Economia

Paul Clements afirma que ES pode virar uma capital ESG no mundo

Cocriador da sigla ESG, o executivo falou sobre os desafios do desenvolvimento sustentável durante o Conef em Vitória, apresentando casos de sucesso

Redação Folha Vitória

Redação Folha Vitória
Foto: Rodrigo Gavini/Ibef
Paul Clements elogiou as iniciativas desenvolvidas no Espírito Santo

De passagem pelo Brasil para participar do Congresso Nacional de Executivos de Finanças (Conef), o CEO Blended Capital e cocriador da siga ESG, Paul Clements, elogiou as boas práticas que estão sendo realizadas no Espírito Santo pelas empresas, instituições e governo. 

“Trabalho com isso há 30 anos e nunca vi lugar com tanto potencial e disposição política para tornar o Espírito Santo numa capital ESG no mundo”, afirmou Clements, que falou ainda que, em conversa com autoridades locais, pôde perceber esses esforços e a relevância de se trazer investidores internacionais para investirem em ESG no Estado.

O conceito de ESG avalia a sustentabilidade e o impacto social das empresas em três pilares:

Ambiental: gestão de recursos naturais, eficiência energética e conservação ambiental.
Social: condições de trabalho, diversidade e relacionamento com a comunidade.
Governança: ética empresarial, transparência e práticas de liderança.

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“Vermos o Espirito Santo como um exemplo de estado sustentável no mundo. É fantástico! Dados qualificados são o novo ouro e o que os atores do Espírito Santo estão fazendo é incrível, através de das iniciativas públicas e privadas. O Espírito Santo é a perola do Atlântico”, disse Clements, em palestra na última sexta (23), no Espaço Patrick Ribeiro.

Clements falou sobre os desafios do desenvolvimento sustentável, apresentando casos de sucesso como os de Bancoc e outras cidades. E frisou que para alcançar o objetivo é fundamental robustez de investimentos.

O especialista frisou que os mercados de capitais estão mudando. “Há pouco tempo, os mercados não olhavam para as ações ESG, agora os investidores observam isso e muitos se tornaram mercados de capital sustentáveis”, disse.

Ele relatou que há 30 anos, os investidores não entendiam sobre o desenvolvimento sustentável, viam apenas o lucro. Daí a criação do conceito ESG, que veio ensinar formas de lucrar, sim, mas com desenvolvimento sustentável.

“Se olhar para os últimos 40 anos, as naturezas dos riscos para os negócios mudaram, e estão se tornando mais complexos. E as empresas têm que se ajustar para conseguirem ver as novas oportunidades. E apoiando o ESG, conseguimos realizar mudanças sistêmicas, operacionais e mitigar os riscos, tornando as empresas mais éticas e rentáveis”, afirmou.
Foto: Rodrigo Gavini/Ibef

Após sua palestra, Paul Clements se juntou a Cesar dos Reis, gerente executivo de Finanças da Petrobras; Marcelo Zenkner, managing director FIT Consulting; e Rodrigo Regis Galvâo, diretor de energia e inovação Alvarez & Marsal; para um painel sobre “A agenda ESG e os desafios corporativos”, que foi mediado pelo diretor de Sustentabilidade e Relações Institucionais da ArcelorMittal, João Bosco. 

Na oportunidade, Clementes defendeu: "Não podemos mais ter um capitalismo extrativista, temos que ser regenerativos".

Foto: Rodrigo Gavini/Ibef

O presidente do IBEF-ES, Pedro Chieppe, abriu o Conef lembrando que o papel do instituto é promover sempre o debate para o desenvolvimento econômico e social dos estados e do país, gerando conteúdo relevante e relacionamento qualificado para o ecossistema de economia, finanças e gestão empresarial. 

Foto: Crédito: Rodrigo Gavini/Ibef
Pedro Chieppe é presidente do Ibef-ES
"É isso que estamos fazendo ao realizar de forma histórica o Conef no Espírito Santo. É através deste debate qualificado que damos a nossa contribuição para a construção de um ambiente de negócios saudável e ajudamos de forma efetiva na construção do desenvolvimento social e econômico do nosso Estado. Aliás, ressalto aqui que esse deve ser o papel responsável das instituições: juntar forças, promover e ampliar o bom debate e também se posicionar, quando necessário, para ajudar o poder público a dar passos à frente, contribuindo na construção de um ambiente social e econômico promissor", avalia Chieppe.

Renato Casagrande, governador do Espírito Santo, destacou a responsabilidade com o dinheiro público durante sua fala no congresso:

Foto: Rodrigo Gavini/Ibef
Renato Casagrande falou sobre gestão fiscal
"Gestão fiscal é uma forma de administrar de maneira eficiente os recursos financeiros de uma entidade, seja ela pública ou privada, garantindo o cumprimento das obrigações tributárias, o equilíbrio orçamentário e a otimização das receitas e despesas. Uma boa gestão fiscal é essencial para assegurar a sustentabilidade financeira, promover o desenvolvimento econômico e social, e evitar problemas como endividamento excessivo".

