Economia

Empresários do ES divulgam carta aberta contra apagão logístico

Dentre os problemas citados pelas organizações que representam os setores de café e rochas está a formação de filas de navios nos portos e escassez de contêineres

Foto: Thiago Soares/Folha Vitória

O Centro do Comércio de Café de Vitória (CCCV) e o Centro Brasileiro dos Exportadores de Rochas Ornamentais (Centrorochas) divulgaram uma carta aberta às autoridades portuárias do Espírito Santo nesta sexta-feira (12). 

No documento, assinado por Tales Machado, presidente do Centrorochas, e Fabrício Tristão, presidente do CCCV, as entidades reclamam da falta de estruturação logística portuária do Estado, que tem, segundo eles, causado prejuízos aos setores no Espírito Santo. 

Dentre os problemas citados pelas organizações está a formação de filas de navios nas estações portuárias e escassez de contêineres nos terminais portuários, o que ocasionaria atrasos em entregas e descumprimentos de prazos já celebrados em contratos. 

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Segundo os presidentes das instituições, apesar de reuniões e tratativas realizadas com a Autoridade Portuária, pouco ou quase nada foi feito para solucionar os problemas. 

"Em que pese as inúmeras reuniões e tratativas no Comitê COMEX/ES, que contaram com a participação da Autoridade Portuária, de representantes dos terminais portuários, dos operadores portuários e dos usuários, a fim de buscar soluções para os gargalos logísticos que acometem o setor portuário do Estado do Espírito Santo, não se observa, na prática, a adoção de qualquer ação efetiva para a melhoria da capacidade de operações portuárias, em especial no terminal de contêineres", afirma o documento assinado pelas entidades. 

Na mesma carta, as organizações relatam que levantamento feito pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) registra que o porto de contêineres, localizado em Vila Velha atualmente opera com 155% de sua capacidade. 

Isso faz com que exista um aumento no tempo de estadia das embarcações de contêineres, alteração de rotas de embarcações, cancelamentos de embarques. 

"Tais ocorridos têm deixado as cadeias produtivas que dependem do embarque de seus contêineres no porto para a exportação de seus produtos, totalmente desamparadas e sem atendimento por longos períodos, culminando no descumprimento de contratos internacionais já celebrados e na geração de desastrosas consequências econômicas para o setor produtivo capixaba", afirma a carta. 

Somente em 2024, já foram registradas três omissões, o que significa que embarcações programadas para atracar nos portos de Vitória ou Vila Velha desistiram de fazê-lo por conta do longo período de espera em fila.

A carta destaca que este tipo de reprogramação culmina em atrasos, aumento do tempo de estadia de navios, além de filas de caminhões, multas no transporte rodoviário e aumentos de fretes. 

"Para se ter uma ideia, somente no setor exportador de café, calcula-se que nos últimos doze meses, mais de 1 milhão de sacas de café foram desviadas para embarques em portos como o do Rio de Janeiro, por falta de capacidade de serem embarcadas em Vitória e a fim evitar prejuízos maiores. Isso equivale a cerca de 16% do volume que o Espírito Santo embarcou no Porto de Vitória no mesmo período." 

Setores cafeeiro e de rochas ornamentais no Estado 

Os setores cafeeiro e de rochas ornamentais são dois dos maiores pilares da economia do Espírito Santo. 

O Brasil, conforme informado pela carta enviada pelas organizações, é o quinto maior exportador de rochas ornamentais do mundo, com receitas de exportação que giram em torno de U$ 1, 2 bilhão ao ano a cerca de 130 países. 

As rochas naturais brasileiras são exportadas principalmente em forma de blocos brutos, que representam 23% do total, e em chapas beneficiadas, que representam 77% de toda exportação brasileira.

Além disso, o Espírito Santo é o segundo maior produtor de café do país e o primeiro colocado na produção do café conilon. 

Ao final de julho, a expectativa é que a exportação capixaba do produto tenha o maior resultado de sua história, com mais de 8,3 milhões de sacas exportadas, o que representa mais de 1,5 bilhão de dólares. 

O que diz a Vports 

Por meio de nota, a Vports, concessionária que administra os portos em Vitória, Vila Velha e Barra do Riacho (Aracruz), informou que questões relacionadas à disponibilidade de contêineres, bem como referentes a espaços para armazenagem e movimentação nos portos, são desafios que hoje se impõem como um todo aos segmentos portuário e de comércio exterior. 

Na mesma nota, a concessionária afirma que a única solução possível para situações com essa complexidade envolve o trabalho conjunto para mapear dificuldades e construir ações concretas com todos os envolvidos. 

A Vports também afirma que participa de discussões e investe em infraestrutura para garantir mais eficiência em operações. 

De acordo com a concessionária, R$ 150 milhões foram investidos para a modernização de portarias e reforma de silos e área de armazenagem. 

Veja a nota na íntegra: 

"A Vports esclarece que questões relacionadas à disponibilidade de contêineres, bem como referentes a espaços para armazenagem e movimentação nos portos, são desafios que hoje se impõem como um todo aos segmentos portuário e de comércio exterior no Brasil e no mundo, em decorrência do aumento do volume de exportações e importações. A única solução possível para questões com essa complexidade envolve o trabalho conjunto focado em mapear dificuldades, propor soluções e construir ações concretas e sistêmicas com todos os envolvidos, unindo forças e definindo responsabilidades em prol do fortalecimento do segmento e do desenvolvimento econômico do Estado. Como autoridade portuária, a empresa tem feito a sua parte, participando das discussões e investindo em infraestrutura, de forma a garantir mais eficiência e trazer melhorias às operações. Investimentos da ordem de R$ 150 milhões incluem, por exemplo, modernização de portarias, reforma de berços, recuperação de silos e áreas para armazenagem, revitalização da ferrovia, equipamentos e tecnologias de segurança, monitoramento e acesso."

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