Voos internacionais de passageiros partindo de Vitória estão em estudo, mas falta demanda
Rotas internacionais não são vislumbradas a curto prazo. Já o mercado de voos domésticos passa por aquecimento no período pós-pandêmico
*Reportagem: Guilherme Lage
Quem nutre o sonho de partir do Aeroporto de Vitória direto para o exterior terá que esperar um pouco mais para tirar os planos do papel. Existem estudos em andamento, no entanto, a viabilidade esbarra na falta de demanda.
O mercado ainda segue em reaquecimento em um cenário pós-pandêmico e ainda que o aeroporto siga em pleno funcionamento, os planos de voos internacionais ainda não se encontram em um horizonte tão próximo.
Considerado o segundo melhor aeroporto do país, o Eurico Aguiar Salles oferece nove destinos diferentes e cerca de 75 voos diários, atingindo o mesmo nível de movimentação dos passageiros do período pré-pandêmico, mas o único traslado internacional é o transporte de cargas que vem de Miami.
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Voos dependem de demanda de passageiros
O CEO da Zurich Airport Brasil, Ricardo Gesse, informa que voos internacionais dependem da demanda de passageiros e que a escolha de adotar ou não essas viagens é das companhias aéreas. Ele participou da inauguração da loja Dufry no terminal.
"O voo internacional depende da demanda de passageiros, é um voo feito por uma companhia aérea. Nós, como aeroporto, não conseguimos falar 'olha, vamos ter um voo internacional' e quais são os destinos. O que a gente consegue fazer é verificar os principais mercados e sinalizar para as companhias aéreas as potencialidades", disse.
Ainda segundo ele, o mercado de voos domésticos é o que passa por maior aquecimento e, atualmente, as companhias investem em destinos tradicionais, que são justamente as viagens no território brasileiro.
"A gente tem esse trabalho constante, mas o que percebemos é que o aquecimento do mercado doméstico vem acontecendo de uma forma mais acelerada, o mercado internacional ainda não voltou 80%. Existe ainda um pouco dos mercados mais tradicionais que vão ter que retomar, o número dos passageiros domésticos recupera 100% de novo, aí as companhias começam a pensar em destinos não tradicionais", afirmou.
O CEO afirma que os estudos seguem em curso e que rotas internacionais são sempre um assunto de interesse em conversas com as companhias aéreas, mas admite que os planos ainda estão focados no futuro. "É algo mais para o futuro, rotas internacionais em Vitória ainda não são algo no horizonte a curto prazo".
O gerente do aeroporto, Fernando Castro, reitera o posicionamento de CEO e informa ainda que o local conta com estrutura para receber os voos e tudo depende, realmente, do interesse das companhias.
"O aeroporto está preparado, toda a necessidade de alfandegamento e infraestrutura nós fizemos. A partir do momento em que houver demanda, a gente está pronto. Olhamos sempre o longo prazo e para construir rotas internacionais, precisamos de uma malha doméstica fortalecida", afirmou.
Utilização da nova pista
De acordo com os responsáveis, atualmente 96% dos voos que saem de Vitória decolam da nova pista, com aproximação pelo mar. A pista auxiliar, que causa certa reclamação de moradores do entorno, é utilizada apenas em casos de manutenção da via principal.
O gerente Fernando Castro informa que há manutenções que precisam ser feitas de imediato na pista, para que os passageiros não sejam afetados. Além disso, há questões relevantes para o bom funcionamento da via, como o próprio clima.
"Existem alguns fatores que são importantes para o funcionamento e manutenção das aeronaves, primeiro fator é meteorologia. Então o vento acaba sendo ponto relevante", disse.
"Mas nessas situações eu percebo que acontecem em situações muito pontuais, quando fazemos algum tipo de manutenção na pista principal, como uma revitalização da sinalização, uma manutenção, balizamento. São manutenções preventivas justamente para garantir que a gente tenha essa pista disponível", complementou.
Ainda segundo o gerente, a disponibilidade de duas pistas representa uma vantagem do Eurico Aguiar em relação a outros aeroportos no país, que muitas vezes, precisam cancelar voos por conta da indisponibilidade da via.
"Outros aeroportos que não têm a facilidade, a disponibilidade de duas pistas, eles acabam tendo que fechar a pista e gerando impacto aos passageiros, a gente tem esse benefício de termos duas pistas. Infelizmente quando há necessidade de manutenção, as operações são direcionadas à pista auxiliar, mas o benefício é que os passageiros não são impactados, no final das contas acredito que o saldo é positivo", finalizou.
O CEO concordou com o posicionamento de Castro e afirmou que, apesar dos eventuais transtornos que possam ser causados pelo uso da via auxiliar, o porte operacional de duas vias garante flexibilidade ao aeroporto e evita o cancelamento de voos.
Empreendimentos no aeroporto
A região do entorno do Aeroporto de Vitória pode ficar bem diferente nos próximos anos. O plano é expandir a região com empreendimentos imobiliários, logísticos e comerciais e transformar o local em uma "cidade disponível em 15 minutos", como definem o CEO e o gerente da Zurich Airport Brasil.
Para explorar o potencial da área, o aeroporto aposta em parcerias com investidores para o desenvolvimento de empreendimentos e comércios locais.
De acordo com eles, os investimentos poderiam acontecer em diversas frentes, desde comércio de automóveis até o segmento de lazer e gastronomia, com a chegada de restaurantes e centros de convenções.
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