Siderúrgica implanta sistema de dessalinização da água do mar para reduzir consumo de água doce no ES
O sistema, considerado de ponta, é resultado de investimentos da ArcelorMittal Tubarão, na ordem de R$ 50 milhões, e substitui parte do volume de água doce consumido pela empresa pela água do mar dessalinizada
Garantir maior segurança hídrica e reduzir o consumo de água doce. Com base nesses dois pilares, a siderúrgica ArcelorMittal Tubarão, na Serra, colocou em funcionamento um novo sistema. Ele substitui parte do volume da água doce consumido pela empresa, proveniente do rio Santa Maria da Vitória, pela água do mar dessalinizada.
Segundo o CEO da empresa no Brasil, Benjamin Baptista Filho, isso vai permitir uma maior disponibilidade do recurso para a sociedade.
A planta, ainda de acordo com Benjamim, é pioneira não só no Espírito Santo, mas também no grupo mundial. A capacidade inicial para dessalinizar é de 500 m³/hora de água ou 140 litros por segundo.
O montante é suficiente para abastecer aproximadamente 80 mil pessoas diariamente. O novo sistema é resultado de investimentos de R$ 50 milhões.
A preocupação sobre a economia de água não é nova, mas nunca se mostrou tão importante. Atualmente, o Brasil passa pela pior crise hídrica dos últimos 91 anos, com falta água nos reservatórios.
Como consequência disso, a bandeira “escassez hídrica” deixou a energia 6,78% mais cara. A taxa extra terá de ser paga até, pelo menos, abril do ano que vem.
Filho ressalta que a produção da planta está alinhada à estratégia da empresa frente a futuros cenários de escassez hídrica.
Segundo ele, a tecnologia implantada é considerada de ponta, e bastante comum em países como Israel, Espanha e Estados Unidos, por exemplo.
“Nossas equipes fizeram estudos durante cerca de dois anos, incluindo avaliação de várias alternativas tecnológicas para dessalinização, análises de qualidade da água do mar, discussões técnicas com fornecedores de todo o mundo, testes em laboratório e até visitas técnicas em plantas na Argentina e nos Estados Unidos. Tudo para definir pelo projeto mais ajustado à nossa realidade e expectativas”.
A planta foi construída em uma área de 6 mil m². O consumo dela deverá girar em torno de 3MW de energia elétrica. Isso representa menos de 1% do total de energia gerada pela própria ArcelorMittal Tubarão, que é autossuficiente.
Captação é feita da água de Praia Mole
A captação é feita a um quilômetro de distância, na região da Praia Mole. A água é bombeada e, na estação de tratamento passa por retirada de resíduos e areia. Em seguida, o sal é separado por meio de um processo chamado de osmose reversa. Nele, uma membrana fina retém o sal, deixando somente a água avançar.
Uma parte resulta em salmoura que é devolvida ao oceano. De acordo com o CEO da ArcelorMittal, o processo não vai gerar impactos ambientais significativos. Ele garantiu que todo o processo de implantação foi acompanhado por órgãos de controle ambiental como o Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema).
4% da água utilizada pela empresa são provenientes do rio Santa Maria da Vitória
Cerca de 96% da água utilizada pela empresa atualmente vem do mar e é aplicada para a refrigeração dos equipamentos no processo de produção de aço. Os outros 4% vem do rio Santa Maria da Vitória. Com o funcionamento da planta de dessalinização, a empresa deixa de consumir 30% da água do rio.
O CEO da siderúrgica diz que a empresa executa projetos para reduzir esse consumo, cada vez mais. Atualmente, o índice de recirculação de água doce da empresa é de mais de 97%.
Conheça a planta de dessalinização: