Economia

Helicóptero, carros de luxo e lanchas são alvos em operação da Receita Federal no ES

Um homem foi preso nesta terça-feira (13), em Vitória, após uma operação da PF, Receita Federal e Ministério Público Federal. Os prejuízos aos cofres públicos passam de R$ 830 milhões

Foto: Polícia Federal / Divulgação

A Receita Federal, o Ministério Público e a Polícia Federal realizaram, nesta terça-feira (13), a Operação Arcano que prendeu um homem procurado por sonegação, evasão e lavagem de dinheiro. Além da prisão do suspeito, a Justiça Federal determinou o bloqueio do uso de imóveis e apreensão de carros de luxo, embarcações e até de um helicóptero.

De acordo com o delegado da Receita Federal, Fabrício Bello, na operação desta terça-feira também foram apreendidos materiais que podem ajudar nas investigações. 

"A ordem judicial que foi cumprida na operação contemplou a prisão de uma pessoa e o bloqueio de uma série de bens que foram produtos de ilícitos praticados no passado, que foram objetos de outras operações. Também foram colhidos materiais, como mídias, computadores e documentos para a continuidade das investigações", disse. 

De acordo com o delegado, ainda não é possível informar o valor total dos bens apreendidos, já que as investigações continuam. 

"Não temos um valor determinado, porque as investigações continuam. O que se sabemos é que são bens de alto valor agregado, como aeronaves, embarcações, veículos e imóveis, que tiveram a disponibilidade bloqueada. Não dá para prever um valor agora, mas é na casa de milhões", adiantou. 

Segundo o delegado, o esquema partia da importação de um produto, que era declarado por um valor menor do que realmente valia. No entanto, como ainda era necessário pagar pelo verdadeiro valor ao fabricante no exterior, o esquema precisou ser montado para enganar as autoridades brasileiras.

Empresas de fachada simulavam importações com documentos falsos, por meio de operações com casas de câmbio. Segundo as investigações, algumas dessas casas de câmbio sabiam do esquema. 

Os intermediários da fraude lucravam cobrando um percentual sobre as operações. Sete empresas de fachada teriam feito 1.178 contratos de câmbio com base em documentos falsos ou repetidos. Quando era real, a mesma documentação servia para dezenas de operações.

Foto: Receita Federal

O homem preso, nesta terça-feira (13), era um dos intermediários que cobravam para fazer as operações parecerem legais. As autoridades rastrearam e descobriram que ele adquiriu vários bens com o lucro das fraudes, utilizando laranjas. Ao seguir o dinheiro, os investigadores conseguiram prendê-lo.

As buscas foram feitas em endereços residenciais e comerciais de proprietários e pessoas ligadas às empresas investigadas. Um dos endereços foi a loja Reta Veículos, localizada na Avenida Nossa Senhora da Penha, em Vitória. 

Segundo informações da empresa, os policiais foram buscar dados de um cliente, que comprou um veículo há oito anos. A empresa informou, ainda, que colaborou com os agentes, fornecendo os dados solicitados como fichas de cadastros.

O suspeito vai responder por crimes de sonegação fiscal, evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Desde 2015, o esquema movimentou cifras que ainda estão sendo contabilizadas. 

Apenas a dívida ativa é calculada em 830 milhões de reais, além de quase 100 milhões de dólares em remessas ilegais, quase todas para Hong Kong, na China.

Além da Operação Arcano, também foi deflagrada a “Masqué II”. Ela é uma continuação da operação de mesmo nome deflagrada pela Polícia Federal no Espírito Santo em agosto de 2019 e investiga o crime de lavagem de dinheiro praticado pelos envolvidos na primeira fase da operação policial, em especial mediante a compra de imóveis, embarcações e veículos em nome de terceiros, além de empréstimos feitos fora do mercado formal de crédito.

*Com informações do repórter Alex Pandini, da TV Vitória/Record TV.