Economia

Imóveis de luxo no ES atraem compradores de fora do país

Muitos estrangeiros veem em terras capixabas não apenas um destino turístico, mas também uma oportunidade de investimento imobiliário

Thaiz Blunck

Redação Folha Vitória
Foto: Divulgação

Já imaginou acordar em um luxuoso apartamento com vista para o mar de Vila Velha, desfrutar de um café da manhã ao som das ondas e, em poucos quilômetros, ter a possibilidade de saborear um almoço delicioso em Domingos Martins?

Para os capixabas, é muito comum poder ir da praia às montanhas em menos de uma hora, mas para aqueles que não vivem no Espírito Santo, a diversidade de experiências a curta distância é um grande atrativo e tem despertado, inclusive, o interesse de quem mora no exterior.

Geograficamente, o Espírito Santo é o quarto menor estado do Brasil, mas quando se trata de turismo, é uma verdadeira potência. Por isso, muitos estrangeiros veem em terras capixabas uma oportunidade de investimento imobiliário, que além de impulsionar o setor, também favorece a economia local. 

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A desvalorização do real em relação a moedas como o dólar americano e o euro é outro fator determinante que aumenta o poder de compra de quem vive fora. Por exemplo, um imóvel que custaria R$ 2 milhões é relativamente “barato” para quem recebe sua renda em uma moeda forte, o que torna o investimento mais atraente.

O cenário atual mostra que a maioria dos compradores de empreendimentos de médio e alto padrão no  estado têm entre 35 e 50 anos e já residem na Região Metropolitana de Vitória, segundo a Associação das Empresas do Mercado Imobiliário do Espírito Santo (Ademi-ES).

Do total, aproximadamente 40% são capixabas, 25% são de outros estados e 35% são brasileiros que moram em outros países, sendo a maioria nos Estados Unidos. 

O vice-presidente da Ademi-ES, Alexandre Schubert, explica que para esses clientes que recebem em dólar ou euro, o Brasil continua sendo um destino econômico. Ele destaca que isso se reflete não apenas na dinâmica e na oferta de serviços, mas também na empregabilidade, contribuindo para o crescimento econômico.

Foto: TV Vitória
“Recebemos hoje em torno de 30% a 35% de clientes de fora, inclusive de fora do país. Aqueles que moram lá, recebem em dólar ou euro, e o Brasil continua sendo barato para esse público. Ele traz dinheiro de fora para cá e robustece a economia do estado. Além do que, a atividade imobiliária é de uma lastra cadeia de fornecedores e serviços que tem uma dinâmica muito grande, que afeta e impacta muito positivamente a economia não só em termos de dinâmica, de prestação de serviço, fornecimento, mas inclusive com relação à empregabilidade” explica ele.

Por que investir em imóveis no ES vale a pena?

Considerando a taxa de câmbio de R$ 5,44 por dólar, um brasileiro que mora nos Estados Unidos pode adquirir um imóvel de luxo no Espírito Santo, avaliado em R$ 2 milhões, por aproximadamente US$ 367.647

Esse valor, quando comparado aos preços de imóveis de luxo em cidades americanas de alto custo, como Nova York, Miami e Los Angeles, representa uma oportunidade atrativa, permitindo a aquisição de um imóvel de alto padrão, bem localizado, a um preço mais acessível.

Além disso, um estudo feito pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) apontou que investir em imóveis no Brasil é mais vantajoso em comparação com outras aplicações financeiras. 

Com base em dados de mercado de 2012 a 2022, a pesquisa "Valorização do Imóvel no Brasil" revelou que, ao longo de 10 anos, o retorno anual dos investimentos em imóveis alcançou 12,2%. Este valor inclui a valorização do imóvel junto ao ganho proveniente do aluguel.

Vivendo nos Estados Unidos há 30 anos, o empresário Cláudio Gomes, que é natural de Minas Gerais, conta que escolheu investir no Espírito Santo devido à segurança que a cidade oferece, à beleza das praias e proximidade com seu estado. 

Para ele, que mora em Boston, comprar um imóvel em Vila Velha é também uma forma de diversificar seus investimentos, além de ter um lugar aconchegante para ficar quando vem ao Brasil. 

