Fraude milionária: homem é preso em cobertura de prédio de luxo na Praia do Canto
Suspeito estava sendo investigado há dois anos pelos crimes de sonegação, evasão e lavagem de dinheiro; operação foi realizada nesta terça (13) pela PF, Receita Federal e Ministério Público Federal
*A reportagem foi atualizada no dia 15 de julho. A versão anterior mostrava, de forma errada, uma foto da fachada do edifício Montparnasse, mas o alvo da operação da Receita Federal foi o prédio ao lado.
Um homem suspeito de participar de esquema de fraude de mais de R$ 830 milhões no Estado foi preso na cobertura do edifício Caribbean Island Residence, na Praia do Canto, em Vitória.
Ele estava sendo investigado desde 2019 e foi detido após o cumprimento de mandado de prisão preventiva durante a operação Arcano, da Receita Federal.
Após ser preso pelos crimes de sonegação, evasão e lavagem de dinheiro, a Justiça Federal também determinou o bloqueio do uso de imóveis, a apreensão de carros de luxo, embarcações e até de um helicóptero.
A operação foi realizada nesta terça-feira (13) e contou com o apoio do Ministério Público Federal e também de agentes da Polícia Federal. O homem preso já era investigado desde a prisão de outro suspeito, que ocorreu em 2019, na Operação Masqué.
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Essa operação apurava um esquema de evasão de divisas com a utilização de empresas que falsificavam e repetiam documentação para enviar dinheiro para o exterior, em uma atuação semelhante à dos investigados na Operação “Arcano”.
De acordo com o delegado da Receita Federal, Fabrício Bello, na operação desta terça-feira também foram apreendidos materiais que podem ajudar nas investigações.
"A ordem judicial que foi cumprida na operação contemplou a prisão de uma pessoa e o bloqueio de uma série de bens que foram produtos de ilícitos praticados no passado, que foram objetos de outras operações. Também foram colhidos materiais, como mídias, computadores e documentos para a continuidade das investigações", disse.
Segundo o delegado, o esquema partia da importação de um produto, que era declarado por um valor menor do que realmente valia. No entanto, como ainda era necessário pagar pelo verdadeiro valor ao fabricante no exterior, o esquema precisou ser montado para enganar as autoridades brasileiras.
Empresas de fachada simulavam importações com documentos falsos, por meio de operações com casas de câmbio. Segundo as investigações, algumas dessas casas de câmbio sabiam do esquema.
Os intermediários da fraude lucravam cobrando um percentual sobre as operações. Sete empresas de fachada teriam feito 1.178 contratos de câmbio com base em documentos falsos ou repetidos. Quando era real, a mesma documentação servia para dezenas de operações.
O homem preso, nesta terça-feira (13), era um dos intermediários que cobravam para fazer as operações parecerem legais. As autoridades rastrearam e descobriram que ele adquiriu vários bens com o lucro das fraudes, utilizando laranjas. Ao seguir o dinheiro, os investigadores conseguiram prendê-lo.
As buscas foram feitas em endereços residenciais e comerciais de proprietários e pessoas ligadas às empresas investigadas. Um dos endereços foi a loja Reta Veículos, localizada na Avenida Nossa Senhora da Penha, em Vitória.
Segundo informações da empresa, os policiais foram buscar dados de um cliente, que comprou um veículo há oito anos. A empresa informou, ainda, que colaborou com os agentes, fornecendo os dados solicitados como fichas de cadastros.
O suspeito vai responder por crimes de sonegação fiscal, evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Desde 2015, o esquema movimentou cifras que ainda estão sendo contabilizadas.
Apenas a dívida ativa é calculada em 834 milhões de reais, além de quase 100 milhões de dólares em remessas ilegais, quase todas para Hong Kong, na China.
Entenda os casos
Além da Operação Arcano, também foi deflagrada a “Masqué II”. Ela é uma continuação da operação de mesmo nome deflagrada pela Polícia Federal no Espírito Santo em agosto de 2019 e investiga o crime de lavagem de dinheiro praticado pelos envolvidos na primeira fase da operação policial, em especial mediante a compra de imóveis, embarcações e veículos em nome de terceiros, além de empréstimos feitos fora do mercado formal de crédito.