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Jucá defende continuidade nas reformas

O ex-senador Romero Jucá também participou do Conef e enfatizou que as reformas são necessárias para o Brasil e lembrou que os desafios do país serão resolvidos, quer queiram ou não, através da política. 

Foto: Rodrigo Gavini/Ibef
Romero Jucá destacou a necessidade de continuidade das reformas
“A política é um mundo e o mundo muda todo dia. A política é fundamental e é o que define a sua vida. É importante a sociedade se mobilizar para cobrar a boa política”, frisou Jucá, que lembrou ainda que no Brasil está havendo uma discussão da agenda política atual, com a reforma tributária, que deveria ser neutra, mas está prevendo um aumento da carga tributária, e isso precisa ser avaliado e amplamente discutido.

Ao ser questionado sobre os gastos públicos, Jucá foi enfático dizendo que o equilíbrio fiscal é uma questão fundamental: “Deveria ser uma cláusula pétrea da Constituição”.

Guanaes diz que indústria precisa se aproximar da sociedade

Também palestrante do Conef, o empresário e publicitário baiano Nizan Guanaes disse que a indústria precisa influenciar positivamente a sociedade sobre seu papel relevante na economia brasileira, por meio de uma abordagem multifacetada que combine educação, comunicação estratégica e engajamento comunitário.

Foto: Rodrigo Gavini/Ibef
Nizan Guanaes defendeu uma maior proximidade da indústria com a sociedade

De forma leve, ele afirmou que a indústria precisa se aproximar da sociedade. 

"Houve uma transformação da sociedade na maneira de pensar. A indústria foi ficando antiga, e só fica assim é quem dorme. A indústria colocou na cabeça de que não vendia, mas ela vende e, por isso, precisa lançar mão do marketing. Precisa se aproximar das pessoas". 

Segundo o publicitário, a imagem da indústria está aquém e precisa contar a sua história. 

"É preciso ter narrativa, se comunicar bem. Marca é preço! Comunicar bem traz valor. Existem negócios que precisam ser exibidos, tem outros que precisam ser discretos. Tem uns que é necessário ser frugal. Então, basta entender o negócio, a indústria e mostrar o segmento de uma forma positiva e junto á população".

Painel destacou o Brasil que dá certo

No painel o “Brasil que dá certo e suas boas práticas”, mediado pela diretora executiva do IBEF-ES, Ana Paula França, trouxe Dayse Guelman, vice-presidente de finanças e suprimentos da Latam e AngloGold Ashanti Brasil; Cristina Morgan Cavalcanti, CFO da Anglo American e Isabele Duran Cordeiro, diretora executiva do Comitê Olimpico Brasileiro.

A diretora executiva do IBEF-ES, Ana Paula França, trouxe a discussão sobre o uso responsável da inteligência artificial, boas práticas e o papel do financista nas instituições. Foram apresentadas algumas ações de inovação implantadas nas empresas, adoção de boas práticas e de compliance.

Dayse Guelman, vice-presidente de finanças e suprimentos da Latam e AngloGold Ashanti Brasil, falou sobre algumas mudanças na cultura organizacional da empresa, que gerou economia e melhoria na qualidade de vida dos funcionários. Isso impacta da produção, economia e resultados positivos.

Isabele Duran Cordeiro, diretora executiva do Comitê Olimpico Brasileiro, abordou as mudanças culturais de bem-estar junto ao colaborador agrega valores e gera mais satisfação e com isso uma produtividade mais saudável. 

“As pessoas estão cada vez mais animadas e querendo entrar no mercado do esporte devido a essa mudança de postura do COB”, lembrou Isabele.

Cristina Morgan Cavalcanti, CFO da Anglo American destacou o papel da tecnologia no mundo moderno. 

“A tecnologia desempenha papel fundamental no mundo e nós utilizamos em nossas operações, nas finanças não é diferente. A tecnologia vem para trazer ganho de produtividade, confiabilidade nos números, ajuste de rotas quando necessário. Quanto mais digital, mais rápido teremos acesso e podemos adotar ajustes de postura de forma mais rápida”.

Já Dayse Guelman, vice-presidente de finanças e suprimentos da Latam e AngloGold Ashanti Brasil; falou sobre o perfil do financista atual. “O profissional da área financeira precisa ter integração e proximidade com a operação. A diversidade de ações traz melhores resultados”, afirmou Dayse, que frisou ainda que as habilidades interpessoais são fundamentais.

O Conef abordou temas voltados para a economia mundial e relevantes para as organizações, como continuação do ajuste fiscal; agenda de reformas; conexão entre os estados fora do eixo Rio-São Paulo; boas práticas e estratégias financeiras; cases empresariais de sucesso; crise climática e impactos nos negócios.

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