Foto: TV Vitória
"Mesmo vivendo há 30 anos aqui, eu sou brasileiro e, após meus filhos acabarem a faculdade, quero passar mais tempo no Brasil, especialmente em Vitória. Em termos de investimento, buscamos diversificar, e imóveis oferecem mais segurança, menor manutenção e menos trabalho. Eu escolhi o Espírito Santo porque pelas pesquisas que eu fiz, em termos de investimento, é muito bom", disse Cláudio. 

Concretização do sonho de investir no Espírito Santo

Também morando nos Estados Unidos há quase três décadas, a empresária Julia de Jesus realizou o desejo de adquirir um apartamento no Espírito Santo. Ela conta que, com o passar dos anos, após ver os anúncios do um empreendimento, seu antigo sonho foi reavivado. 

"Há 30 anos, eu trabalhava na aviação e vinha muito para Vitória de férias, a passeio com amigas, e sempre tive o sonho de um dia voltar e ter um apartamento em Vitória. Passaram-se os anos e nunca aconteceu, então não tive mais vontade de investir no Brasil. Um pouco depois da pandemia, comecei a receber algumas informações sobre um empreendimento e meu sonho começou a reviver novamente", conta ela. 
Foto: TV Vitória

Julia nasceu em Porto Alegre, e seu marido, que também se apaixonou ao visitar o Espírito Santo pela primeira vez, é natural de Minas Gerais. Assim, o que era inicialmente o sonho dela, tornou-se um sonho realizado do casal.

"Ele é de Minas Gerais e eu sou de Porto Alegre, mas decidimos investir aqui. Ele, sem conhecer o Estado, veio para cá e se apaixonou, então concretizamos o nosso sonho que, na verdade, era meu sonho e ele comprou. Como moramos fora, queríamos algo perto da praia, que tivesse infraestrutura, qualidade, além de preço e os benefícios que esse imóvel nos oferece", ressalta a empresária. 
Foto: Divulgação

O imóvel escolhido por eles é Nautic Bay, que fica a uma quadra do mar, a poucos metros da Praia de Itaparica. Além de vista privilegiada, piscina com borda infinita, academia e lazer completo, o condomínio conta também com uma mercearia autônoma, o que chamou a atenção do casal. 

"Nós moramos lá, então quando viemos para cá queremos fazer turismo, comer bem, caminhar e logo estar na praia... Uma comodidade mesmo. Uma das coisas que me deixou encantada foi o que o edifício nos ofereceu, que é muito parecido com o que os Estados Unidos nos oferece. Tudo isso foi muito importante para dizer: 'quero comprar e morar lá'", diz Julia. 

O luxo do tempo e da conveniência

Para atender às expectativas e necessidades desse público globalizado, como a Julia e o Cláudio, as construtoras apostam em empreendimentos cada vez mais arrojados, com design contemporâneo e infraestrutura completa, proporcionando um estilo de vida tranquilo e sofisticado, alinhado aos padrões internacionais.

O gerente comercial da Grand Construtora, Eduardo Gasperazzo, explica que seus principais compradores são empresários de médio e alto padrão, que valorizam a qualidade de vida, lazer diferenciado e a exclusividade.

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"O empresário tem uma capacidade visionária, porque vendemos o imóvel na planta, então a pessoa tem que ter a capacidade de conseguir enxergar, no futuro, a localização e tudo o que tem em volta do produto. São clientes com um perfil parecido, que sempre têm algum vínculo com as cidades. É a águia que quer voltar para o ninho e hoje está em uma posição muito confortável a qual permite adquirir uma unidade em um empreendimento de alto padrão", explica o gerente. 

Eduardo destaca que o verdadeiro luxo, atualmente, é o tempo e a conveniência. Com isso, há uma preocupação em desenvolver empreendimentos que integram facilidades como padaria, lava-jato e mercado 24h, transformando-os em extensões da casa dos moradores. 

Ele conclui que o luxo contemporâneo não está apenas na localização ou nas características do imóvel, mas na oferta de um ambiente seguro e confortável que permita aos moradores passar mais tempo com a família.

"O verdadeiro luxo é o tempo, então colocando o tempo em um pedestal, a gente tem desenvolvido cada vez mais produtos que tragam facilidade para o dia a dia. A ideia é que ele seja uma extensão da sua casa, então para isso tem que ter um lava-jato, uma padaria, um mercado que te atenda 24h. Antigamente, o luxo era só ter um apartamento de frente para o mar, mas começamos a entender que o luxo é a parte que você não compra, que é o tempo, que é você estar com sua família em um ambiente seguro e confortável", conclui. 

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