Economia do Espírito Santo e as cidades inteligentes
Em geral, as cidades listadas possuem planos de incorporar inteligência e tecnologia nos sistemas de iluminação pública e monitoramento
* Artigo escrito por Pedro Henrique Correa, MBA em Controladoria e Finanças, consultor e executivo de Controladoria, Planejamento, Finanças, Orçamento, Resultado e Processos e Membro do Comitê Qualificado de Conteúdo de Economia do IBEF-ES.
Vitória projeta o Espírito Santo no cenário nacional entre as 10 cidades mais inteligentes, segundo o ranking Connected Smart Cities, da Urban Systems, reforçando a posição do estado como ambiente competitivo e favorável para negócios.
As informações da pesquisa foram consultadas em órgãos como Anatel, IBGE, Datasus, Inep, Denatran e Caged.
Cidades inteligentes (smart cities) é uma denominação para os perímetros urbanos em que são criadas soluções tecnológicas capazes de gerar desenvolvimento sustentável, tanto social quanto econômico, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida de seus habitantes.
A população da capital do ES tem à disposição serviços online, pelo site da prefeitura e por aplicativos de celular, que permitem realizar desde matrícula escolar a agendamentos diversos nas redes públicas de ensino e saúde.
Dentre os 75 indicadores avaliados pela Urban Systems, Vitória possui bom desempenho relacionado ao meio ambiente, educação, saúde e governança de forma a convergir com a pauta ”Ambiental, Social e Governança” (Environmental, Social and Governance).
Os municípios de Vila Velha, Cachoeiro de Itapemirim, Linhares e Serra também são destaque no contexto Brasil.
Em geral, as cidades listadas possuem planos de incorporar inteligência e tecnologia nos sistemas de iluminação pública e monitoramento, melhorando questões relacionadas à segurança, consumo de energia e melhoria do trânsito.
Entendendo que dialogar com a população é importante, as prefeituras estão desenvolvendo aplicativos que conectam a sociedade à gestão do município trazendo qualidade de vida e acesso a serviços como transporte público, atendimento de atenção primária, ouvidoria.
A conectividade das cidades inteligentes é fator crucial para que o futuro se concretize, portanto, há uma relação direta entre o desenvolvimento de tecnologias como o 5G com as cidades mais avançadas no tema ao redor do mundo.
Atualmente em Vitória, Vila Velha e Serra existem áreas cobertas pelo 5G, e no site da prefeitura da capital também está disponível a localização de mais de 300 pontos de acesso à internet sem fio de forma gratuita para os cidadãos.
Tecnologias e investimentos
Com o desenvolvimento do ambiente tecnológico capixaba, tem se tornado cada vez mais ampla a realidade da “Internet das coisas” (Internet of things), através da qual é possível criar recursos tanto para apoiar a gestão da cidade quanto a vida das pessoas.
Segundo a consultoria McKinsey, exemplos de aplicações práticas para a sociedade são o controle de tráfego de veículos e semáforos para melhoria do fluxo, incluindo rodovias, e sistemas de monitoramento do espaço público em função da segurança.
Ainda, outras aplicações possíveis estão relacionadas ao gerenciamento de energia e ao controle de resíduos, que são desafios atuais dos centros urbanos.
Como apoio à administração pública capixaba, o Bandes (Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo), buscando prover soluções financeiras para o Estado e municípios, lançou, em 2021, o “Programa ES Inteligente”, meio pelo qual a administração pública ganha um parceiro para a estruturação e o desenvolvimento de estudos de viabilidade técnica, modelagem licitatória e de assessoria integral para projetos de concessões públicas e parcerias público-privadas (PPP) relacionados também à implantação de cidades inteligentes.
Em publicação no site do Bandes, o diretor de Novos Negócios, Marcos Kneip Navarro, salienta que esse tipo de serviço traz o futuro ao ES. “Além do apoio que o governo do Estado presta, por meio dos seus projetos, e das tradicionais linhas de crédito que o Bandes já ofertava aos municípios, temos ainda mais esta opção, que engloba a geração de valor nos projetos desenvolvidos pelas prefeituras e que resulta, inevitavelmente, em bons resultados para a qualidade de vida nas regiões do nosso Estado”.
