Mercado de luxo: 65% dos imóveis em construção na Grande Vitória são de médio e alto padrão
O segmento de imóveis de luxo atrai um público exigente, que busca não apenas sofisticação, conforto e segurança, mas também comodidade e praticidade
A crescente demanda por qualidade de vida, evidenciada pela busca por imóveis exclusivos, com localização privilegiada, design inovador e acabamentos de alto padrão, tem impulsionado o segmento de imóveis de luxo no Espírito Santo.
O mercado atrai um público seleto e exigente. Para eles, o conceito de luxo trata-se não apenas de sofisticação, conforto e segurança – também abrange comodidade e praticidade, elementos essenciais que facilitam o dia a dia e ajudam a otimizar o tempo.
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Exemplo disso é ter um supermercado, uma padaria ou um pet shop a uma curta distância, muitas vezes acessíveis por um elevador, além de áreas de lazer completas, espaço coworking e conveniência, que oferecem aos moradores a sensação de viver em um resort.
Atentas à procura por esses empreendimentos luxuosos, incorporadoras e construtoras estão alinhando suas estratégias às tendências do mercado, conforme mostra o 42º Censo Imobiliário do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Espírito Santo (Sinduscon-ES).
De acordo com o levantamento, das unidades residenciais em processo de construção na Grande Vitória, 9.408 estão enquadradas como médio e alto padrão (MAP), representando 64,87% do total. Já o segmento econômico (ECO), concentra 35,13%, o que equivale a 5.095 unidades.
"Esses números abrangem desde o médio padrão até o segmento de luxo. O mercado de médio e alto padrão acaba sendo um mercado que independe da questão de financiamento público, então é natural que, tendo demanda, os incorporadores vão se direcionar a isso", explica Eduardo Schwartz, diretor do Sinduscon-ES.
Ele cita também o impacto positivo dos empreendimentos no desenvolvimento econômico e social das cidades, destacando como a construção dos imóveis impulsiona o crescimento do comércio e serviços nos seus entornos, além da geração de empregos e renda nos condomínios.
"O mercado de alto padrão acaba trazendo para os entornos de um empreendimento imobiliário um fomento do comércio e serviços que até então não existiria, como restaurantes de padrão mais alto, serviços agregados, área automotiva, além de geração de emprego e renda nos condomínios e imóveis que as pessoas vão morar", destaca.
O que as famílias buscam em um imóvel de luxo?
A preferência por imóveis de luxo é motivada por uma série de fatores, um deles é a localização estratégica, em regiões nobres ou perto do mar, por exemplo, que oferece também acesso a vistas deslumbrantes, proporcionando a sensação de tranquilidade, harmonia e bem-estar.
O corretor de imóveis Eduardo Reis, especialista em mercado imobiliário, explica que fatores como localização, metragem, acabamento e opções de lazer são determinantes na valorização de um imóvel.
Ele ressalta a importância de compreender as necessidades e motivações individuais de cada família, através de uma pesquisa detalhada, para entender o perfil de cada uma e oferecer um serviço personalizado que atenda às expectativas de todos.
"Cada família tem sua particularidade e todo cliente tem um motivo para fazer essa mudança de posicionamento. Em alguns casos, a família cresceu e precisa de mais espaço. Em outros, é a questão do lazer, pois as pessoas estão buscando espaço para que as crianças não fiquem na frente de telas, tenham outras crianças para brincar. É importante fazer a entrevista bem feita porque pode ser uma demanda de mudança de bairro, mais espaço para a família ou até investimento", explica o especialista.
A segurança é outro fator determinante na escolha, especialmente para famílias com crianças. A presença de sistemas de monitoramento, bem como espaços recreativos completos e seguros para que elas possam brincar livremente, são aspectos fundamentais que os pais levam em consideração.
Foi justamente a possibilidade de criar os filhos com liberdade e segurança que motivou o empresário Guilherme Oliveira e a esposa, Analu Da Rós Scopel Camponez, a comprar um apartamento no único resort residencial do Espírito Santo, o Taj Home Resort.
"Eu fui criado brincando na rua, jogando bola... Já os meus filhos, hoje vivem dentro de um apartamento. Então, quando o corretor falou 'seus filhos vão ficar soltos aqui, com segurança, área de lazer espetacular', foi a primeira coisa que me conquistou. Depois, começamos a conhecer o empreendimento e vimos a grandiosidade dele", conta o empresário.
Além da diversidade de serviços disponíveis, como restaurante, lavanderia, padaria e lavagem de carros, Guilherme destaca também a conveniência de poder realizar várias tarefas cotidianas dentro do próprio condomínio, o que economiza tempo e facilita a rotina diária.
"Toda essa comodidade e conforto impactaram na nossa decisão. Compramos no andar alto e a vista deve ser maravilhosa. Luxo para nós é isso: morar bem, com segurança, estar com os amigos, comemorar. O tempo é um fator determinante porque estamos sem tempo para tudo, então poder fazer tudo no 'em casa' e economizar que seja 20 minutos, já é um momento que temos para aproveitar com os filhos", explica ele.
Vila Velha: o canteiro de obras do Espírito Santo
O imóvel de luxo que Guilherme escolheu morar com a família é considerado a maior obra residencial da história do Espírito Santo.
O empreendimento está em fase de construção nas proximidades da Rodovia do Sol, no bairro Jockey de Itaparica, em Vila Velha.
