capital Vitória.

Terceira Geração

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O início da colheita do café varia de acordo com a região, mas em média, é realizada sete meses após a florada. 

O cultivo é feito em sua maioria por produtores de base familiar, como o cafeicultor João Suela, que faz parte da terceira geração de cafeicultores do sítio São José. 

Desde pequeno, João foi criado em propriedade de café. Atualmente, a produção dele está entre 700 e 800 sacas de Conilon por ano. Aos 63 anos, ele disse que está longe de querer sair da vida diária do campo.

"Desde que me entendo por gente, quando eu era menininho puxava café da roça com meu pai e até hoje, espero passar para minha filha também", contou o cafeicultor.

Descobertas científicas

Os resultados alcançados por João só são possíveis através da ciência, pois as descobertas de pesquisadores trouxeram desenvolvimento de plantas superiores com o custo de implantação relativamente baixo e de fácil adoção pelos produtores.

"Encontrar plantas que produzem com menor recurso, com menos quantidade de água, que consigam produzir mesmo numa época de estresse índico, de muita seca, consiga produzir com menos aplicação de defensivos, produzir plantas mais resistentes, tolerantes a várias doenças", disse Marcone Comério, chefe da Fazenda Experimental do Incaper de Marilândia.
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A Fazenda Experimental do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) em Marilândia é considerado um laboratório ao ar livre, onde muitas pesquisas são realizadas na prática.

O Incaper é uma autarquia ligada ao Governo do Estado, criado para auxiliar os produtores e com uma unidade em todos os municípios capixabas. No campo são realizados pesquisas como os cruzamentos entre as melhores plantas, com o objetivo de produzir pés de café com uma genética melhor.

As pesquisas são de longo prazo, segundo Marcone, demoraram seis colheitas para chegar o material genético na fazenda. "Dessas seis colheitas nos campos de competição, clonal, quantifica, vê a produção e as características. A gente identifica em cada experimento quais são os melhores clones", disse Marcone.

Terraceamento

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Marcone Comério, chefe da Fazenda Experimental do Incaper de Marilândia, e a colunista Stefany Sampaio conversaram sobre a produção de café no Espírito Santo

Atualmente, uma das grandes preocupações dos pesquisadores está na busca de novas mudas. É bastante comum os produtores trazerem material genético de outros estados brasileiros. Contudo, é necessário cautela para que essa cultura tão rentável na região não sofra as consequências.

Entre as pesquisas realizadas na fazenda do Incaper está o terraceamento, que consiste na construção de terraços em formato de escada, parecido com o que acontece nos plantios de arroz na China e vinícolas na França.

Essa prática tem auxiliado os produtores rurais no combate à erosão e facilitado a entrada de máquinas nos cafezais.

O terraceamento é bastante utilizado por vários cafeicultores que têm plantações em área de morro, sendo uma alternativa para aumentar a competitividade e reduzir os custos com a colheita manual.

Materiais Genéticos

O melhoramento genético do cafeeiro também é uma das áreas de pesquisa do Incaper. O sucesso na utilização de uma cultivar clonal melhorada está associado à produção de mudas de qualidade.

Para disponibilizá-las aos cafeicultores capixabas foi necessário criar uma técnica para a multiplicação rápida das cultivares melhoradas, ou seja, das melhores plantas.

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Uma novidade também é a enxertia em Café Conilon, técnica que gera resultados no campo. O cafeicultor João conseguiu ver na prática o quanto as pesquisas ajudam na tomada de decisões e no aumento de lucro da propriedade.

"Na época do meu pai começou com o Café Bourbon, que a gente falava aqui, que tinha que derrubar no chão, depois juntava, jogava dentro da água, lavava, peneirava e secava. Hoje não, você põe todos os clones separados um dos outros, por causa das pesquisas que a gente tem hoje", disse o cafeicultor.

João é um exemplo de como a ciência mudou a história da cafeicultura capixaba. O café é renda, amor e tradição.

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