Economia

Usar milhas vale a pena? Veja dicas para viajar com desconto

Com os valores das passagens em alta, os consumidores buscam soluções para economizar na hora de viajar. Mas será que é vantajoso usar milhas?

Gabriel Barros

Redação Folha Vitória
Foto: Divulgação / Adobe Stock

A temporada de férias escolares desperta, em muitas famílias, o desejo por viajar e conhecer lugares novos. No entanto, com a crise econômica, a vontade está cada vez mais distante da realidade do brasileiro.

Para tentar viajar, algumas pessoas apostam em milhas e nos programas de fidelidade oferecidos pelas companhias áreas. É o caso da Vivian Martins, que vai viajar no próximo feriado, em setembro, e já começou a buscar passagens baratas usando milhas. 

"Tenho pesquisado as passagens nas agências e em sites específicos que usam as milhas, mas está difícil. Tenho um evento para ir em João Pessoa, mas as passagens aéreas partindo de Vitória estão com custo muito alto, mesmo usando as milhas. Parecem que elas não estão valendo a pena como antes", contou.

Ela não é a única que tenta aproveitar as milhas para conseguir um bom preço na hora de comprar passagens aéreas. Um estudo da Associação Brasileira das Empresas do Mercado de Fidelização (ABEMF) aponta que 65% dos consumidores priorizam compras em companhias que oferecem programas de fidelidade.

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De acordo com o levantamento da associação, em 2021, foram realizadas 22,4 milhões de transações de emissão e resgate de milhas. O número representa um crescimento de 35,4% em comparação com 2020.

O uso das milhas é a forma encontrada por muitos para viajar com desconto e, às vezes, de "graça". No entanto, nem todos conhecem detalhadamente o funcionamento deste serviço. 

Quanto vale cada milhas? É mais vantajoso usar as milhas acumuladas ou vendê-las? Esta é a melhor forma de economizar na hora de viajar? 

O Folha Vitória foi atrás de respostas para te ajudar a voar de forma mais barata e aproveitar os benefícios oferecidos pelos programas.

O que são milhas?

Foto: Divulgação

Milhas é um tipo de unidade usada pelas companhias aéreas em programas de fidelidade. É como se fosse uma moeda específica do setor aéreo. O objetivo é estimular os clientes a viajar mais, pagando menos ou, em alguns casos, até sem pagar nada em dinheiro.

Quantas milhas é preciso para viajar?

O valor das milhas é calculado conforme o trecho da viagem. Por isso, para responder a esta pergunta, é preciso antes conhecer o destino. O valor em reais de cada milha também vária de acordo com outros fatores. 

O economista Eduardo Araújo explica que, com a alta da inflação, as milhas têm se desvalorizado no setor aéreo.

"A inflação trouxe uma desvalorização das milhas. No passado, você conseguia ir de Vitória para Fernando de Noronha, por exemplo, pagando cerca de 10 mil milhas por pessoas. Atualmente, é preciso gastar cerca de 50 mil pontos", disse.

As negociações geralmente ocorrem por milheiro (1.000 milhas), que custam cerca de R$ 10 a R$ 40. 

Como acumular milhas?

Existem diversas formas de acumular milhas. Transferência de pontos de programas de fidelidade, como, por exemplo, de postos de combustíveis; clube de milhas; cartão de crédito; e compra de passagens áereas. 

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As principais formas de acúmulo de milhas, atualmente, são os programas de fidelidade das companhias e o uso dos cartões de crédito. Porém, com as taxas elevadas das bandeiras e o prazo para utilização das milhas, o uso das milhas acaba deixando de ser vantajoso.

"Com essa alta, você leva um tempo muito grande para juntar as milhas que precisa para viajar, e como o prazo na maioria das vezes é curto, nem sempre é possível conseguir viajar com as milhas. Com muita pesquisa, você até acha passagem com uma menor quantidade de milhas, mas depende de sua flexibilidade", disse.

Qual a melhor forma de aproveitar o benefício?

Uma das propostas é a venda das milhas em sites especializados. Segundo o economista, o usuário pode ter mais vantagens ao vender as milhas e usar o dinheiro para comprar o que desejar.

"De maneira geral, quando há a opção de fazer a venda das milhas para site, esse tipo de mediação pode trazer mais vantagens. O preço da passagem está elevado e, por isso, talvez o usuário consiga criar mais oportunidades de negócio", explica. 

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Outra tendência que pode ser mais vantajosa, de acordo com Araújo, é o uso do cashback dos cartões. "Essa é uma tendência que tem crescido. Os cartões de crédito têm oferecido programas com cashback, que chega às vezes a 1% do valor da fatura. É um processo mais simples para o consumidor". 

Programas de fidelidade das companhias áreas

Cada empresa tem autonomia para determinar as regras do seu programa. De maneira geral, ao comprar uma passagem área, parte do valor é revertido em pontos. 

A distância do voo, a classe econômica e as tarifas cobradas também podem ser convertidas. Esses pontos, conhecidos como milhas, são convertidos em moedas para comprar novas passagens.

Uso de cartão de crédito

Algumas operadoras de cartão de crédito oferecem programas para acumular milhas. Ao realizar uma compra, o consumidor consegue acumular pontos que, futuramente, podem ser revertidos em milhas. 

Os consumidores devem ficar sempre atentos às regras de cada bandeira de cartão, pois os prazos e valores para a conversão podem alterar. Outro ponto que deve ser observado, segundo o economista, é o uso dos cartões de crédito. 

"As administradoras dos cartões com maior pontuação, geralmente, tem taxas de anuidade, por exemplo, mais altas. Por isso, é preciso ficar atento".

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Neste caso, se você não costuma viajar com tanta frequência, o uso dos cartões acaba deixando de ser vantajoso e torna-se um prejuízo, um gasto desnecessário.  

Dica de ouro: atenção ao prazo de validade das milhas

Juntar as milhas necessárias para fazer uma viagem pode levar tempo. Mas é sempre preciso ficar atento ao prazo de validade de cada empresa, pois todo o esforço para acumular os pontos pode acabar sendo desperdiçado por falta de planejamento. 

A dica de ouro é sempre conferir o prazo de validade de conversão e, principalmente, de expiração das milhas. Essas informações costumam estar presentes nos boletos dos cartões de crédito, aplicativos e site dos programas de fidelidade.

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