Os trabalhadores dos Correios no Espírito Santo aprovaram, na noite desta segunda-feira (17), a deflagração de greve por tempo indeterminado, a partir de 0h desta terça-feira (18). A decisão foi tomada durante uma assembleia geral extraordinária convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Correios Prestadora de Serviços Postais, Telegráficos, Encomendas e Similares do Espírito Santo (Sintect-ES), realizada na Praça Oito, no Centro de Vitória.
Por meio de nota, o Sintect-ES informou que um dos motivos da deflagração da greve foi a forma como os Correios conduziram a crise provocada pela pandemia do novo coronavírus. “A negligência da empresa já resultou em mais de 100 casos em diversas unidades do estado e os número aumentam a cada dia”, informou o sindicato, na nota.
Além disso, o Sintect-ES cita a proposta de 0% de reajuste e a retirada de 70 cláusulas do atual acordo coletivo da categoria como justificativa para o início da paralisação. “Somam-se a isso [condução da empresa na crise da covid-19] os ataques a direitos históricos em um momento em que os trabalhadores ecetistas já estão fazendo sacrifícios para manter um serviço que é essencial e vem sendo sucateado nos últimos anos a troco de negociatas com interesses políticos individuais”, declarou o sindicato.
A primeira unidade da federação a deflagrar a greve foi o Distrito Federal, que anunciou o início da paralisação a partir das 22 horas desta segunda-feira. A expectativa é de empregados dos Correios de outros estados também se reúnam e aprovem movimentos grevistas, tornando a mobilização nacional.
A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa dos Correios, na noite desta segunda-feira, para pedir um posicionamento sobre as alegações dos trabalhadores.
Por nota, a empresa esclareceu que possui Plano de Continuidade de Negócios, para continuar atendendo à população em qualquer situação adversa e que desde o início das negociações com as entidades sindicais, os Correios tiveram o objetivo de cuidar da saúde financeira da empresa, a fim de retomar seu poder de investimento e sua estabilidade, para se proteger da crise financeira ocasionada pela pandemia.
“A diminuição de despesas prevista com as medidas de contenção em pauta é da ordem de R$ 600 milhões anuais. As reivindicações da Fentect, por sua vez, custariam aos cofres dos Correios quase R$ 1 bilhão no mesmo período – dez vezes o lucro obtido em 2019. Trata-se de uma proposta impossível de ser atendida”, diz a empresa.
A entidade finaliza a nota dizendo que “respaldados por orientação da Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (SEST), bem como por diretrizes do Ministério da Economia, os Correios se veem obrigados a zelar pelo reequilíbrio do caixa financeiro da empresa. Em parte, isso significa repensar a concessão de benefícios que extrapolem a prática de mercado e a legislação vigente. Assim, a estatal persegue dois grandes objetivos: a sustentabilidade da empresa e a manutenção dos empregos de todos”.