O município, aliás, é o maior canteiro de obras do Estado atualmente, de acordo o 42º Censo Imobiliário do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Espírito Santo (Sinduscon-ES). Apenas no segundo semestre de 2023, Vila Velha recebeu 48,9% do total de novas unidades lançadas em todo o Estado.
Além de Jockey de Itaparica, os bairros Praia de Itaparica, Praia da Costa, Itapuã, Centro de Vila Velha, Coqueiral de Itaparica e Residencial Coqueiral compõem a região da cidade com o maior número de unidades em construção, somando 6.271 novas unidades.
"Vila Velha tem muitas áreas nobres, tem um litoral belíssimo e terrenos para verticalização. Quando a gente compara, Vitória tem uma quantidade de espaço físico muito menor para novos empreendimentos. Por outro lado, a Serra é um município que ainda está em uma expansão mais horizontal. Então acaba que Vila Velha é a bola da vez por esse contexto de cidade com qualidade de vida atrativa, orla belíssima e que ainda há terrenos para se fazer bons empreendimentos", explica o diretor do Sinduscon-ES.
Um levantamento feito pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Vila Velha revelou que a cidade terá um total de 68 novos prédios a partir de 2024. A previsão, segundo a prefeitura, é de que pelo menos 100 mil novos moradores passem a residir apenas na região de entorno do bairro Jockey.
“Os investimentos totais estimados na construção de novas edificações em Vila Velha são de R$ 4,3 bilhões. Os aportes serão feitos exclusivamente pelas construtoras, o que também impactará positivamente na criação de um mix mais amplo de serviços e na geração de mais emprego, renda e desenvolvimento econômico no município”, avalia o secretário de Desenvolvimento Econômico de Vila Velha, Everaldo Colodetti.
Maior prédio do Espírito Santo com padrão resort 5 estrelas
A diretora de relacionamento da Grand Construtora, Joana Barbosa, explica que o conceito de luxo em empreendimentos imobiliários como o Taj vai além do espaço físico. Atualmente, o que se busca é uma experiência de moradia que facilite a vida de quem tem a rotina corrida.
"Hoje a gente percebe que a busca nesse tipo de empreendimento é mais do que o metro quadrado, do que o apartamento, do que o revestimento. Isso é como se fosse o início, o básico. O que tem sido buscado ultimamente é uma experiência de moradia. Todos estão com a vida muito corrida e precisam da facilidade, então nós temos serviços, por exemplo, que são quase uma experiência de governança de um resort", conta Joana.
Em tempos de uso excessivo de telas, ela ressalta a importância de um ambiente onde as crianças possam brincar, interagir e fazer novas amizades. O condomínio, segundo Joana, foi cuidadosamente projetado para atender às expectativas de cada membro da família.
"Você tem lazer com segurança, onde pode resgatar os valores da criança que desce ao final do dia para brincar com os amigos sabendo que está em um ambiente totalmente seguro, de ter essa convivência da família, onde todos têm algo dentro do seu lazer. Para crianças, temos uma área completa com piscina e brinquedos, mas temos para o adulto o spa e piscina climatizada, por exemplo. São propostas que vão atender a expectativa de cada um", destaca.
Imóveis: maior crescimento entre as categorias de luxo no Brasil
O segmento de imóveis teve o maior crescimento entre as categorias de luxo no Brasil, de acordo com um estudo feito pela consultoria global de investimentos Bain & Company para a Revista Vogue.
A pesquisa, divulgada em janeiro deste ano, dividiu o mercado de luxo em 9 segmentos: moda e itens pessoais, imóveis, automóveis, saúde, aeronaves privadas, iates, fine art, hotéis e bebidas finas.
A categoria de imóveis de luxo cresceu 339% em relação a 2020 e foi o segmento que registrou a maior expansão entre 2020 e 2022. O estudo aponta ainda a tecnologia como grande aliada para a expansão do mercado de imóveis de luxo, que possibilita visitas de imóveis com realidade virtual, por exemplo.
O professor Cláudio Cunha, do Departamento de Administração da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), destaca a distinção entre os dois públicos que buscam artigos de luxo.
Um grupo possui alto poder aquisitivo e tende a adotar uma abordagem mais racional, enquanto o outro adquire produtos de luxo por ostentação, de forma mais impulsiva.
"Tem dois públicos que visam os artigos de luxo: um tem poder aquisitivo muito alto e, normalmente, tem um comportamento mais racional, com acesso a assessoria de investimentos, por exemplo. Então ele vai avaliar isso como alternativa de investimento, principalmente se tratando de imóvel de luxo. Eles levam em consideração a taxa de juros, expectativa de inflação e escassez. O outro público é formado por pessoas que compram por ostentação, que normalmente não têm poder aquisitivo, é mais irracional e quer tentar imitar aqueles que tem", explica.
O professor enfatiza ainda que alguns bens, quanto mais caros, mais vendem, justamente por serem considerados de luxo. No caso dos imóveis, as construtoras e incorporadoras buscam diferenciais que os tornem exclusivos.
"Tem uma expectativa de que quando o investidor compra imóveis, ele pensa em se proteger da inflação, considerando que é um bem real, durável e tende a se valorizar. Na Grande Vitória, está se tornando mais escasso lugares privilegiados, por exemplo, então esse comprador observa as expectativas futuras também", conclui o professor.