Saiba como o Jockey de Itaparica se tornou polo imobiliário valorizado
O bairro de Vila Velha tem se destacado como um novo polo de valorização imobiliária, com grandes empreendimentos atraindo investidores de todo o país e do exterior
Há quase 30 anos, a comerciante Gecilda Santos Barroso escolheu o bairro Jockey de Itaparica, em Vila Velha, para morar. Ela e o marido, Gilberto Franco, se mudaram para lá em 1996, tornando-se um dos primeiros moradores da região.
Sabe aquela famosa expressão “quando cheguei, tudo ainda era mato”? Foi exatamente essa a realidade deles. A decisão de se mudarem veio do pai de Gilberto, que tinha uma visão de que a região se valorizaria no futuro e incentivou o filho a comprar um terreno no local.
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Naquela época, o que hoje é um bairro com grande potencial de desenvolvimento e se destaca como uma nova fronteira de valorização imobiliária, era apenas um loteamento sem valor, com muita lama e sem infraestrutura.
“Aqui tinha muito mato, muita lama... Quando viemos para cá, ainda eram aquelas ruazinhas com muito areal. A única coisa que tinha na nossa rua, que é a rua São Paulo, era a casa de um conhecido nosso, o Roberto, mas eles construíram e não moravam lá. A outra casa era na rua Porto Seguro, que tinha um morador, o Vander. Ele também se mudou porque era muito deserto aqui e assaltaram a casa dele”, lembra ela.
Fotos antigas tiradas pelo casal no final da década de 90 e início dos anos 2000 mostram as ruas sem pavimentação e um bairro praticamente isolado, com apenas algumas construções e poucos moradores.
Confira algumas fotos:
"Tinha também a armação de um galpão na entrada do bairro. Só isso, e a minha casa. Fomos um dos primeiros aqui dentro do Jockey. Antigamente, quando a gente veio para cá, isso aqui não era bairro, era um loteamento. E como loteamento, ele não tinha benfeitorias, né? Tinha pouca infraestrutura", conta a comerciante.
Inicialmente, segundo ela, a prefeitura não podia oferecer infraestrutura porque o loteamento era considerado particular. Para resolver a situação, os poucos moradores se mobilizaram, conseguiram apoio e trabalharam para transformar a área em um bairro oficial, o que aconteceu em 1998.
"Fomos nos unindo aos moradores novos e buscávamos melhorias de infraestrutura, mas a prefeitura falava que não podia fazer porque o loteamento era particular. Então fizemos amizades na Câmara de Vereadores, o que nos ajudou entrando com o projeto de lei para transformar isso aqui em bairro", lembra Gecilda.
O cenário encontrado pelo casal há quase três décadas é bem diferente de hoje. O bairro, que até pouco tempo era visto como um local com crescimento modesto, agora é palco de grandes empreendimentos que estão transformando a paisagem e impulsionando a economia da cidade.
Crescimento populacional e a busca por novos horizontes
Entre 2010 e 2022, o Espírito Santo registrou um crescimento populacional de 9%, sendo a maior taxa entre os estados do Sudeste, segundo dados do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN).
"O Espírito Santo apresentou um crescimento populacional acima da média nacional. E além disso, a gente observa que o Estado está vivendo um momento que tem equilíbrio nas contas públicas, combinado com políticas públicas, sociais e que impulsionam o desenvolvimento econômico do Estado", explica Pablo Lira, diretor geral do IJSN.
Na última década, segundo ele, foram criadas novas oportunidades de emprego nos setores de comércio, indústria e agronegócio em vários municípios e na Grande Vitória. Essa expansão atraiu moradores de outros estados e municípios em busca de melhores oportunidades de trabalho.
"Foi muito perceptível o Espírito Santo gerando novas oportunidades de emprego com grandes equipamentos do comércio, da indústria e do agronegócio em vários municípios e também na Grande Vitória, o que gera oportunidade de emprego e renda e atrai moradores de outros estados e municípios em busca de melhor posicionamento do mercado de trabalho", explica Pablo.
Seja ocasionado por capixabas ou migrantes, esse aumento populacional que fez a população do Estado superar os 3,8 milhões de habitantes tem gerado uma pressão sobre os bairros mais procurados da Grande Vitória, especialmente nas áreas centrais e litorâneas.
Com isso, os locais tradicionalmente mais procurados, como Jardim Camburi e Praia da Costa, por exemplo, começam a ficar saturados, o que tem levado construtoras e investidores a buscar novos bairros com grande potencial. O Jockey, por exemplo, é visto como uma alternativa promissora.
Obras em andamento e empreendimentos promissores
Basta andar pelas ruas do bairro para encontrar imóveis em construção, alguns em fase final e outros já com obras em estágio avançado. Um deles é o TAJ, o primeiro home resort do Espírito Santo.
O empreendimento, considerado a maior obra imobiliária do Estado, está sendo construído na região e já atraiu a atenção de compradores de outros estados e até mesmo de fora do país.
O corretor de imóveis Fabio Borges destaca que o TAJ fez a região se tornar muito falada e atraiu atenção, resultando em um aumento dos preços das propriedades. Ele explica que desde o início da construção do empreendimento, houve um aumento no valor dos terrenos.
"Quando o TAJ começou a ser construído aqui, tudo à sua volta sofreu, ou melhor dizendo, acrescentou valor a essa região. Isso fez com que a região tivesse um crescimento, por exemplo, de 29% no valor dos terrenos no ano passado, tudo isso influenciado pelo TAJ, então foi muito importante para o crescimento da região, que ficou muito falada e valorizada", explicou o corretor.
Como exemplo, Fabio menciona que uma unidade no home resort, inicialmente vendida por R$ 1,6 milhão, agora custa R$ 2,7 milhões, ou seja, mais que o dobro do valor, destacando o potencial de valorização futura, após a conclusão do TAJ.
"Hoje, é a região que hoje mais cresce em Vila Velha. Hoje já cresceu, mas quem decidir comprar daqui a três, quatro anos, já vai ser um outro valor. Uma unidade aqui, por exemplo, nós começamos a vender a R$ 1,6 milhão e hoje ela custa R$ 2,7 milhões. Então, já houve essa valorização nesse período de obra. Imagina quando isso aqui estiver pronto?! A valorização vai ser bem maior", afirma Fábio.
Vila Velha alcança 2ª maior valorização imobiliária do país
Nos últimos meses, Vila Velha alcançou a maior valorização imobiliária no Espírito Santo e a segunda maior do Brasil, superando capitais como Curitiba (PR), Maceió (AL) e Goiânia (GO), de acordo com o índice FipeZap de abril.
O índice, que é o primeiro com abrangência nacional a monitorar a valorização de imóveis residenciais e comerciais no país, revela que, no primeiro quadrimestre de 2024, o preço médio por metro quadrado em Vila Velha alcançou o segundo lugar no Espírito Santo e o quarto lugar em todo o Brasil.
Além disso, de acordo com a 42ª edição do Censo Imobiliário do Sindicato da Indústria da Construção (Sinduscon-ES), 14.795 empreendimentos estão em construção na Grande Vitória, sendo 14.503 residenciais e 292 comerciais.
Vila Velha concentra 7.683 unidades em construção, o que corresponde a 51,9% do total. Em seguida está o município da Serra, com 24,2%, Vitória com 19,4% e Cariacica com 4,4%.