ARTIGO IBEF

Marcas rentáveis: como o registro de marca impulsiona o fluxo de caixa

Existem várias razões pelas quais as pessoas optam por não registrar suas marcas, como a falta de conhecimento sobre o processo de registro e os custos associados

IBEF-ES

Redação Folha Vitória
Foto: FERNANDO FRAZÃO/AGÊNCIA BRASIL
*Artigo escrito por Diana Mantovani, formada em Direito na Faculdade de Direito de Vitória (FDV), sócia Fundadora da Diluz, empresa especializada em registro de marcas, e diretora financeira do IBEF Academy.

O registro de marca é um título que assegura o direito de propriedade e uso exclusivo da marca em todo o território nacional. Sua concessão se dá mediante pedido depositado junto ao INPI – Instituto Nacional de Propriedade Industrial. 

Apesar de muitos empresários terem consciência acerca da importância de registrar as suas respectivas marcas, outros muitos ainda relutam para realizar o registro. 

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No ano de 2023, foi registrada a abertura de mais de 3,8 milhões de novas empresas no Brasil, segundo dados do Mapa das Empresas, do Departamento Nacional de Registro Empresarial e Integração (DREI). 

Por outro lado, no acumulado do ano de 2023, foram realizados apenas cerca de 402 mil pedidos de registro de marca, de acordo com o Boletim Mensal de Propriedade Industrial expedido pelo INPI em dezembro de 2023.

Importante ressaltar que, inserido nesse número de protocolos realizados em 2023 no INPI, alguns protocolos são das mesmas empresas – ou por serem marcas diferentes, ou tipos de registro diferentes –, e muitos são de empresas que não necessariamente foram criadas no ano em questão. O ponto é que há incontáveis negócios sem a devida proteção marcária.

Neste prisma, existem várias razões pelas quais as pessoas optam por não registrar suas marcas, como a falta de conhecimento sobre o processo de registro, os custos associados ao registro, e por subestimar a importância estratégica e financeira da proteção da marca.

No entanto, o registro da marca é essencial, pois a potência e o reconhecimento da marca é um dos principais fatores que impulsionam o resultado financeiro da empresa.

De início, cabe ressaltar que nos círculos empresariais, o registro de marca é frequentemente percebido como uma mera formalidade legal – uma etapa a ser cumprida para proteger um nome ou símbolo e evitar que sejam usados por terceiros. Todavia, essa visão não abarca o aspecto mais relevante de se ter o registro da marca: o aspecto financeiro.

Uma marca forte e bem consolidada pode oferecer a uma empresa grande potencial de gerar receita significativa e impulsionar o crescimento financeiro de várias maneiras.

Com o devido registro, a empresa tem o direito exclusivo de usar seu nome e identidade visual em seus produtos e serviços, de modo a estabelecer uma posição de destaque no mercado. 

Como resultado, os consumidores associam a marca a certos padrões de qualidade, confiabilidade e reputação, o que pode levar a uma demanda crescente e lealdade à marca ao longo do tempo.

Sobre o poder das marcas, o escritor Eduardo Vanzak, em seu livro “Crie marcas com almas: aprenda a construir marcas com propósito e crescimento exponencial”, reforça: 

“As marcas que realmente despertam a atenção são aquelas que se conectam com seus clientes em um nível mais profundo: geram fortes conexões porque tem propósitos e valores que estão sintonizados com os deles.”

Nesse contexto, com o desenvolvimento de uma marca forte, há, por conseguinte, um aumento no potencial de vendas da empresa. Quanto mais consumidores reconhecem e aprovam os produtos ou serviços da marca, mais visibilidade e presença de mercado se vislumbra. Tais características permitem que o faturamento da empresa aumente.

Além disso, uma marca bem protegida tem o potencial de gerar receita através de parcerias, ou até com o licenciamento do uso da marca. 

Empresas que possuem marcas reconhecidas podem licenciar seu nome e logotipo para serem usados por terceiros – como no caso de franquias –, o que gera royalties e taxas de licenciamento significativas. 

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Essa estratégia não só aumenta o fluxo de caixa da empresa, mas também expande a presença da marca em novas áreas.

Inclusive, sob a ótica de valor de mercado, o registro de marca também desempenha um papel crucial no processo de valorização de empresas. 

Isso se dá porque uma marca forte e bem protegida pode influenciar positivamente a avaliação financeira da empresa, não por ser um ativo intangível em que se considerará um valor especulativo na avaliação, mas por ter grande potencial de gerar receita - e isso é visualizado nos números da companhia.

Por último, tendo em vista a prevenção de riscos futuros relativos à marca e ao seu potencial de gerar caixa, o registro é ideal. 

Este pode ajudar a evitar custos legais e disputas caras, além de evitar que toda a identidade visual e o poder da marca já criado se perca pela necessidade de troca do nome. 

Todos os investimentos realizados para o fortalecimento da marca deverão ser refeitos, para que uma nova chegue – ou tente chegar – ao posicionamento desejado. E, assim, ao considerar tais investimentos que poderiam ser evitados, os resultados financeiros da empresa tendem a cair.

Tendo em vista as considerações acima elencadas, o registro de marca é um dos ativos mais valiosos de uma organização. 

Trata-se de um investimento estratégico com o potencial de impulsionar significativamente o crescimento financeiro de uma empresa, ao garantir sua posição no mercado, abrir novas oportunidades de receita, valorização, expansão, além de mitigar riscos futuros de impossibilidade de registro da marca e a posterior troca do nome.

Portanto, pode-se afirmar que uma marca forte e protegida gera valor financeiro para as organizações.

Referências

- VANZAK, Eduardo. Crie marcas com almas: aprenda a construir marcas com propósito e crescimento exponencial. São Paulo: Editora Gente, 2021.
- Instituto Nacional da Propriedade Industrial – INPI. Boletim Mensal de Propriedade Industrial. Dez/2023. Disponível em: <https://www.gov.br/inpi/pt-br/central-de-conteudo/estatisticas/arquivos/publicacoes/boletim-mensal-de-pi_resultados-de-dezembro-2023-1.pdf>. Acesso em: 03/04/2024.
- Departamento Nacional de Registro Empresarial e Integração. Painéis do Mapa de Empresas. Disponível em: <https://www.gov.br/empresas-e-negocios/pt-br/mapa-de-empresas/painel-mapa-de-empresas>. Acesso em: 03/04/2024.