Economia

Produtos aumentam mais de 50% durante a pandemia; produtores explicam o motivo

O feijão e leite apresentaram as maiores altas, 52,3% e 47,79%, respectivamente. Para produtores, a estação fria e seca influenciam no aumento do preço

Saelly Pagung *Estagiário

Redação Folha Vitória
Foto: Divulgação/Abas

Abastecer a despensa não está sendo uma tarefa fácil para o consumidor. Segundo uma pesquisa realizada pelo Procon de Vitória, do início da pandemia até agosto deste ano, produtos de primeira necessidade sofreram variações de mais de 50% em seus preços nos últimos 5 meses. Esse é o caso do feijão, alimento com maior variação (52,36%), seguido pelo leite (47,79%), farinha de mandioca (27,78%) e esponja de aço (26,81%). 

Mas essa alta, principalmente do feijão e do leite, possui explicação. Segundo o diretor-presidente da Cooperativa Agroindustrial de Garrafão, Washington Henrique Machado, um dos motivos do preço do feijão ter ficado acima dos valores praticados normalmente foi a seca que ocorreu no Sul do país, em especial, no Paraná, principal produtor desse alimento. “O Espírito Santo não é autossuficiente na produção do feijão, nós compramos de outros estados. Com essa seca, a oferta do produto diminuiu, no mesmo período em que a demanda aumentou, por conta da pandemia e do isolamento social. Consequentemente, por conta da lei da oferta e da procura, o preço sobe”, explicou.

E o queridinho do brasileiro pode ficar mais caro nos próximos meses. “Durante o ano existem duas safras do feijão no Espírito Santo. Atualmente estamos colhendo a primeira, plantada em fevereiro. A próxima será plantada somente em setembro para colhermos em dezembro. Entraremos em um período chamado 'entressafras', no qual não há plantação, e por isso ele é de baixa produção, podendo provocar novas altas no preço do feijão", conta Machado.

O segundo produto com a maior alta foi o leite. O produtor rural de Muniz Freire, Janio Bastos, explica que esse aumento acontece todos os anos neste período por conta da estação, que prejudica o crescimento do pasto. “O inverno é um período mais seco, no qual a vegetação cresce menos, diminuindo a alimentação do gado. Para reverter essa situação, o produtor tem que suplementar a alimentação dos animais com ração, que está mais cara por conta da soja e do milho, que também estão com preços elevados. Todos esses custos extras são repassados para o produto final”, comenta.

Outro fator para o encarecimento do leite é o dólar alto, conforme o presidente da Selita, Leonardo Monteiro. "O dólar aumentou absurdamente neste ano. A primeira consequência é no preço da soja e do milho, essenciais na ração, que  tiveram seus preços elevados, aumentando o custo de produção. A segunda recai sobre a importação do leite em pó, que deixa de ser feita, também por conta do dólar alto, não balanceando o preço no mercado interno", afirma Monteiro.

Mas a pandemia não pode ser ignorada, segundo o presidente da Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado do Espírito Santo (Fetaes), Julio Cezar Mendez. “Nós já esperávamos uma mudança no preço dos alimentos porque o produtor foi afetado, tendo mais dificuldade em manter o padrão de produção e de realizar a logística como antes. Contudo, não podemos falar que essa variação de preço está relacionada apenas aos produtores. É preciso saber se os supermercados estão repassando os valores de forma correta”, explica.

É preciso pesquisar os menores preços

Para quem deseja economizar no fim do mês, não há segredo: é preciso comparar os preços. A dica é do economista Pedro Lang, ao explicar que a alta dos produtos é uma questão de posicionamento competitivo dos supermercados. Assista ao tutorial e aprenda a economizar de uma forma bem simples!