Arquitetura biofílica: veja como o verde se torna o novo luxo
Saiba como a arquitetura biofílica está transformando a forma como vivemos, trazendo a natureza para dentro de casa e promovendo uma vida mais saudável e sustentável
Já imaginou se a sua casa, de alguma forma, pudesse cuidar de você tanto quanto você cuida dela? Em um mundo cada vez mais urbanizado, a busca por uma conexão com a natureza se torna uma necessidade.
Mas como fazer da natureza uma extensão do lar, criando um espaço que não apenas abriga, mas também cuida?
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Um recente estudo de tendências de moradia realizado pelo Fipe Zap+ revela que a proximidade de parques e áreas verdes se consolidou como a quarta característica mais valorizada por potenciais compradores de imóveis, representando 44% das preferências.
O representante do Sindicato dos Corretores de Imóveis do Estado do Espírito Santo (Sindimóveis), Ubiratan Pinheiro Miranda, explica que, desde o pós-pandemia, há uma crescente demanda por parte de casais que buscam imóveis com terraços e espaços abertos, por exemplo.
Segundo ele, após um período prolongado em ambientes fechados, as pessoas estão agora em busca de locais com ventilação natural, vistas para o mar e para a mata.
“Depois de um tempo dentro de paredes fechadas, cimento, tinta e um espaço um pouco pesado, eles começam a procurar imóveis com terraços e espaços abertos com ventilação, vista para o mar, vista para a mata. Eles conseguem colocar nesses espaços um ambiente saudável, como plantas, colocando suas verduras, aqueles que gostam de comer o natural. São espaços maravilhosos e muito interessantes de se produzir", disse ele.
A tendência de jardins suspensos, por exemplo, muito comum em São Paulo, está começando a ganhar força também em Vitória. Além de melhorar a qualidade do ar, a arquitetura paisagística também aprimora o visual dos ambientes.
Ubiratan destaca ainda que as famílias estão priorizando a qualidade de vida e a integração da natureza em seus lares, e os corretores de imóveis estão sendo cada vez mais procurados para atender essa nova demanda.
"Aquela tendência de São Paulo, que começou a abrir jardins suspensos, começa a chegar em Vitória. As famílias vêm buscando a qualidade de vida e trazer a natureza para dentro de casa é uma nova tendência que nós temos visto dentro das imobiliárias. Os corretores estão sendo procurados por essas famílias para que possam atender essa nova necessidade", destaca.
Arquitetura biofílica: como redefinir espaços?
Esse conceito de trazer a natureza para mais perto dos ambientes construídos tem um nome: biofilia. Para além da estética, o arquiteto Greg Repsold explica como ele resgata a presença dos elementos naturais nos projetos.
"O conceito de arquitetura biofílica é um resgate à presença dos elementos vivos e naturais nos nossos projetos, isso para resgatar a conexão do ser humano com a natureza, afinal de contas, nós fomos criados pra natureza. As casas e as cidades em que nós vivemos são construções artificiais que fizemos para nos proteger das intempéries e dos perigos da natureza. No entanto, não podemos nos desconectar dela", explica.
Ele ressalta que estudos mostram impactos negativos na saúde física e mental de quem vive afastado da natureza, por isso é importante considerar a arquitetura biofílica nos projetos, que criando espaços mais agradáveis e promovendo benefícios para a saúde física e mental.
"Há estudos que comprovam consequências negativas para nossa saúde física e mental quando ficamos muito afastados da natureza. Por isso, esses projetos que resgatam a arquitetura biofílica, trazem esses elementos como parte integrante, e não apenas como adornos, como acontecia antigamente", afirma o arquiteto.
Vista, verde e vida: projetos que unem beleza e natureza
Na busca por um novo imóvel, a família da empresária Carol Lobato encontrou um empreendimento que oferecesse, antes de tudo, um ambiente seguro e repleto de opções de lazer e entretenimento para a filha Letícia, de 9 anos.
"Nosso pensamento era que ela tivesse um ambiente seguro, com lazer, entretenimento e a possibilidade de criar laços com amigos e primos. Quando vimos esses 5 mil metros quadrados de lazer, com tantas opções e diversidade, foi o que, primeiramente, nos encantou. Foi uma coisa aliada à nossa necessidade inicial, que era nos manter nessa localização. A história da Letícia ter um espaço para o entretenimento, para a diversão, foi cereja do bolo", disse ela.
A decisão de investir no imóvel não foi apenas uma questão de funcionalidade, mas também de estética e qualidade de vida. A localização do projeto, de frente para Baía de Vitória, e a integração da biofilia no design do edifício também foram fatores decisivos.
"Eu já moro com uma vista bonita, então quando a gente viu essa localização e o projeto com toda a integração viva que a biofilia traz, realmente foi amor à primeira vista. Eu sou daquelas que tem plantinha em casa na varanda, mais de 15 vasinhos... Então assim, chegar aqui com um jardim, com lago de carpas... A minha filha ficou encantada. É a realização de um sonho, para ser o nosso lar e definitivo", concluiu a empresária.
O futuro lar da família da Carol é o Una Residence, um empreendimento que está em construção em Ilha de Monte Belo, em Vitória, e será a maior torre da cidade, com 37 andares.
Além das opções de lazer, arquitetura exclusiva e luxuosa, o paisagismo focado na biofilia e a proximidade com elementos da natureza também é importante para o desenvolvimento da filha.
Efeito rejuvenescedor e benefícios para a saúde mental
Um estudo da Universidade de Northwestern, publicado na revista Science, revelou dados significativos sobre o impacto de viver próximo a espaços verdes no processo de envelhecimento das pessoas.
A pesquisa destaca que mais da metade da população mundial vive atualmente em áreas urbanas, e projeta-se que cerca de 68% viverão em áreas urbanas até 2050.
"O espaço verde urbano, incluindo parques, telhados verdes e jardins comunitários, fornece serviços ecossistêmicos essenciais, e seus benefícios potenciais para o envelhecimento saudável (incluindo melhor saúde cardiovascular e menor mortalidade)", diz o estudo.
Além disso, uma pesquisa publicada no início de fevereiro no International Journal of Environmental Research and Public Health demonstrou que uma maior exposição a áreas verdes urbanas está associada a uma menor demanda por serviços de saúde mental.
O resultado é importante, considerando que, atualmente, uma em cada oito pessoas vive com alguma doença ou transtorno mental no mundo, segundo o Relatório sobre Saúde Mental no Mundo, publicado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Ansiedade e depressão são as condições mais prevalentes, representando 60% dos casos. Os jovens são particularmente propensos à ansiedade, enquanto os mais velhos frequentemente enfrentam a depressão.