No contexto nacional, a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) lançaram, em 2020, o primeiro edital visando ao fomento e à seleção de projetos de inovação nas temáticas cidades inteligentes, agro 4.0, indústria 4.0 e saúde 4.0 por meio da concessão de recursos de subvenção econômica para o desenvolvimento de produtos, processos e/ou serviços inovadores no escopo das respectivas linhas temáticas e tecnologias habilitadoras.
Para compreendermos que o Espírito Santo está de acordo com a tendência global, ao todo no mundo foi estimado para o ano de 2025 um potencial econômico de US$ 11,1 trilhões com grande impacto das economias mais avançadas.
Nos EUA, a “Internet das Coisas” é forte aliada e foco de investimentos massivos, por exemplo, em grandes centros urbanos onde a gestão dos recursos naturais é importante para criar uma “lente de sustentabilidade”.
Na Europa, Londres é a cidade mais inteligente devido a sua sólida infraestrutura verde e de tecnologia, possuindo um grande número de empresas voltadas para a “Internet of Things”.
Na Ásia, a visão de que cidades inteligentes e sustentáveis são necessárias está alinhada com pesquisa realizada pelo Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais da ONU, na qual se espera que 68% da população mundial viva nas cidades até 2050.
De volta ao governo do estado, a Secretaria de Economia e Planejamento do ES possui um plano de desenvolvimento de longo prazo com horizonte no ano de 2030.
Temos, então, perspectivas positivas que necessitam do envolvimento de vários setores da sociedade, da aplicação de tecnologias e o desenvolvimento do mercado de trabalho.
Os setores que projetam destaque são: #1 Infraestrutura, logística e comunicação; #2 Ciência, tecnologia e inovação e #3 Petróleo, gás e energia. Como combustível para o desenvolvimento desses setores serão necessários investimentos em:
Formação de mestres, doutores e profissionais do mercado de trabalho;
Realizar estudos e pesquisas, tanto nas empresas como em instituições de ensino;
Integrar o Espírito Santo ao Brasil e ao mundo, tornando o estado competitivo nos mercados já conquistados e em novos mercados.
ES: ambiente favorável para os neg´ócios
Alinhado com o desenvolvimento do ambiente tecnológico, o Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Espírito Santo (IBEF-ES) é uma entidade que reúne os principais empresários e executivos de finanças do estado, movimentando e fortalecendo o ecossistema econômico e de gestão empresarial por meio do debate e da geração de conteúdo relevante.
Pedro Chieppe, presidente do IBEF-ES, reforça: “trabalharemos para melhorar ainda mais o ambiente de negócios, sendo porta voz nas temáticas financeiras que envolvem as iniciativas públicas e privadas”.
O Estado oferece benefícios fiscais como o COMPETE e o INVEST de forma a reduzir a carga tributária das empresas instaladas na região.
Ainda, a posição estratégica no mapa do Brasil associada a uma boa estrutura logística de portos, rodovias e armazéns também são grandes diferenciais competitivos para o ES.
Nesse contexto, a atividade econômica para empresas em geral, mas também de base tecnológica, é fomentada e surgem novas oportunidades no mercado de trabalho.
Como consequência, o Espírito Santo segue não só atraindo investimentos externos, como também controlando a taxa de evasão de empresas locais.
Os desafios são muitos, mas o conjunto de aspectos favoráveis para a economia do ES traz cada vez mais destaque frente ao cenário nacional, com consequente crescimento ao investir no desenvolvimento de cidades inteligentes e sustentáveis.
É fundamental para o rumo do Espírito Santo alimentar a seguinte visão: construir cada vez mais um lugar onde ideias originais e inovadoras têm condições de criar raízes e gerar bons impactos sociais e econômicos.
Resolver os desafios públicos atuais com técnicas tradicionais se torna cada vez mais difícil, mas as cidades inteligentes propõem planos e soluções para enfrenta-los.
Ao capixaba, cabe exercer seu papel de acompanhar políticas públicas e o mercado de trabalho, assim como assumir o protagonismo econômico e consolidar seu potencial tecnológico.