Economia

'O que temos hoje é apenas 5% do que é o Pix', diz Campos Neto no Encontro Folha Business

Presidente do Banco Central falou sobre as inovações tecnológicas que devem revolucionar transações bancárias no país. O evento reuniu empresários e lideranças políticas nesta sexta-feira (13), em Vitória

Foto: Víctor Machado

O presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, participou, na manhã desta sexta-feira (13), do 4º Encontro Folha Business. O evento, reconhecido como ponto de encontro dos principais tomadores de decisão da iniciativa pública e privada, reuniu empresários e lideranças políticas.

O painel de encerramento do encontro contou com a participação de Campos Neto e do deputado federal Felipe Rigoni. A mediação foi realizada pelo apresentador e head da plataforma Folha Business, Ricardo Frizera.

Ao falar sobre as inovações propostas pelo Banco Central, Campos Neto citou as funcionalidades que ainda serão implementadas no Pix, sistema que começou a funcionar em novembro de 2020 e que permite uma nova forma de realizar pagamentos e transações bancárias.

“Muitas pessoas falam que o Pix é uma ferramenta que já existe. Mas, na verdade, ele nem começou ainda. Quando vemos o que a gente desenhou, digo que o que temos hoje é só 5% do Pix. Vem muito mais por aí”, disse.

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Segundo o presidente do BC, novas funcionalidades estão programadas para acontecer. As próximas a serem implementadas serão o Pix Saque e o Pix Troco, focado em atender, principalmente, as cidades que não possuem agências bancárias.

“Acontece que temos centenas de cidades no Brasil que não têm agências bancárias. Para um loja, é importante ter o cliente na boca do caixa. O Pix Saque e o Pix Troco faz com que qualquer loja ou qualquer lugar do Brasil que tenha uma caixa registradora vai virar um ATM”, explicou.

Na prática, a função vai permitir que um cliente pague um valor para algum estabelecimento, via Pix, e receba em dinheiro, como se fosse um caixa eletrônico. Para Campos Neto, o modelo vai permitir a criação de novos negócios. 

“Hoje temos vários modelos de negócio que só funcionam por causa do Pix. Já ouvi relatos de pessoas que só tem seu pequeno negócio porque usam o Pix. Isso faz com que o volume de negócios suba e a eficiência aumente”, afirmou.

PRIVATIZAÇÃO DE SERVIÇOS

Campos Neto falou ainda sobre a possibilidade de privatização de serviços. Para ele, a proposta pode ser uma alternativa para solucionar diversos problemas sociais do Brasil.

“O Brasil tem várias saídas boas. À medida que avançamos nestes novos modelos de negócio, entendemos que os modelos se adaptam. A solução é o mundo privado. Um professor meu dizia que o problema é que passamos muito tempo procurando solução pública para problema privado. Mas eu acho que precisamos procurar solução privada para problema público. O caminho é a iniciativa privada. O que garante renda recorrente não é benefício do governo, é emprego e produtividade”, disse.

Assista a íntegra do 4º Encontro Folha Business

Já o deputado Felipe Rigoni comentou sobre a proposta que vai aumentar o valor de pagamento do programa Bolsa Família e os desafios de não comprometer o teto de gastos.

“O Bolsa Família tem uma discussão desde 2019 que a gente tem que melhorar a capacidade dos vulneráveis, mas tem que ser de maneira responsável. No Brasil temos vários programas sociais que são completamente ineficientes. Se a gente tivesse a coragem de fazer a reforma, pegando vários programas e juntar com o fim dos supersalários, se faz esse tipo de reforma sem descumprir o teto de gastos. Como veio (a proposta) não tem como. Teremos que mudar a maneira que veio para cumprir o teto de gastos. Muitos falam que não tem condição de reduzir a desigualdade sem descumprir o teto de gastos, mas tem sim”, citou.

O presidente do Banco Central ainda afirmou que, durante a pandemia, as empresas pequenas tiveram mais acesso ao crédito que as médias, e que as médias tiveram mais crescimento de crédito que as grandes. “Não é verdade que as pequenas companhias tiveram restrição de crédito, é o contrário”, afirmou.

Banco Central quer criar Open Health

Em sua fala, Campos Neto também revelou que a instituição está conversando com o Ministério da Saúde para a criação de um “Open Health”, um sistema de dados de consumidores de produtos na área de saúde. Ele não deu detalhes sobre o sistema ou sobre como funcionaria.

Segundo o presidente do Banco Central, parte da atividade no setor de serviços – que representa dois terços da economia – começa a se recuperar. Ele voltou a dizer que há diversos choques no Brasil que fizeram a inflação de curto prazo subir.

“Tivemos problema hídrico que gerou uma reprecificação de toda a cadeia energética no Brasil e parece que vai ter mais algum aumento de preço na bandeira 2 de energia”, afirmou Campos Neto.

Ele admitiu que o movimento de subida da inflação de curto prazo teve “algum alastramento”. 

“Por isso entendemos que era necessário um movimento de ajuste para que essa inflação não contamine o ambiente inflacionário e desancore as expectativas. Nossa missão número 1 é manter os preços sob controle, atingindo a meta de inflação que nos é delegada”, enfatizou.

Crise hídrica impactou expectativas do mercado

Campos Neto alertou também que a crise hídrica já impactou expectativas de inflação do mercado. 

“Quando temos bandeira vermelha 2 na conta de luz e em reprecificar as bandeiras, esse ajuste já foi feito. Para inflação, importa muito efeito em dezembro, que geralmente é um mês que chove muito e acaba baixando da bandeira”, afirmou.

Ele destacou ainda que o cenário do BC já embute a maior parte da crise hídrica. “Pode piorar, porque estamos sujeitos a fatores climáticos. Mas olhando hoje, entendo que isso já está bastante precificado”, completou.

Encontro Folha Business está em sua 4ª edição

O Encontro Folha Business é um evento que reúne lideranças econômicas, políticas e empresariais do Espírito Santo e está em sua 4ª edição.

Realizado por meio de uma parceria da Apex Partners com a Rede Vitória, o encontro terá a presença do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, dos empreendedores e empresários Paolo di Sora, Marcelo Mesquita, Cassio Bruno, Rogério Karp, Rodrigo Cury, Moacy Veiga e Bruno Loiola, e do deputado federal Felipe Rigoni.

De acordo com o empreendedor e investidor Ricardo Frizera, da coluna Mundo Business, o encontro se tornou o maior evento de negócios do Espírito Santo.

“Consolidamos um produto, que envolve um negócio grande e é onde a elite empresarial do estado se reúne para debater o futuro. Sempre trazemos de fora os principais tomadores de decisão sobre economia e política do Brasil. Não são analistas do que acontece. São convidados que fazem a economia e a política acontecerem”, destacou Frizera.